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Resumo de estomatite (Completo) – Sanarflix

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Definição

Estomatite é o nome dado a toda inflamação da mucosa bucal ou orofaringe, podendo causar dor e prejudicar a ingestão de alimentos e líquidos. As causas principais são infecções, doenças sistêmicas, irritantes químicos ou físicos e reações alérgicas. No entanto, a maioria dos casos são idiopáticos, ou seja, não há uma causa conhecida. 

Diagnosticar e tratar essas lesões orais pode ser um desafio para muitos médicos, pois muitas dessas lesões se assemelham mesmo sendo de etiologias diferentes. Além disso, a maioria dos médicos recebe treinamento inadequado na avaliação e tratamento de doenças bucais. 

Etiologia da estomatite   

Mesmo que a maioria dos casos seja de origem idiopática, existem diversos diagnósticos diferenciais para estomatite. Para facilitar o raciocínio diagnóstico, o ideal é identificar o tipo da lesão (branca, ulcerosa ou bolhosa) e, posteriormente, pensar as possíveis causas para cada tipo. Como a produção de saliva protege a mucosa oral, a xerostomia é um fator predisponente para a estomatite. 

A estomatite aftosa recorrente (EAR) é a afecção mais comum da mucosa oral. Apesar das constantes pesquisas e preocupação clínica, sua causa permanece obscura. Normalmente a EAR surge como uma ulceração epitelial nas superfícies mucosas não queratinizadas de partes móveis da boca como língua, palato mole e parte interna dos lábios e bochechas.

Lesão ulcerativa (Estomatite aftosa)

Lesões orais erosivas, ulcerativas e bolhosas são muito comuns, com amplo diagnóstico diferencial, incluindo processos infecciosos, autoimunes e inflamatórios.

Entre as causas infecciosas as virais são as mais comuns, como a herpes simples, varicela zoster e influenza. Doenças sexualmente transmissíveis como HIV, gonorreia e sífilis eventualmente também podem causar estomatite. 

Lesões erosivas causadas pelo Herpes Simples.
Lesões erosivas causadas pelo Herpes Simples. 

A lesão branca mais comum da boca é causada pelo supercrescimento de Candida albicans (cerca de 90%), principalmente em pacientes que fazem uso de antibióticos ou imunossupressores.

Esse fungo causa principalmente candidíase pseudomembrana (sapinho), que se apresenta como uma lesão mucosa de aspecto branco, em forma de mancha ou placa, que pode ser raspada para expor sua base eritematosa. O principal diagnóstico diferencial das lesões brancas é a leucoplasia.  

Candidíase pseudomembranosa
Candidíase pseudomembranosa

Abordagem diagnóstica da estomatite

O diagnóstico da maioria da estomatite é eminentemente clínico. É importante investigar se há relação entre os sintomas apresentados e a ingestão de alimentos, medicamentos ou outras substâncias químicas e se o paciente faz uso de alguma prótese na boca.

Além disso, é importante saber se o paciente apresenta algum fator de risco para desenvolver lesões orais, como quimioterapia, imunossupressão ou DSTs. A principal manifestação de toxicidade em pacientes recebendo quimioterapia é a mucosite oral. 

A presença de sintomas gastrintestinais recorrentes sugere a possibilidade de doença intestinal inflamatória ou doença celíaca, que podem cursar com manifestações extra intestinais, dentre elas estomatite. Também devem ser investigados sintomas inespecíficos que sugiram doenças crônicas (ex: perda de peso) e fatores de risco para infecção pelo HIV. 

Para diferenciar uma lesão branca entre candidíase pseudomembranosa e leucoplasia, pode-se utilizar uma gaze para realizar o raspado da placa branca. Quando a placa é removível, deixando a mostra uma base eritematosa, o diagnóstico principal torna-se candidíase. Se a placa não for removível, o mais provável é que seja leucoplasia ou outra condição clínica. 

A associação de lesões orais com sintomas oculares sugere síndrome de Behçet, um distúrbio inflamatório dos vasos sanguíneos que envolve vários sistemas e se caracteriza por úlceras orais recorrentes, úlceras genitais e inflamação ocular. 

Em casos de estomatite recorrente, em que há lesões de maior duração, podem ser solicitados o hemograma, contagens séricas de ácido fólico, ferro sérico e vitamina B12. A biópsia está indicada apenas nos casos em que há suspeita de malignidade ou em lesões persistentes. 

Tratamento de estomatite

Se a estomatite for ocasionada por alguma doença sistêmica, esta deve ser tratada. A higienização oral detalhada com uma escova de dentes macia pode colaborar na prevenção de infecções secundárias. Além disso, evitar alimentos ácidos ou com muito sal. 

Existem diversos medicamentos tópicos para alívio dos sintomas. Para pacientes com estomatite de origem não infecciosa, é preferencial o uso de corticosteroides tópicos como terapia de primeira linha.

Outros agentes tópicos incluem anti-histamínicos, antibióticos e anestésicos. As medicações mais utilizadas nas lesões orais são: 

  • Corticosteróides: atividade antiinflamatória, utilizada principalmente a prednisona, em doses variáveis, dependendo do tipo e da gravidade da lesão oral. 
  • Dapsona (antibiótico): Utiliza-se na dose de 100 a 200mg/dia. 
  • Colchicina: atividade antiinflamatória, não analgésica, usada na dose de 1.5 a 3.0mg/dia. 

Analgésicos sistêmicos como paracetamol e ácido acetilsalicílico podem ser indicados para alívio da dor e do desconforto. 

Para os quadros de candidíase oral, podem ser utilizados gargarejos de nistatina tópica a 100.000/ml (5 ml), 5 vezes ao dia por 2 semanas, continuando o uso por uma semana após o desaparecimento das lesões. 

Para paciente com herpes simples, o uso de aciclovir pomada a 5% pode ser útil quando usado no início do quadro, na fase de hiperestesia. Aciclovir em casos severos na dose de 200mg cinco vezes ao dia e 400mg cinco vezes ao dia para imunossuprimidos.

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