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Suporte Básico de Vida e Suporte Avançado de Vida em Pediatria | Colunistas

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O Suporte Básico de Vida (Basic Life Support ou BLS) e o Suporte Avançado de Vida em Pediatria (Pediatric Advanced Life Support ou PALS) são uma abordagem sistemática para avaliar, identificar a causa subjacente e tratar pacientes pediátricos em parada cardiorrespiratória.

Portanto, todos os profissionais que realizam o PALS devem ser capazes de realizar o suporte básico de vida adequadamente, uma vez que a alta qualidade no mesmo é a base para a realização do suporte avançado de vida pediátrico.

Suporte Básico de Vida

O Suporte Básico de Vida é o método de suporte de vida envolvendo os primeiros cuidados com a respiração, vias aéreas e suporte circulatório do paciente sem utilizar outros equipamentos além do desfibrilador externo automático (DEA) e de equipamentos de proteção. Dessa forma, corresponde ao primeiro suporte prestado ao paciente.

O reconhecimento da situação de emergência deve ser realizda de maneira sistemática, com avaliação do paciente em relação à circulação, vias aéreas e respiração, identificação do tipo gravidade do caso e, por fim, intervenção com a conduta adequada.

Algoritmo de PCR com apenas um socorrista no Suporte Básico de Vida

Primeiramente, deve-se verificar a segurança do local. Em seguida, avalia-se a responsabilidade do paciente. Para isso, o socorrista deve falar alto e balançar os ombros da criança para determinar se está responsiva ou não.

Caso o paciente não responda e não esteja respirando, deve-se chamar por ajuda específica (emergência 192/193 com DEA).

Após isso, realiza-se a checagem de pulso e respiração simultaneamente. Em lactentes, utiliza-se as artérias braquial e/ou femoral para checagem de pulso, enquanto que em crianças maiores, utiliza-se as carótidas e/ou femoral. Ademais, esse procedimento não pode demorar mais de 10 segundos.

  • Se o paciente estiver respirando e com pulso presente, deve-se realizar suporte até a chegada do serviço de emergência.
  • Se não for possível sentir o pulso, deve-se começar a RCP com realização de 30 compressões (permitindo o retorno completo do tórax entre da compressão) seguidas de 2 ventilações. Além disso, se for possível sentir o pulso, mas com frequência menor que 60 bpm, deve-se também começar as RCP.

Assim que possível, o DEA deve ser utilizado. Ademais, a RCP deve ser continuada até as condições da criança normalizarem ou até a chegada em serviço especializado.

Algoritmo de PCR para dois socorristas no Suporte Básico de Vida

Quando houver dois socorristas, os passos são os mesmos do algoritmo para um socorrista. Todavia, a diferença é que na presença de dois socorristas, realiza-se 15 compressões e 2 ventilações.

Pediatric Basic Life Support Algorithm for Healthcare Providers — 2 or More Rescuers. AED indicates automated external defibrillator; ALS, advanced life support; CPR, cardiopulmonary resuscitation; and HR, heart rate. Fonte: ahajournals

Diferenças no Suporte Básico de Vida para cada faixa etária

Para crianças de até 1 ano, realiza-se a checagem de pulso na artéria braquial. Além disso, para as compressões, utiliza-se dois dedos se o socorrista estiver sozinho ou dois polegares com a mão circundando o peito da criança se o mesmo estiver acompanhado.

Ademais, cada compressão deve apresentar uma profundidade de 1/3 do diâmetro antero-posterior do tórax, o que corresponde a cerca de 4 cm.

Posição das mãos durante a compressão em menores de 1 ano com um socorrista. Part 4: Pediatric Basic and Advanced Life Support: 2020 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care
Posição das mãos em menores de 1 ano com 2 socorristas. Part 4: Pediatric Basic and Advanced Life Support: 2020 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care

Por outro lado, para crianças de 1 ano até a puberdade, a checagem de pulso é realizada na artéria carótida ou na femoral e as compressões podem ser realizadas com uma ou duas mãos, a depender do tamanho da criança. Além disso, cada compressão deve ter uma profundidade de 1/3 do diâmetro antero-posterior do tórax.

Compressão em maiores de 1 ano: posição das mãos. Yellowbook fluxos e condutas: pediatria

Como utilizar o desfibrilador externo automático

  1.  Ligar o DEA;
  2.  Posicionar as pás corretamente no paciente;
  3.  Colocar as pás do desfibrilador;
  4. Se o choque for indicado, afastar todos e em seguida apertar o botão do choque;
  5. Se ritmo chocável, aplicar choque e retomar RCP por 2 minutos. O desfibrilador externo automático avisa quando será necessário chegar o ritmo novamente;
  6. Se ritmo não chocável, retomar RCP por 2 minutos.
Posições das pás do desfibrilador externo automático em pediatria. https://cmosdrake.com.br/blog/como-salvar-vida-de-uma-crianca-que-sofre-para-cardiorrespiratoria/

Suporte Avançado de Vida

O suporte avançado de vida, por sua vez, pode ser uma sequência do suporte básico de vida, iniciado no ambiente intra-hospitalar ou no extra-hospitalar.

