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Resumo: Anemia Falciforme | Ligas

anemia falciforme

Índice

Resumo completo sobre anemia falciforme: definição, quadro clínico, diagnóstico e tratamento. Acesse e confira!

A anemia falciforme é uma doença genética dos glóbulos vermelhos. Ela afeta principalmente pessoas de ascendência africana, embora também possa ocorrer em outras populações.

Essa condição é caracterizada pela presença de glóbulos vermelhos anormais em forma de foice ou meia-lua, em vez de terem uma forma redonda e flexível como os glóbulos vermelhos normais.

Etiologia da anemia falciforme

A anemia falciforme é causada por uma mutação genética no gene da hemoglobina. Esta é uma proteína encontrada nos glóbulos vermelhos responsável pelo transporte de oxigênio. A mutação específica ocorre no gene HBB, que é responsável pela produção da cadeia beta da hemoglobina.

Na anemia falciforme, uma substituição de aminoácido ocorre na posição 6 da cadeia beta, em que o ácido glutâmico é substituído pela valina. Essa alteração genética leva à produção de uma forma anormal de hemoglobina, chamada de hemoglobina S (HbS).

A presença da hemoglobina S faz com que os glóbulos vermelhos se tornem rígidos. Com isso, assumem a forma de uma foice ou meia-lua quando liberam oxigênio ou são expostos a condições de baixa concentração de oxigênio.

Essa alteração na forma dos glóbulos vermelhos dificulta sua passagem pelos vasos sanguíneos. Isso resulta em obstrução do fluxo sanguíneo e redução do fornecimento de oxigênio para os tecidos e órgãos do corpo.

Doença hereditária: anemia falciforme

Os indivíduos com anemia falciforme herdam o gene defeituoso dos dois pais. No entanto, é importante ressaltar que também existem pessoas portadoras assintomáticas da doença. Elas possuem apenas um gene defeituoso e são denominadas como portadores do traço falciforme.

Esses portadores do traço têm uma cópia normal do gene da hemoglobina e uma cópia do gene defeituoso, geralmente não apresentando sintomas da doença. Porém, ainda assim podem transmitir o gene para seus descendentes.

A anemia falciforme é uma doença hereditária recessiva. Isso significa que os indivíduos afetados precisam herdar duas cópias do gene defeituoso (um do pai e outro da mãe) para desenvolver a doença.

Se uma pessoa herdar apenas uma cópia do gene defeituoso e uma cópia normal do gene, ela será portadora do traço falciforme. Entretanto, ela pode transmiti-lo para a próxima geração.

Epidemiologia

A mutação falciforme da hemoglobina se tornou mais prevalente na África equatorial, no Oriente Médio e na Índia há milhares de anos.

Já no Brasil, a incidência da doença falciforme varia desde 1:13.500 nascidos vivos em Santa Catarina e no Paraná, chegando até 1:650 na Bahia. Estima-se que 25.000-30.000 brasileiros vivam hoje com doença falciforme.

Fisiopatologia da anemia falciforme

A hemoglobina falciforme é causada por uma substituição de Adenina (A) por uma Timidina (T) (GAG àGTG) no códon 6 no gene da Beta- hemoglobina. No cromossomo 11 (HBB) gera uma substituição de um códon do ácido glutâmico por um códon de Valina. Desta forma, a valina vai permitir que a molécula de hemoglobina S (HbS) polimerize quando é desoxigenada.

Por conseguinte, este polímero de desoxiHbS irá lesar o eritrócito. Consequentemente irá gerar uma população heterogênea de células falciformes, com membrana citoesquelética danificada, baixo conteúdo de cátions e água, e distribuição alterada de lipídeos de membrana.

Na vasculatura, as células falciformes interagem com o endotélio e outras células do sangue para causar a vaso-oclusão. Alguns eritrócitos lesionados são hemolisados de forma intravascular, liberando assim a heme no plasma para varrer o óxido nítrico (NO) e reduzir a hemoglobina a metemoglobina e nitrato.

Por meio da ligação de guanilato ciclase solúvel, o NO converte o tri-fosfato de guanosina cíclico em monofosfasto de guanosina, relaxando, portanto, o músculo vascular liso, e levantando a vasodilatação.

Um estado biodisponibilidade de NO endotelial reduzida na doença falciforme permite as funções vasculares homeostáticas do NO, com a inibição da ativação de plaquetas e agregação e repressão transcricional de genes transcrevendo moléculas de adesão celular.

Hemoglobina, heme e ferro da heme catalisam a produção de radicais de oxigênio e nutrição de proteína, limitando potencialmente a biodisponibilidade futura do NO e ativando o endotélio.

Eritrócitos lisados também liberam arginase, que destrói L-Arginina, o substrato para a produção de NO, fornecendo outro mecanismo para a deficiência de NO endotelial.

O equilíbrio normal entre a vasoconstrição e a vasodilatação é, portanto, distorcido para a vasoconstrição, assim como a ativação e proliferação endotelial.

Manifestações Clínicas da anemia falciforme

A forma anormal dos glóbulos vermelhos na anemia falciforme dificulta sua passagem pelos vasos sanguíneos, causando obstruções e redução do fluxo sanguíneo para os tecidos e órgãos do corpo. Isso pode levar a sintomas como:

  • Dor intensa;
  • Fadiga;
  • Falta de ar;
  • Icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos);
  • Palidez;
  • Aumento da susceptibilidade a infecções.

Além dos sintomas agudos, a anemia falciforme também pode causar complicações crônicas, como:

  • Danos aos órgãos, incluindo os rins, fígado, baço e pulmões;
  • Acidente vascular cerebral (AVC);
  • Problemas de visão;
  • Úlceras nas pernas;
  • Problemas de crescimento em crianças.

Diagnóstico da anemia falciforme

O diagnóstico da anemia falciforme é feito por meio de exames de sangue que detectam a presença do gene defeituoso responsável pela doença:

  • Anemia normocítica ou microcítica hemolítica com reticulocitose;
  • Aumento dos níveis de lactato desidrogenase e de aspartato aminotransferase e um histórico clínico compatível devem sugerir a presença de anemia falciforme.

Entretanto muitos casos brandos não são diagnosticados por muitos anos, devido multiplicidade de genótipos e a considerável heterogeneidade de cada um deles.

A doença pode ser diagnosticada precocemente através do teste do pezinho, iniciando de imediato o tratamento. Se não for investigada logo após o nascimento, o exame de eletroforese de hemoglobina é capaz de confirmar ou excluir o diagnóstico dessa doença.

Tratamento

O tratamento deve ser realizado através do acompanhamento ambulatorial por meio das contagens de sangue, índices de RBC, nível de HbF, bioquímica sérica e transfusões sanguíneas evitando, assim, complicações graves.

O tratamento objetiva diminuir as dores, aumento na HbF ou MCV, aumento de hematócritos se gravemente anêmico, toxicidade aceitável.

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Autores, Revisores e Orientadores

  • Autor: Werica Oliveira Matos Pondé
  • Revisor(a): Flávia Macedo dos Santos Silva
  • Liga: Liga baiana de emergência – LBE
  • Instagram: @lbeunifacs

O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Sugestão de leitura complementar

Referências

GOLDMAN, L. AUSIELLO, D. Cecil Medicina. 25ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier Saunders, 2018.

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