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Insuficiência venosa crônica na atenção primária: perfil epidemiológico e mais

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A insuficiência venosa crônica (IVC) caracteriza-se por uma disfunção do sistema venoso dos membros inferiores, decorrente principalmente da incompetência valvular venosa, que pode ser congênita ou adquirida, podendo associar-se ou não à obstrução do fluxo venoso. Essa condição pode comprometer o sistema venoso superficial, profundo ou ambos simultaneamente.

Trata-se de uma afecção frequente na prática clínica, cujas complicações, especialmente a úlcera venosa de estase, acarretam impacto relevante na morbidade dos pacientes.

Além disso, a presença de úlceras venosas pode comprometer significativamente a produtividade laboral, sendo responsável por afastamentos prolongados e, em muitos casos, aposentadorias por invalidez. Consequentemente, a doença também impõe limitações importantes nas atividades da vida diária e no lazer. Para diversos pacientes, a IVC representa um quadro de dor crônica, redução da mobilidade funcional e comprometimento significativo da qualidade de vida.

Prevalência de insuficiência venosa crônica

A prevalência da insuficiência venosa crônica (IVC) tende a aumentar progressivamente com o avanço da idade. Na Europa, estima-se que entre 5% e 15% dos adultos com idades entre 30 e 70 anos sejam acometidos pela doença e aproximadamente 1% apresenta úlcera varicosa ativa.

Nos Estados Unidos, cerca de 7 milhões de pessoas convivem com a IVC, a qual é responsável por aproximadamente 70% a 90% das úlceras localizadas nos membros inferiores.

No Brasil, um estudo epidemiológico realizado com 1.775 indivíduos da população de Botucatu – SP, identificou uma prevalência de varizes de 35,5%, além de formas mais graves de IVC, caracterizadas pela presença de úlcera ativa ou cicatriz de úlcera prévia, em 1,5% dos participantes.

Ademais, quanto aos principais fatores de risco associados à insuficiência venosa crônica, destacam-se:

  • Idade superior a 50 anos.
  • Histórico familiar da doença (hereditariedade).
  • Ação da pressão hidrostática gravitacional, especialmente em indivíduos que permanecem longos períodos em pé.
  • Influência dos hormônios sexuais femininos, o que justifica a maior prevalência e intensidade dos sintomas em mulheres.

Fisiopatologia da insuficiência venosa crônica

O sistema venoso periférico atua como um reservatório de sangue e é essencial para o retorno venoso ao coração. Para funcionar adequadamente, esse sistema depende da integridade das veias, válvulas e da ação das bombas musculares, especialmente nos membros inferiores. Nessas regiões, o sangue precisa vencer a gravidade para alcançar a circulação central, e isso é facilitado por válvulas unidirecionais que impedem o refluxo sanguíneo.

As veias das pernas dividem-se em superficiais, profundas e perfurantes. As veias superficiais incluem a veia safena magna, a safena parva e suas ramificações. Já as veias profundas são compostas por estruturas axiais, enquanto as perfurantes conectam os sistemas superficial e profundo.

Nesse contexto, a insuficiência venosa crônica ocorre quando há refluxo ou obstrução no fluxo venoso, geralmente devido a falhas nas válvulas das veias superficiais, profundas ou perfurantes, o que leva à hipertensão venosa nas extremidades inferiores.

A disfunção no sistema superficial costuma ocorrer por válvulas defeituosas ou dilatação venosa. Na maioria dos casos, o problema se localiza próximo à junção entre a veia safena magna e a veia femoral comum.

No sistema profundo, por outro lado, a causa mais comum é uma trombose venosa prévia, que provoca inflamação e danos permanentes às válvulas.

Classificações da insuficiência venosa crônica

Ao longo dos anos, diversas classificações foram propostas com o objetivo de padronizar os estágios da insuficiência venosa crônica (IVC). Atualmente, a classificação CEAP, que contempla os domínios clínico (C), etiológico (E), anatômico (A) e fisiopatológico (P), tornou-se a mais amplamente adotada em todo o mundo.

Essa padronização permite uma avaliação abrangente da IVC, levando em consideração os sinais e sintomas clínicos, a etiologia da doença, a distribuição anatômica das alterações venosas e os mecanismos fisiopatológicos envolvidos. Dentre os quatro componentes do sistema CEAP, o critério clínico (C) é o mais utilizado na prática para a estratificação da gravidade da doença.

