O sinal de Babinski – ou reflexo cutâneo-plantar extensor – é um importante elemento semiológico que indica lesão neurológica importante. Foi descrito inicialmente pelo neurologista polonês Joseph Babinski (1857-1932) e se tornou um dos maiores marcos da semiologia neurológica. Em linhas gerais, esse sinal pode ser definido da seguinte forma:
“Flexão dorsal do hálux ao estímulo ascendente
na parte lateral para medial da região plantar.”
Na prática, você deve utilizar um objeto
levemente pontiagudo, por exemplo, uma caneta, e direcioná-lo no sentido
latero-medial, como que em direção ao dedão do pé. Em indivíduos normais,
ocorre flexão plantar, isto é, o hálux é “fletido para frente”, enquanto em
indivíduos com lesão do trato corticoespinhal, ocorre a flexão dorsal – extensão
do hálux.
Vale ressaltar que esse sinal pode estar
presente em crianças com até 2 anos de idade e não denota lesão subjacente, uma
vez que nestes a mielinização da via piramidal ainda não está completa.
No momento de sua descoberta, esse sinal foi considerado um divisor de águas, uma vez que permitiu diferenciar, ainda que a priori, casos de “histeria” e de doenças “orgânicas” propriamente ditas, estando ausente naquelas e presente nestas.
O reflexo cutâneo-plantar extensor denota lesão na via piramidal, a qual é formada pelos tratos corticoespinhais anterior e lateral. Essa via possui fibras que descendem do giro pré-central – localizado no lobo frontal –, passam pela coroa radiada, agrupam-se na cápsula interna e dividem-se em um feixe que cruza para o lado contralateral, na altura das pirâmides bulbares (trato corticoespinhal lateral), e outro que continua homolateralmente sem cruzamentos (trato corticoespinhal anterior).
O
sinal de Babinski é característico do quadro de síndrome piramidal. Esse padrão
de acometimento é caracterizado por lesão em quaisquer locais da via piramidal,
e possui sinais e sintomas típicos de “liberação” motora, uma vez que impede a
conexão do 1º neurônio motor, responsável por “segurar” a resposta aos
estímulos. Dentre outros sinais, temos:
- Hiperreflexia;
- Hipertonia;
- Sinal
do Canivete; - Diminuição
da motricidade; - Perda
dos reflexos superficiais (ex.: cutâneo-abdominal).
Quanto às etiologias que podem levar a um quadro de síndrome piramidal, temos:
- Neoplasias
do SNC; - AVC;
- Doenças
desmielinizantes (ex.: esclerose múltipla); - Traumatismo;
- Doenças
heredodegenerativas; - Deficiências
nutricionais (ex.: deficiência de vitamina B12).
Convém lembrar, portanto, que a presença desse reflexo patológico deve servir de alerta ao profissional da saúde para uma lesão neurológica importante, sendo necessária uma análise clínica direcionada para a abordagem topográfica, nosológica e etiológica no paciente com sinal de Babinski.
Autor: David Augusto Batista
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