Anúncio

Quetiapina: quando esse medicamento é indicado?

queatipina

Índice

EXCLUSIVO PARA MÉDICOS

Primeira parcela por R$ 99

Garanta sua vaga de 2026 com o valor de 2025!

Dias
Horas
Min

Quetiapina: tudo o que você precisa saber sobre esse medicamento para sua prática clínica!

A quetiapina consiste em um fármaco antipsicótico amplamente utilizado no tratamento de diversos transtornos psiquiátricos, como esquizofrenia, transtorno bipolar e, em alguns casos, depressão maior resistente ao tratamento.

Pertencente à classe dos antipsicóticos atípicos, a quetiapina atua principalmente como antagonista nos receptores de dopamina (D2) e serotonina (5-HT2A), mas também interage com uma ampla gama de outros receptores, como histamínicos (H1), adrenérgicos (α1) e muscarínicos.

Mecanismo de ação da quetiapina

A quetiapina age antagonizando vários receptores neurotransmissores no cérebro, sendo que sua ação principal envolve o bloqueio dos receptores de dopamina tipo 2 (D2) e dos receptores de serotonina tipo 2A (5-HT2A). Esse efeito combinado é fundamental para a eficácia antipsicótica do medicamento. Ao bloquear os receptores D2, a quetiapina reduz os sintomas positivos da esquizofrenia, como delírios e alucinações. Simultaneamente, ao antagonizar os receptores 5-HT2A, o medicamento ajuda a minimizar os sintomas negativos, como apatia e retraimento social. Além disso, essa ação reduz a ocorrência de efeitos colaterais extrapiramidais.

Entretanto, a quetiapina também interage com outros receptores que contribuem para sua eficácia e para o perfil de efeitos adversos. Por exemplo, ela tem uma afinidade significativa pelos receptores histamínicos (H1), o que explica seus efeitos sedativos e indutores do sono. Esse aspecto é benéfico em pacientes que sofrem de insônia associada a transtornos psiquiátricos. Por outro lado, a quetiapina também bloqueia os receptores adrenérgicos α1, o que está relacionado ao risco aumentado de hipotensão ortostática, especialmente no início do tratamento.

Ademais, a quetiapina apresenta uma afinidade relativamente baixa pelos receptores muscarínicos de acetilcolina. Essa característica significa que o medicamento tende a causar menos efeitos anticolinérgicos, como boca seca, constipação e retenção urinária, em comparação com outros antipsicóticos atípicos.

Farmacocinética e metabolismo da quetiapina

A farmacocinética da quetiapina também é um aspecto relevante. Após a administração oral, o organismo absorve bem a quetiapina, mas sofre um extenso metabolismo de primeira passagem hepática, principalmente via a enzima CYP3A4 do citocromo P450. Isso significa que as concentrações plasmáticas de quetiapina podem ser significativamente afetadas por medicamentos que inibem ou induzem a CYP3A4. Por exemplo, o uso concomitante de inibidores da CYP3A4, como cetoconazol ou eritromicina, pode aumentar as concentrações de quetiapina no sangue, exigindo ajustes na dosagem para evitar toxicidade.

Além disso, a meia-vida de eliminação da quetiapina é relativamente curta, variando entre 6 e 7 horas. Consequentemente, geralmente administra-se o medicamento em duas doses diárias para manter níveis terapêuticos estáveis no sangue.

No entanto, também está disponível uma formulação de liberação prolongada, que permite a administração em dose única diária, melhorando assim a adesão ao tratamento.

Indicações terapêuticas da quetiapina

Esquizofrenia

A quetiapina é amplamente utilizada no tratamento da esquizofrenia, uma condição crônica e debilitante que afeta cerca de 1% da população global. Diversos estudos clínicos demonstram que a quetiapina proporciona melhora significativa tanto nos sintomas positivos (como alucinações, delírios e desorganização do pensamento) quanto nos sintomas negativos (como apatia, retraimento social e anedonia).

A quetiapina é geralmente bem tolerada em pacientes com esquizofrenia. Sua capacidade de minimizar os sintomas extrapiramidais é uma vantagem significativa em comparação com os antipsicóticos típicos. Contudo, deve-se monitorar o risco de sedação e ganho de peso com atenção, especialmente em pacientes que apresentam comorbidades metabólicas.

Transtorno bipolar

No tratamento do transtorno bipolar, a quetiapina é eficaz tanto para os episódios maníacos quanto para os depressivos. Durante a mania aguda, o medicamento ajuda a controlar a euforia, a agitação e a impulsividade. Além disso, a quetiapina é uma das poucas opções farmacológicas aprovadas para o tratamento da depressão bipolar, uma fase particularmente difícil de manejar clinicamente.

O perfil sedativo da quetiapina pode ser especialmente útil em pacientes bipolares que apresentam agitação psicomotora ou insônia, proporcionando alívio desses sintomas sem a necessidade de múltiplos medicamentos. A quetiapina também demonstrou eficácia na redução da frequência de recaídas em pacientes bipolares que a utilizam como parte de um regime de manutenção.

Depressão maior resistente

Para pacientes com depressão maior que não respondem adequadamente aos antidepressivos convencionais, pode-se utilizar a quetiapina como tratamento adjuvante. Estudos clínicos indicam que a adição de quetiapina a um antidepressivo pode melhorar significativamente os sintomas depressivos em pacientes que não obtiveram resposta completa ao tratamento inicial. Isso é particularmente relevante em casos de depressão com características psicóticas ou quando há comorbidades psiquiátricas, como a ansiedade generalizada.

