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Médicos mal formados: o erro invisível que custa caro à saúde

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Nos últimos anos, o mundo, e especialmente o Brasil, vive uma explosão no número de faculdades de medicina. Entre 2010 e 2023, o país saltou de cerca de 180 para mais de 370 escolas médicas. A promessa era simples: formar mais médicos para suprir a carência de profissionais. Mas o resultado tem mostrado outra face: uma geração de médicos com formação desigual, baixa resolutividade e alto risco de erro clínico.

Segundo dados da Associação Médica Brasileira (AMB), apenas 27% dos médicos no país completaram residência médica, etapa essencial para consolidar o raciocínio clínico e a tomada de decisão segura. O restante entra no mercado com lacunas práticas graves.

O problema? Esse déficit de preparo não fica restrito às salas de aula: ele explode dentro dos hospitais e consultórios, impactando diretamente os pacientes e os custos do sistema de saúde.

Quando a má formação vira custo e risco

Exames desnecessários

Médicos inseguros pedem mais exames. A AMB já alertou: “profissionais mal formados solicitam exames redundantes, prolongam internações e aumentam custos sem necessidade real”.

Nos Estados Unidos, um estudo publicado no JAMA Internal Medicine estimou US$ 6,7 bilhões anuais em gastos desnecessários com testes clínicos mal indicados. No Brasil, o mesmo padrão se repete — e cada tomografia ou ressonância sem indicação clínica representa desperdício e exposição do paciente a riscos desnecessários.

Aumento de iatrogenias

A iatrogenia, danos causados por ações médicas, é uma das consequências mais graves da formação deficiente. Entre 1990 e 2019, o número de pacientes lesionados por falhas médicas cresceu 59% no mundo, segundo o BMJ Quality & Safety.

Nos países em desenvolvimento, 83% desses danos seriam evitáveis com melhor capacitação profissional e protocolos clínicos. Cada erro não é apenas uma estatística: é uma vida afetada por decisões que poderiam ter sido diferentes com melhor preparo.

Retardo no diagnóstico e no tratamento

Erros diagnósticos são um dos maiores gargalos da medicina moderna. O Institute of Medicine (EUA) aponta a falta de conhecimento e experiência clínica como uma das principais causas de diagnóstico tardio. E o custo disso é alto: quanto mais tempo o tratamento demora a começar, maior o risco de complicações, sequelas e até morte. Como sintetizou a Associação dos Estudantes de Medicina do Brasil:

“Cada lacuna no conhecimento, cada demora no diagnóstico, cada tratamento insuficiente pode custar uma vida.”

O impacto econômico: o preço do despreparo

O despreparo médico não é apenas um drama humano, é também um problema financeiro colossal.
A OMS estima que 10% dos pacientes sofrem algum tipo de dano durante o cuidado hospitalar, e que cerca de 3 milhões de mortes por ano poderiam ser evitadas com práticas seguras.

No Brasil, o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar calcula que 6 pessoas por hora morrem em hospitais por falhas evitáveis, e 30% desses eventos têm origem em erro humano direto.

O resultado?

  • Desperdício de recursos públicos;
  • Judicialização crescente da medicina;
  • Desconfiança da população;
  • Sobrecarga dos sistemas hospitalares.

Em última instância, formar mal é gastar duas vezes: primeiro com a educação ruim, depois com o tratamento das consequências dela.

Educação médica de qualidade é política de saúde pública

A formação médica é o maior determinante silencioso da qualidade assistencial. Investir na qualidade do ensino — seja com currículos modernos, residência obrigatória, mentoria prática ou avaliação contínua — é uma medida de saúde pública, não apenas educacional.

A própria OMS reforça: “Investir em segurança do paciente impacta positivamente os resultados em saúde, reduz custos e melhora a eficiência dos sistemas.”

Conclusão: o futuro da medicina depende da educação

Nenhum avanço tecnológico compensa uma base médica frágil. Formar bem é o primeiro passo para reduzir iatrogenias, custos desnecessários e sofrimento evitável.

O futuro da medicina brasileira passa por uma decisão simples, porém corajosa: priorizar qualidade na formação médica, e não quantidade de diplomas.

Referências bibliográficas

  • Associação Médica Brasileira (AMB)Nota sobre qualidade da formação médica e riscos à assistência à saúde. Disponível em: amb.org.br
  • BMJ Quality & Safety (2022)Global, regional, and national burden of iatrogenic harm, 1990–2019: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study.
  • World Health Organization (2021)Patient Safety: Global Action on Patient Safety Report.
  • Institute of Medicine (U.S.)Improving Diagnosis in Health Care, National Academies Press, 2015.
  • JAMA Internal Medicine (2017)Waste in the US Health Care System: Estimated Costs and Potential for Savings.
  • Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS)Erros assistenciais em hospitais brasileiros e seus impactos econômicos.
  • Associação dos Estudantes de Medicina do Brasil (AEMED-BR)Manifesto sobre a qualidade da formação médica e segurança do paciente, 2023.
  • Organização Mundial da Saúde (OMS)Global Patient Safety Action Plan 2021–2030.
  • OCDE (2020)Health at a Glance: How Quality of Training Influences Outcomes.

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