Envolve, além das compressões torácicas e desfibrilador, a utilização de dispositivos mais invasivos de via aérea, acesso venoso, medicações e demais dispositivos, como compressão torácica mecânica.

Para o adolescente, devido a presença de caracteres sexuais secundários, recomenda-se seguir com o protocolo de ACLS.

Em resumo:

  • Compressões torácicas eficazes intercaladas com ventilação.
  • Sem via aérea avançada: 15 compressões 2 ventilações.
  • Com via aérea avançada: dissociar compressões/ventilação. Fazer 1 ventilação a cada 6 segundo (10/minuto).
  • Evitar ventilação excessiva.
  • Rodiziar pessoas para compressão a cada 2 minutos.
  • Permitir o retorno total do tórax, com uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto.
  • Eletrodos devem ser colocados no tórax do paciente e o monitor/desfibrilador deve ser ligado.
  • Analisar o ritmo para escolher a sequência do tratamento da RCP.

Via Aérea no Suporte Avançado de Vida

No Suporte Avançado de Vida, utiliza-se suporte de oxigenação através de ventilação bolsa-valva-máscara ou intubação orotraqueal (IOT).

Promover oxigenação e ventilação adequadas para uma criança que não respira ou respira de modo inadequado é fundamental no PALS.

Portanto, sinais que indicam problemas na oxigenação e/ou ventilação incluem: apneia, frequência respiratória anormal, sons respiratórios inadequados e hipoxemia, apesar de O2 suplementar

Ventilação Bolsa-Valva-Máscara

Com relação a ventilação bolsa-valva-máscara, é fundamental que a máscara esteja no tamanho adequado para o paciente, cobrindo da ponte nasal à fenda do queixo. Além disso, deve-se posicionar corretamente a cabeça da criança fazendo uma extensão do pescoço e posicionar a máscara adequadamente no rosto do paciente para que não fique frouxa.

Ademais, na parada respiratória, recomenda-se a realização de 12 a 20 ventilações por minuto. Durante reanimação cardiopulmonar, indica-se fazer 10 ventilações por minuto.

Intubação Orotraqueal (IOT)

Utiliza-se a intubação orotraqueal quando a ventilação por bolsa-valva-máscara não consegue manter a via aérea ou a ventilação está sendo ineficaz.

Tamanho ideal do tubo orotraqueal. Yellowbook fluxos e conduta: pediatria

Portanto, para a fixação ideal do tudo endotraqueal:

  • Diâmetro interno do tubo (mm)x3.
  • Idade da criança (anos)/2+12.

Por fim, em relação a lâmina ideal, utiliza-se o seguinte:

  • Para bebês entre 6-7 kg até 3 anos, usamos a lâmina 1 reta.
  • Para crianças pequenas entre 12-14 kg, usamos a lâmina 2 reta.
  • Para crianças 19-29 kg, usamos a lâmina 2 reta ou curva.
  • Para crianças maiores de 30 kg, usamos a lâmina 3 reta ou curva.

Acesso Venoso no Suporte Avançado de Vida

No Suporte Avançado de Vida, utiliza-se o acesso venoso periférico ou o acesso intra-osseo.

O acesso intra-ósseo é o acesso vascular da emergência, portanto, é temporário. As contraindicações para esse tipo de acesso são fratura do osso, celulite ou queimadura, osteoporose, osteogênese imperfeita e tentativa anterior no mesmo osso.

Ritmo cardíaco

A identificação do ritmo cardíaco é uma etapa fundamental do Suporte Avançado de Vida.

A fibrilação ventricular (FV) e a taquicardia ventricular (TV) são considerados ritmos chocáveis, enquanto assistolia e AESP são considerados ritmos não chocáveis.

Sequência para Ritmos Chocáveis

  • Aplicar 1° choque (2J/KG).
  • Retomar a RCP por mais 2 minutos.
  • Estabelecer acesso vascular.
  • Verificar ritmo novamente.

Se após verificação do ritmo, identificar ritmo chocável, aplica-se 2° choque 4J/Kg. Todavia, se ritmo não for chocável, realiza-se sequência para ritmo não chocável, com retomada da RCP por 2 minutos e uso de Epinefrina a cada 3-5 minutos. Além disso, nesse momento já deve-se consider via aérea avançada (IOT).