Entretanto, deve-se realizar o uso da quetiapina em casos de depressão maior resistente com cautela, considerando os efeitos sedativos e o risco de ganho de peso e alterações metabólicas. Esses fatores precisam ser equilibrados com os benefícios terapêuticos proporcionados pelo medicamento.

Perfil de efeitos colaterais

Embora a quetiapina seja considerada um antipsicótico atípico com um perfil de efeitos colaterais mais favorável, ela não está isenta de causar efeitos adversos. O conhecimento detalhado desses potenciais efeitos colaterais é essencial para um manejo eficaz e seguro dos pacientes.

Sedação

A sedação é um dos efeitos colaterais mais comuns associados à quetiapina, e está diretamente relacionada à sua afinidade pelos receptores H1 de histamina. Embora esse efeito possa ser benéfico em pacientes que sofrem de insônia ou agitação, ele pode ser problemático se a sonolência diurna interferir nas atividades diárias do paciente.

Para mitigar a sedação excessiva, pode-se considerar ajustes na dosagem, a escolha da formulação de liberação prolongada, ou a administração do medicamento à noite.

Hipotensão ortostática

Devido à sua ação bloqueadora nos receptores adrenérgicos α1, a quetiapina pode causar hipotensão ortostática, especialmente no início do tratamento ou após aumentos rápidos na dosagem. Este efeito colateral é especialmente relevante em pacientes idosos ou em pacientes com condições cardiovasculares pré-existentes.

A monitorização da pressão arterial e a titulação gradual da dose são práticas recomendadas para reduzir o risco de hipotensão ortostática.

Ganho de peso e síndrome metabólica

Assim como outros antipsicóticos atípicos, a quetiapina está associada ao risco de ganho de peso, dislipidemia e resistência à insulina, o que pode levar ao desenvolvimento de síndrome metabólica. Esses efeitos colaterais são de particular preocupação em pacientes com fatores de risco preexistentes para doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.

Portanto, é essencial a monitorização regular do peso, da glicemia, do perfil lipídico e da pressão arterial, para detectar precocemente qualquer alteração metabólica. Com a detecção precoce, é possível implementar intervenções oportunas, como mudanças no estilo de vida ou ajustes na medicação.

Sintomas extrapiramidais

Embora a quetiapina apresente um menor risco de causar sintomas extrapiramidais em comparação com os antipsicóticos típicos, esses efeitos ainda podem ocorrer, especialmente em doses mais altas. Sintomas como:

  • Acatisia
  • Distonia
  • Discinesia tardia

Podem se manifestar em alguns pacientes. Assim, a dose deve ser cuidadosamente ajustada para minimizar esses efeitos. Em casos graves, pode ser necessária a suspensão do medicamento.

Aumento do intervalo QT

A quetiapina, como muitos outros antipsicóticos, pode prolongar o intervalo QT no eletrocardiograma, o que aumenta o risco de arritmias cardíacas graves, como a torsades de pointes. Embora esse risco seja relativamente raro, deve-se considerá-lo em pacientes com fatores de risco para arritmias, como histórico de doença cardíaca, distúrbios eletrolíticos, ou uso concomitante de outros medicamentos que prolongam o intervalo QT.

Portanto, recomenda-se a monitorização do eletrocardiograma em pacientes de alto risco, especialmente ao iniciar ou aumentar a dose da quetiapina.

Considerações práticas na prescrição

Deve-se avaliar uso da quetiapina cuidadosamente, considerando o perfil individual do paciente. Monitorar regularmente aspectos metabólicos e cardiovasculares é crucial, especialmente em tratamentos prolongados. Além disso, titular a dose com cautela pode minimizar efeitos colaterais, mantendo a eficácia.

Em pacientes com esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressão maior resistente, a quetiapina é uma ferramenta valiosa. Contudo, acompanhamento contínuo é fundamental para garantir segurança e eficácia a longo prazo. Individualizar o tratamento, levando em conta resposta terapêutica e tolerabilidade, é essencial.

Interações medicamentosas

A quetiapina pode interagir com diversos medicamentos. Inibidores da CYP3A4, como cetoconazol, podem aumentar suas concentrações plasmáticas, elevando o risco de efeitos adversos. Por outro lado, indutores da CYP3A4, como a carbamazepina, podem reduzir sua eficácia. Assim, é vital revisar a lista de medicamentos do paciente antes de iniciar a quetiapina.

Além disso, o uso concomitante com outros medicamentos que prolongam o intervalo QT deve ser evitado ou monitorado cuidadosamente. Exemplos incluem alguns antibióticos, antidepressivos e antiarrítmicos. Portanto, a avaliação cuidadosa de potenciais interações é imprescindível.

Descubra o poder do conhecimento avançado

O mundo da psiquiatria está em constante evolução, exigindo que os profissionais estejam sempre atualizados com as mais recentes descobertas e práticas terapêuticas. Entre os avanços mais significativos, destaca-se o uso de medicamentos antipsicóticos atípicos, como a quetiapina, no manejo de uma variedade de transtornos mentais.

Mas para entender plenamente o impacto e as aplicações desse medicamento, é necessário um conhecimento profundo e especializado. É aqui que entra a nossa Pós-Graduação em Psiquiatria.

Referência bibliográfica

  • CANTILINO, A; MONTEIRO; D.C. Psiquiatria clínica: um guia para médicos e profissionais de saúde mental. 1 ed, Rio de Janeiro: MedBook, 2017.
  • Rang, H.P; Dale, M.M. Editora Elsevier, 8a edição, 2016. Farmacologia Clínica.

Sugestão de leitura complementar

Compartilhe este artigo:

Primeira parcela por R$ 99

Garanta sua vaga de 2026 com o valor de 2025! Consulte condições.

Anúncio