Assim, a classificação clínica da IVC segundo o CEAP divide-se da seguinte forma:

  • C0: ausência de sinais visíveis ou palpáveis de doença venosa;
  • C1: presença de teleangiectasias e/ou veias reticulares;
  • C2: presença de veias varicosas;
  • C3: presença de edema;
  • C4: presença de alterações tróficas da pele, como hiperpigmentação, eczema, dermatite ocre e lipodermatoesclerose;
  • C5: presença de cicatriz decorrente de úlcera venosa já cicatrizada;
  • C6: presença de úlcera venosa ativa.

Manifestações clínicas da insuficiência venosa crônica

Os pacientes com insuficiência venosa crônica geralmente apresentam, nas fases iniciais, edema depressível nos membros inferiores, sensação de peso ou desconforto nas pernas, fadiga e prurido. Em muitos casos, os sintomas melhoram com o repouso e a elevação dos membros inferiores, sendo independentes da prática de exercícios físicos.

Com a progressão da doença, surgem sinais mais avançados, como alterações tróficas da pele: áreas de coloração esbranquiçada (indicando atrofia da derme), hiperpigmentação, dilatação capilar e, nos estágios mais graves, formação de úlceras venosas, principalmente na região do maléolo medial.

Por fim, durante o exame físico, é importante observar a presença de úlceras, avaliar pulsos distais e sinais de neuropatia, tanto na posição deitada quanto em pé. O teste de Trendelenburg, por exemplo, pode auxiliar na identificação da origem do refluxo venoso: se superficial ou profundo. Esse teste consiste em elevar a perna do paciente, esvaziar o sangue venoso, comprimir a região da virilha e solicitar que o paciente fique de pé. O padrão de enchimento venoso ajuda a indicar se o comprometimento é do sistema superficial ou profundo.

Tratamento da insuficiência venosa crônica

Atualmente, o tratamento da insuficiência venosa crônica (IVC) é composto por um conjunto de medidas terapêuticas que, combinadas, visam melhorar os sintomas clínicos, desacelerar a progressão da doença e evitar complicações mais graves, como a formação de úlceras venosas de estase.

A abordagem terapêutica baseia-se na integração de três pilares principais:

  • Compressão elástica.
  • Uso de medicações vasoativas.
  • Procedimentos intervencionistas ou cirúrgicos, quando bem indicados.

Em casos de úlcera venosa já estabelecida, o tratamento inclui a aplicação de curativos específicos, como a Bota de Unna, em conjunto com drogas que promovem melhora da hemodinâmica venosa.

Entre as estratégias conservadoras, a terapia de compressão graduada representa a base do manejo clínico. Meias elásticas, bandagens multicamadas e roupas ajustáveis aplicam pressão externa controlada, reduzindo a pressão hidrostática nos membros inferiores.

Outras medidas importantes incluem a elevação dos membros inferiores, a prática de exercícios físicos direcionados, além do controle do peso corporal.

O cuidado com a pele e com as lesões é essencial para prevenir infecções e complicações, como a transformação maligna de úlceras crônicas. Para isso, utilizam-se hidratantes, corticoides tópicos em casos de dermatite de estase e curativos com propriedades absorventes ou antimicrobianas, como os de hidrocoloide ou espuma.

Além disso, nos casos em que a resposta ao tratamento conservador é insatisfatória, indicam-se intervenções minimamente invasivas, como escleroterapia com espuma, ablação endovenosa por radiofrequência ou laser e, em situações mais complexas, a implantação de stents para tratar estenoses venosas ilíacas.

Em último caso, quando há falha das abordagens clínicas e minimamente invasivas, pode-se recorrer ao tratamento cirúrgico, que inclui ligadura e remoção de veias incompetentes, ou até técnicas de reconstrução valvar, como a valvoplastia ou transplante valvular.

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Autores: 

Caio Henrique Galvão Urzelin, Vitor Piquera de Oliveira. Discente do 10° semestre do curso de medicina da Universidade São Francisco. Orientador e docente do curso de medicina da Universidade São Francisco.

Referências

  • PATEL, S. K.; SUROWIEC, S. M. Venous Insufficiency. National Library of Medicine, 2024.
  • COSTA, L. M. Perfil clínico e sociodemográfico dos portadores de doença venosa crônica atendidos em centros de saúde de Maceió (AL). J. vasc. bras. 11 (2), 2012.

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