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Triângulo de Hasselbach: definição, composição e importância no reparo de hérnias inguinais. | Colunistas

Triângulo de Hasselbach: definição, composição e importância no reparo de hérnias inguinais. | Colunistas

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Imagem de perfil de Comunidade Sanar

O que é o triângulo de Hasselbach?

O triângulo de Hasselbach, ou trígono inguinal, é uma região na porção inferior da parede abdominal delimitada pelas seguintes estruturas: margem lateral do músculo reto abdominal (medialmente), ligamento inguinal (inferiormente) e vasos epigástricos inferiores (superolateralmente). A imagem abaixo esquematiza a organização dessas estruturas na parede anterolateral do abdome:

Figura 1: Triângulo de Hasselbach 1
Fonte: https://www.sanarmed.com/hernias-da-parede-abdominal-inguinais-femorais-umbilicais-e-incisionais

Qual a importância do triângulo de Hasselbach?

O triângulo de Hasselbach é essencial para a classificação das hérnias inguinais, que consistem na protrusão do conteúdo abdominal pela região inguinal. Essas hérnias podem ser classificadas em indiretas, quando surgem fora do triângulo (lateralmente aos vasos epigástricos inferiores) e em diretas, quando surgem dentro da região demarcada pelo triângulo (medialmente aos vasos epigástricos inferiores).

Visão interna do triângulo de Hasselbach:

As hérnias inguinais são, atualmente, reparadas com assiduidade por via laparoscópica. Nesse sentido, o conhecimento anatômico do triângulo de Hasselbach, do ponto de vista interno, é essencial para esse procedimento.

Como visto anteriormente, os vasos epigástricos são estruturas chave para a delimitação desse dispositivo anatômico. Na visão laparoscópica, esses vasos podem ser confundidos com os ligamentos umbilicais mediais, como mostra a figura abaixo:

Figura 2: visão interna da parede abdominal
Fonte: https://www.britannica.com/science/abdominal-muscle
Figura 3: ligamento umbilical medial
Fonte: Fattini, 3 Ed.

Bônus: os 5 triângulos da região inguinal

O triângulo de Hasselbach serve como ponto de partida para a delimitação de outros 4 triângulos na região inguinal. Essa delimitação atua como guia para o reparo adequado dos variados tipos de hérnias que podem surgir nessa região. Como demonstra a imagem abaixo, inferiormente aos vasos epigástricos inferiores, surgem os vasos deferentes (medialmente) e os vasos espermáticos (lateralmente), formando um Y invertido cortado pelo ligamento inguinal transversalmente.

Superiormente ao ligamento inguinal, temos o triângulo de Hasselbach (medialmente) onde surgem as hérnias inguinais diretas, e o “triângulo lateral”, onde as hérnias indiretas podem surgir pelo alargamento do anel inguinal interno. Inferiormente a esse ligamento, e abaixo do triangulo de Hasselbach, temos o triângulo femoral (onde surgem as hérnias femorais). Entre os vasos deferentes e espermáticos que formam o Y invertido, temos o triângulo do “desastre”, essa região corresponde ao surgimento dos vasos ilíacos externos e deve ser evitada durante a cirurgia. Por fim, entre os vasos espermáticos e o ligamento inguinal, temos o triângulo da dor, que representa o local de passagem dos nervos: cutâneo lateral da coxa, ramo femoral do nervo genitofemoral e do nervo femoral.

Conclusão:

O triângulo de Hasselbach é um importante dispositivo anatômico para a classificação e reparo das hérnias inguinais, e é delimitado pela borda lateral do músculo reto abdominal, pelo ligamento inguinal e pelos vasos epigástricos inferiores.


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-67202019000100400&lng=es&nrm=iso

http://depto.icb.ufmg.br/dmor/anatmed/regiao_inguinal.htm

Moore, Anatomia Orientada para Clínica. 8ª Ed. Guanabara, 2019.

Fattini, Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3ª Ed, Atheneu, 2011.