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Resumo da Loperamida | Ligas

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Definição

A loperamida é um agonista opióide derivado das fenilpiperidinas, normalmente utilizado no controle de diarreias. Por agir sobre os receptores opióides μ, somado ao fato de não ter a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, não agindo sobre os receptores do sistema nervoso central (SNC), a loperamida acaba não possuindo nenhuma propriedade analgésica ou potencial de adição.

Seu potencial de abuso é deveras baixo, visto que seu acesso ao cérebro é limitado. Devido a isso, a compra de loperamida pode ser realizada sem a necessidade de uma prescrição médica.

Normalmente, a administração farmacológica é feita em doses de 2 mg, podendo ser realizadas de 1 a 4 vezes por dia. Não há relatos na literatura sobre o desenvolvimento de tolerância diante do seu uso prolongado.

Apresentação da Loperamida

Comprimidos de uso oral

Uso adulto

Comprimidos de 2mg em embalagem contendo de 12 a 200 comprimidos

Composição

Cada comprimido contém:

Cloridrato de loperamida………………………………………………………………………………2mg
Excipientes (celulose microcristalina, estearato de magnésio, lactose e amido) q.s.p…………1mg

Mecanismos de ação

O sítio de ligação da loperamida são os receptores opiáceos da parede intestinal. Com a interação, ocorre a inibição de liberação de acetilcolina e prostaglandinas, resultando na redução dos movimentos peristálticos propulsivos e, assim, aumentando o tempo de trânsito intestinal.

A loperamida também age aumentando o tônus do esfíncter anal, reduzindo, dessa maneira, a sensação de urgência e de incontinência fecal.

Farmacocinética e Farmacodinâmica do Loperamida

Absorção:

  • A maior parte da loperamida ingerida é absorvida no intestino. Contudo, como resultado de um metabolismo de primeira passagem significativa, a biodisponibilidade dessa droga atinge aproximadamente 0,3%.

Distribuição:

  • O fármaco apresenta alta afinidade pela parede intestinal, ligando-se preferencialmente aos receptores da camada do músculo longitudinal. A porcentagem de loperamida ligada a proteínas plasmáticas é de 95%, sendo a principal a albumina.

Metabolismo:

  • A loperamida possui excreção quase que completamente hepática, sendo metabolizada, conjugada e excretada pela bile. Graças aos intensos efeitos de primeira passagem, as concentrações plasmáticas do ativo inalterado são muito baixas.

Eliminação:

  • O tempo de meia-vida da loperamida em homens é de aproximadamente 11 horas, possuindo uma faixa de variação de 9 a 14 horas. Os metabólitos, bem como a loperamida inalterada, são excretadas principalmente por meio das fezes.

Indicações

O tratamento medicamentoso realizado com cloridrato de loperamida está indicado para pacientes que apresentam:

  • Diarreias agudas inespecíficas.
  • Diarreias crônicas espoliativas, associadas a doenças inflamatórias (como Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa).
  • Ileostomias e colostomias com grande perda hidroeletrolítica.

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Contraindicações    

Medicação de uso exclusivo para adultos, não devendo ser utilizado em crianças.

USO NÃO INDICADO:

  • EM CRIANÇAS COM DIARREIA AGUDA OU PERSISTENTE;
  • PACIENTES COM HIPERSENSIBILIDADE AO CLORIDRATO DE LOPERAMIDA OU A QUALQUER EXCIPIENTE EM SUA COMPOSIÇÃO.

O cloridrato de loperamida não deverá ser considerado tratamento de primeira classe para pacientes que apresentarem:

  • Disenteria aguda (pacientes com sangue ou pus nas fezes, associado a febre)
  • Colite ulcerativa aguda
  • Enterocolite bacteriana causada por agentes invasores da flora, como Salmonella, Shigella e Campylobacter.
  • Colite pseudomembranosa associada ao uso de antibioticoterapia de amplo espectro

O cloridrato de loperamida não deve ser utilizado em pacientes com inibição do peristaltismo, visto que possui risco de gerar sequelas no íleo, megacólon e megacólon tóxico.