Se após nova analise de ritmo, for identificável ritmo chocável novamente, aplica-se novo choque maior ou igual a 4J/Kg, no máximo de 10 J/kg ou carga para adulto. Em seguida, recomenda-se retomar RCP por 2 minutos.

Após isso, recomenda-se a administração da amiodarona 5 mg/kg em FV/TV refratária adrenalina, podendo repetir a droga por duas vezes.

Ritmo chocável – Fibrilação Ventricular. Yellowbook fluxos e conduta: pediatria
Ritmo chocável – Taquicardia ventricular. Yellowbook fluxos e conduta: pediatria

Sequência para ritmos não chocáveis

  • RCP por 2 minutos.
  • Estabelecimento de acesso vascular.
  • Epinefrina a cada 3-5 minutos.
  • Considerar via aérea avançada.
  • Avaliar ritmo novamente.

Se ritmo chocável, seguir sequência para ritmo chocável. Todavia, se ritmo não chocável, realiza-se a seguinte sequência:

  • RCP por 2 minutos.
  • Epinefrina a cada 3-5 minutos.
  • Tratamento de causas reversíveis.

Além disso, é importante lembrar que, em caso de assistolia, deve-se checar cabos, ganhos e derivações antes de qualquer conduta.

Assistolia. Yellowbook fluxos e conduta: pediatria
AESP. Yellowbook fluxos e conduta: pediatria
Fluxograma conduta RCP com desfibrilador. Yellowbook fluxos e conduta: pediatria

Bradicardia sintomática

Se frequência cardíaca menor que 60 bpm com comprometimento cardiorrespiratório:

  • 1° – Oxigenoterapia com pressão positiva (30-60s).
  • 2° – Se persistir o comprometimento, realizar compressão com ventilação e adrenalina.

Ademais, em caso de BAV, tônus vagal aumentado, intoxicações exógeno (ex. chumbinho), recomenda-se administrar atropina.

Taquiarritmias

Se QRS estreito:

  • Supraventricular estável – Realizar manobras vagais e/ou administrar 0,1 mg/kg de adenosina (max 6mg)
  • Supraventricular instável – Cardioversão elétrica sincronizada.

Por outro lado, se QRS alargado:

  • Taquicardia ventricular com pulso – Cardioversão.
  • Taquicardia sem pulso – PCR e desfibrilação.
  • Torsades de pointes – Administrar sulfato de magnésio.

Principais causas reversíveis de PCR na pediatria

Entre as causas reversíveis de PCR na pediatria, destacam-se os 5T’s e 5H’s:

  • Hipoxia.
  • Hipo/hipercalemia.
  • Hipovolemia.
  • H+ (acidemia).
  • Hipoglicemia.
  • Hipotermia.
  • Tóxicos.
  • Tamponamento.
  • Pneumotórax.
  • Trombose coronariana.
  • Trombose pulmonar.

Principais atualizações do PALS

  • Velocidade de compressões torácicas: 100-120/ min.
  • 1 ventilação a cada 6 segundos.
  • Em relação a fluidoterapia, o tratamento deve ser individualizado. Crianças em choque devem receber bolus de fluido inicial de 20 ml/kg.
  • Em relação a utilização de atropina para IOT, não há evidências para seu uso rotineiro. Ademais, deve-se considerar seu uso em situações de risco de bradicardia.
  • Amiodarona ou lidocaína são igualmente aceitos como antiarrítmicos para FV refratária ao choque ou TV sem pulso.
  • Para crianças comatosas nos primeiros dias pós PCR deve-se monitorar a temperatura e tratar agressivamente a febre.

Autor(a) : Camila Esteves Figueira

@instagram: @camiifigueira



O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

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Sugestão de leitura recomendada

Referências

  • Medicina de emergências : abordagem prática / Herlon Saraiva Martins, Rodrigo Antonio Brandão Neto, Irineu Tadeu Velasco. –12. ed. rev. e atual. –Barueri, SP : Manole, 2017.
  • Disque,Karl. PALS Pediatric life support. Provider Handbook. Satori Continuum Publishing, 2021.
  • Souza, Marconi; Oliveira,Clístenes;Moura, Carlos. Yellowbook fluxos e condutas: emergência – 2° edição. Salvador: Editora Sanar, 2019.
  • Botelho, Vivian; Valcáter, Flávio; Ribeiro, Lucas. Yellowbook fluxos e condutas: pediatria – 1 edição. Salvador: Editora Sanar, 2020.
  • Sá, Ricardo Américo Ribeiro de et al. Acesso vascular por via intraóssea em emergências pediátricas. Revista Brasileira de Terapia Intensiva [online]. 2012, v. 24, n. 4 [Acessado 15 Junho 2021] , pp. 407-414.

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