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Resumo sobre a febre e uma visão geral | Colunistas

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Introdução

Os seres humanos são classificados como homeotérmicos, ou seja, sua temperatura corporal mantém-se constante apesar das variações de temperatura do meio externo. Para isso, o controle da temperatura é estritamente regulado por mecanismos que você verá ao longo deste texto. Não obstante, alterações na temperatura normal podem indicar processos patológicos e necessitam de investigação.

Fisiopatologia

O hipotálamo é conhecido por ser o centro termorregulador do corpo humano. Ele recebe sinais de receptores periféricos, assim como da temperatura do sangue. É normal que a temperatura corporal varie ao longo do dia, sendo influenciada pelo ciclo circadiano, de modo que no período da manhã, são obtidos os menores valores de temperatura, ao passo que no final da tarde, a mesma atinge seu pico. De modo geral, uma temperatura oral na faixa de 36ºC a 37,7ºC é considerada adequada desde que mantenha variações de até 1ºC ao longo do ritmo circadiano, enquanto valores acima de 38,3ºC já são fortemente indicativos de um estado febril.

É sabido que alguns fatores fisiológicos são capazes de alterar a temperatura corporal. A ovulação, por exemplo, promove um aumento de até 0,6ºC na temperatura matinal até que haja a menstruação, quando os valores retornam à faixa anterior. De outro modo, a senilidade resulta em diminuição da aptidão do organismo em desenvolver febre. Além disso, o local de aferição também influencia no valor obtido no termômetro.

No que diz respeito à origem da febre, podemos citar algumas causas como microrganismos e toxinas produzidas por eles, doenças reumatológicas, hemorragia do sistema nervoso central e neoplasias. O mecanismo inicial resulta na indução da síntese de citocinas pirogênicas (IL-1, IL-6, fator de necrose tumoral e interferon-γ), as quais, por sua vez, estimulam a produção de prostaglandina E2 (PGE2). Esta, quando elevada, ativa o neurotransmissor AMPc, resultando, assim, no aumento da temperatura hipotalâmica central.

Uma curiosidade é que o próprio hipotálamo possui receptores muito semelhantes aos da IL-1, os quais são chamados de Toll like receptors. Com isso, quando esses receptores são, por algum motivo, ativados, ocorre a produção de PGE2 e, consequentemente, febre. De outro modo, os tecidos periféricos possuem receptores para PGE2, o que explica sintomas comumente associados à febre, como mialgia e artralgia.

Termorregulação

Para manter a temperatura corporal dentro da faixa estabelecida pelo hipotálamo, nosso corpo precisa de mecanismos reguladores. Certamente você já passou por situações de frio intenso e percebeu que seu corpo tremeu involuntariamente, seus pelos ficaram arrepiados e as extremidades, como resultado da vasoconstrição, apresentaram-se pálidas. Todas essas são tentativas de produzir e preservar calor e, assim, manter a temperatura corporal normal. De modo contrário, quando a temperatura corporal está elevada, mecanismos de dissipação de calor, como vasodilatação periférica e suor, por exemplo, auxiliam na manutenção da normotermia.

Febre vs hipertermia

Enquanto a febre propriamente dita está intrinsecamente relacionada à temperatura hipotalâmica, na hipertermia o hipotálamo não é afetado. Sendo assim, a fisiopatologia da hipertermia não engloba a ação de citocinas, mas sim uma exacerbação da temperatura corporal, normalmente por um fator externo, acompanhada de inaptidão do organismo de dissipar o calor adequadamente. 

Febre de origem indeterminada

Nem sempre é possível determinar o fator causador da febre. É de fundamental importância que seja colhida uma anamnese detalhada e feito um exame físico minucioso a fim de encontrar pistas que indiquem o foco da febre. Apesar disso, em algumas ocasiões, a etiologia demora a ser identificada. Tendo isso em mente, a febre de origem indeterminada é definida da seguinte forma:

  • Febre ≥ 38,3ºC em ao menos duas ocasiões;
  • Duração ≥ 3 semanas;
  • Ausência de imunocomprometimento conhecido;
  • Diagnóstico incerto mesmo após investigação extensa com exames complementares.

A doença de Still do adulto é a principal causa reumatológica de febre de origem indeterminada, ao passo que linfomas, leucemias e tumores sólidos de fígado são as principais causas malignas. Outras causas associadas a este fenômeno incluem tuberculose e febre medicamentosa.

Tratamento

Para você compreender o mecanismo do tratamento da febre, é imprescindível que a fisiopatologia da mesma esteja bem compreendida. A PGE2 é produzida a partir de uma enzima denominada ciclo-oxigenase (COX), que por sua vez, é originada do ácido araquidônico. Sendo assim, os mecanismos de supressão da febre envolvem o bloqueio dos itens desta cascata. Medicamentos como ácido acetilsalicílico (AAS), paracetamol, dipirona e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são inibidores diretos da COX, tendo efeito na redução da febre. De outro modo, os glicocorticoides atuam inibindo a fosfolipase A2, enzima necessária para a liberação do ácido araquidônico, tornando-os também efetivos para a redução da febre, porém, assim como os inibidores da COX, não são capazes de reduzir a temperatura central.

Importante salientar que a febre costuma ser autolimitada. De modo geral, não há problema em usar medicamentos que visem reduzir a febre, porém, em especial nas infecções bacterianas, os antipiréticos podem mascarar um tratamento inadequado. 

Figura 1 – Fisiopatologia da febre e mecanismo de ação dos medicamentos antipiréticos.
Fonte: elaborada pelo autor.

Considerações finais

É fundamental que seja elaborada uma linha do tempo para descrever os fatores relacionados à febre que você está investigando. Isso auxilia tanto na determinação da etiologia quanto na decisão da necessidade ou não de instituir um tratamento, seja sintomático, seja para a causa. 

Autor: André Busato da Costa

Instagram: @andrebusato_


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referências

GOLDMAN, L.; SCHAFER, A. I. Goldman-cecil medicine. 25. ed. Philadelphia: Elsevier, 2018. 

DynaMed [Internet]. Ipswich (MA): EBSCO Information Services. 1995 – . Record No. T116707, Fever of Unknown Origin in Adults (FUO) – Approach to the Patient; [updated 2018 Nov 30, cited 2021 Sep 10]. Available from https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T116707. Registration and login required.

JAMESON, J. L et al. Medicina interna de Harrison. 20. ed. Porto Alegre: AMGH, 2020. 2 v.

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