O cloridrato de loperamida  deve ser interrompido rapidamente em caso de constipação, distensão abdominal ou distensão de íleo.

Efeitos adversos

A segurança do cloridrato de loperamida no tratamento da diarreia aguda e crônica foi avaliada em estudos clínicos. Os efeito adverso mais comuns de ocorrer com o uso de loperamida são:

  • Reações em ≥ 1% dos pacientes tratados com cloridrato de loperamida que participaram de estudos clínicos de diarreia aguda: Constipação, flatulência, cefaleia e náuseas.
  • Reações em < 1% dos pacientes tratados com cloridrato de loperamida que participaram de estudos clínicos de diarreia aguda: Tontura, xerostomia, dor abdominal, vômitos, desconforto e distensão abdominal, epigastralgia e erupções cutâneas.
  • Reações em ≥ 1% dos pacientes tratados com cloridrato de loperamida que participaram de estudos clínicos de diarreia crônica: Constipação, flatulência, tontura e náuseas.
  • Reações em < 1% dos pacientes tratados com cloridrato de loperamida que participaram de estudos clínicos de diarreia crônica: Cefaleia, dor ou desconforto abdominal, xerostomia e dispepsia.

Houveram algumas reações adversas, muito raras (menos de 0,01%), durante a experiência pós-comercialização com o cloridrato de loperamida:

  • Distúrbios do Sistema Imunológico: Alergia; Reações anafiláticas
  • Distúrbios do Sistema Nervoso: Anomalia na coordenação; Distúrbio de consciência; Hiperonia; Sonolência
  • Distúrbios Oftalmológicos: Miose
  • Distúrbios da Pele e Tecido Subcutâneo: Angioedema; Erupções Bolhosas (como na Síndrome de Steven-Johnson, Necrólise epidérmica tóxica e Eritema multiforme); Prurido; Urticária
  • Distúrbios Gastrointestinais: Íleo paralítico; Megacolo
  • Distúrbios Renais e Urinários: Retenção urinária
  • Distúrbios Gerais: Fadiga

Interações medicamentosas

O uso concomitante de loperamida (um substrato de glicoproteía-P) com quinidina ou ritonavir (inibidores de glicoproteína-P), resulta no aumento dos níveis plasmáticos de loperamida em 2 a 3 vezes maior que o normal. Contudo, a relevância clínica dessa interação ainda é desconhecida.

O uso concomitante de loperamida e itraconazol (inibidor da CYP3A4 e glicoproteína-P) resulta no aumento dos níveis plasmáticos de loperamida em 3 a 4 vezes maior que o normal. 

O uso concomitante de loperamida e genfibrozila (inibidor da CYP2C8) resulta no aumento dos níveis plasmáticos de loperamida em 2 vezes maior que o normal.

A combinação de itraconazol e genfibrozila com loperamida resulta em um aumento nos níveis de pico plasmático da loperamida de 4 vezes e um aumento na exposição total plasmática de 13 vezes. 

Segundo a avaliação dos testes psicomotores, as associações descritas acima não apresentaram efeitos sobre o sistema nervoso central.

O uso concomitante de loperamida e cetoconazol (inibidor da CYP3A4 e glicoproteína-P) resulta no aumento dos níveis plasmáticos de loperamida em 5 vezes maior que o normal. Essa associação não promoveu aumento dos efeitos farmacodinâmicos, segundo pupilometria.

O uso concomitante de loperamida e desmopressina via oral resulta no aumento dos níveis plasmáticos de desmopressina em 3 vezes maior que o normal, o que pode ser relacionado à menor motilidade gastrointestinal.

O uso de medicamentos com propriedades farmacológicas semelhantes às da loperamida costumam potencializar o efeito da mesma, enquanto os que aceleram o trânsito intestinal, costumam diminuir.

Autores, revisores e orientadores:

Autor(a) : Ricardo Serejo Tavares

Co-autor: Hannah Luíza Araújo Rebouças

Revisor(a): João Pedro Andrade Augusto

Orientador(a): José Antonio Carlos Otaviano David Morano

Grupo de Estudos em Anatomia Aplicado à Saúde – GEAAS – @geaas.unifor

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