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Resumo sobre Cetoconazol: ação, farmacocinética, indicações, e mais!

Resumo sobre Cetoconazol: ação, farmacocinética, indicações, e mais!

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O cetoconazol é um antifúngico da classe dos imidazóis. Foi o primeiro azol administrado via oral para o tratamento de infecções fúngicas sistêmicas, com início do uso clínico em 1978. Possui amplo espectro de ação. 

Entretanto, apresenta como importante efeito adverso, apesar de raro, a toxicidade, que pode ser fatal, além de comum recidiva após conclusão do tratamento bem sucedido. Isso tem ocasionado sua substituição pelo Itraconazol no tratamento das micoses, com exceção a casos onde o custo do cetoconazol supera as vantagens da troca. 

Mecanismos de ação

O cetoconazol exerce sua ação fungicida através da alteração da permeabilidade da membrana citoplasmática dos fungos sensíveis. Essa modificação acarreta a perda de cátions, proteínas e outros elementos vitais para esses organismos, culminando no rompimento da membrana e, consequentemente, lise fúngica. 

Farmacocinética e Farmacodinâmica do Cetoconazol

É administrado via oral, e é bem absorvido pelo trato gastrintestinal, variando sua absorção com o estado da acidez gástrica. Não deve ser administrado por via parenteral, pois é pouco solúvel em água. Sua meia vida plasmática é de 8 horas.

Possui ampla distribuição tecidual e pelos líquidos teciduais, mas não atinge concentrações terapêuticas no sistema nervoso central, não sendo indicado para infecções nesse sítio. Possui metabolização hepática, sendo eliminado sob a forma de metabólitos inativos na urina, bile e fezes. Não há necessidade de ajuste de dose em pacientes com insuficiência renal.

Indicações do Cetoconazol

O cetoconazol possui indicação para tratamento de:

  • Candidíase oral, esofagiana, cutânea e vulvovaginal
  • Dermatofitoses
  • Pitiríase versicolor
  • Histoplasmose,
  • Esporotricose 
  • Paracoccidioidomicose
  • Candidíase ocular e osteoarticular, em pacientes viciados em drogas injetáveis
  • Pode ser utilizado para inibir a produção excessiva de glicocorticóides em pacientes com síndrome de Cushing e carcinoma de próstata.

Contraindicações

É contraindicado o uso de cetoconazol em pacientes que apresentem hipersensibilidade a esse composto. Além disso, recomenda-se não utilizar esta droga em gestantes, pois estudos em animais demonstraram ação teratogênica. O uso em lactantes também não é aconselhado, pois ocorre a excreção dessa substância para o leite materno. 

Efeitos adversos

O cetoconazol normalmente é bem tolerado. Seus efeitos adversos mais comuns consistem em alterações gastrintestinais como náuseas, vômitos e desconforto abdominal; tonturas, cefaleia, alopecia, diminuição da libido, erupção maculopapular e diarreia. Também pode ocorrer prurido intenso e generalizado.

Entretanto, o maior risco do uso de cetoconazol é a toxicidade hepática, que, embora rara, pode ser fatal. Essa condição exige que a função hepática seja monitorada antes e após o tratamento com este fármaco. Também pode ocorrer redução da resposta androgênica adrenal e inibição da síntese de testosterona no homem, causando ginecomastia. 

Este efeito inibidor na síntese de esteróides sexuais pode ser proveitoso em pacientes com carcinoma de próstata, hirsutismo e doença de Cushing.

Interações medicamentosas do Cetoconazol

Antiácidos e outras drogas alcalinas e bloqueadores de receptores H2 da histamina (como cimetidina e similares) – diminuem a absorção do cetoconazol, pois aumentam o pH gástrico.

Rifampicina – interage com o cetoconazol, reduzindo sua concentração sérica. Além disso, o uso concomitante aumenta o risco de hepatotoxicidade.

Isoniazida e fenitoína –  reduzem a concentração deste azol. 

Ciclosporina e astemizol – estes fármacos interferem nas enzimas metabolizadoras, resultando no aumento da concentração do cetoconazol ou de ambas as drogas.

Digoxina – o cetoconazol aumenta a concentração plasmática desse digitálico.

Cumarínicos – o cetoconazol aumenta o efeito anticoagulante destes fármacos. 

Ritonavir e Saquinavir – aumenta a concentração plasmática e a meia-vida sérica desses medicamentos.

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Referências:

BRUNTON, L.L. Goodman & Gilman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12ª ed. Rio de Janeiro

RANG, H.P; DALE, M.M. Farmacologia. Editora Elsevier, 8 ed., 2016

TAVARES, Walter. Antibióticos e Quimioterápicos para o clínico. Editora Athene, 3 ed., 2014