Medicina hiperbárica: especialização, mercado de trabalho e mais

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O oxigênio é um elemento essencial para a vida humana, mas você sabia que ele também pode ser utilizado para curar?

Quando inalado sob alta pressão, o oxigênio funciona como remédio e esse tratamento é conhecido como oxigenoterapia hiperbárica (OHB). 

Administrado pelo médico especializado em Medicina Hiperbárica, esse método consiste em fazer o paciente respirar oxigênio puro, já que o gás consegue alcançar os locais em cicatrização e acelerar esse processo.

Para que isso seja possível, o paciente é colocado em uma câmara hiperbárica. Ambiente com pressão mais alta do que a atmosfera terrestre. 

A oxigenoterapia hiperbárica é indicada para feridas que apresentam dificuldades de cicatrização, como úlceras, e infecções difíceis de tratar por outros métodos. 

Algumas das indicações mais importantes são para tratamento de úlceras varicosas, complicações de feridas cirúrgicas, lesões causadas por tratamentos de radioterapia e pé diabético.

Veja algumas outras indicações do Conselho Federal de Medicina: 

  • Celulites
  • Fasceítes 
  • Miosites
  • Úlceras de pele
  • Gangrena gasosa
  • Embolias gasosas
  • Lesões por radiação
  • Doença descompressiva
  • Embolias traumáticas pelo ar
  • Queimaduras térmicas e elétricas
  • Envenenamento por cianeto ou derivados cianídricos
  • Envenenamento por monóxido de carbono ou inalação de fumaça
Medicina Hiperbárica

O especialista e a rotina na Medicina Hiperbárica

A principal função do Médico Hiperbarista é prescrever e administrar a oxigenoterapia hiperbárica. Para isso, ele deve conversar com os pacientes e realizar exames físicos para determinar se o mesmo é um candidato adequado para tratamento.

Esse especialista também realiza revisões periódicas para monitorar o progresso do paciente, seja para indicar novas sessões ou a suspensão da terapia.

Para atuar na área, o especialista deve ter conhecimentos de cirurgia, infectologia, pneumologia e medicina intensiva. 

O Médico Hiperbarista geralmente trabalha com horários fixos, tendo baixo risco de alterações na rotina. 

No dia a dia, a relação com cirurgiões vasculares, plásticos, ortopedistas, endocrinologistas, médicos do trabalho e outras especialidades é constante e reflete na qualidade do atendimento.

Mercado de trabalho e áreas de atuação

Além de atender pacientes com ferimentos, o Médico Hiperbarista também lida com mergulhadores e trabalhadores que sofreram acidentes ao realizar escavações com ar comprimido nos tubulões, estrutura bastante utilizada na construção de pontes e viadutos. 

A terapia com oxigênio consta na lista de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) desde 2010, porém a oferta de serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) depende de realização de convênios e contratos de prestação de serviço de forma individual com secretarias de saúde.

Apesar disso, no Brasil ainda existe um déficit de serviços de Medicina Hiperbárica. Tal situação pode ser vista como uma limitação para a inserção do profissional no mercado de trabalho, porém também gera oportunidades para o médico que tiver interesse em empreender. 

No site da Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica (SBMH) estão cadastrados 95 clínicas brasileiras que oferecem o tratamento, além de 253 médicos registrados como especialistas. 

Geralmente, os contratos de trabalho são em serviços privados por meio da contratação do profissional como Pessoa Jurídica, com salários negociados baseados em um valor fixo adicionado a um valor variável relacionado à produção do serviço.

A Medicina Hiperbárica é considerada área de atuação de pneumologistas, médicos do trabalho, cirurgiões e médicos intensivistas. No entanto, ela é exercida por médicos de formações diversas, provavelmente pela falta de programas de residência que incorporem esta especialidade.

Segundo os sites de pesquisa sobre mercado de trabalho (Salários.com, Cargos.com e outros), nos últimos meses não houve contratações e nem demissões de profissionais desta especialidade. Por isso, não podemos trazer uma base de valores de remuneração.

*Observação: últimos meses se referindo ao ano de 2021.

A especialização em Medicina Hiperbárica

A Medicina Hiperbárica ainda não conta com status de especialidade, apenas como área de atuação, sendo então uma subespecialidade. 

Para que o especialista seja reconhecido como tal, ele precisa seguir as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica (SBMH) e fazer um curso de formação reconhecido pela mesma, ou que venha a preencher os critérios de aceitação da Sociedade. 

No programa oferecido pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, por exemplo, o médico interessado cursará  400 horas no período de 12 meses. As aulas teóricas e práticas ocorrem quinzenalmente às sextas-feiras e aos sábados.

Também é possível realizar cursos anuais de extensão universitária em medicina hiperbárica. Além disso, existem cursos em instituições militares, como os Cursos da Marinha do Brasil, ministrados no Centro de Instrução Almirante Áttila Monteiro Aché (Ciama) em Niterói/RJ.

A origem da Medicina Hiperbárica

O surgimento da oxigenoterapia hiperbárica aconteceu em 1662, 110 antes da descoberta do oxigênio. 

O médico inglês Henshaw foi o responsável por descobrir que, ao colocar pessoas feridas dentro de um sistema fechado com ar bombeado com um sistema de válvulas, o processo de cura era acelerado.  

As primeiras câmaras de aplicação de pressão de ar, no entanto, foram criadas apenas em 1830. Espalhadas por toda a Europa pelos médicos Junod e Pravaz.

Elas eram fonte de “banhos de ar comprimido” com os quais eram tratadas doenças como: 

  • cólera
  • surdez
  • anemias
  • coqueluche
  • hemorragias
  • tuberculose pulmonar

Na primeira metade do século XX, a Medicina Hiperbárica foi usada para tratamento de descompressão com aviadores e mergulhadores. Além de também tratar feridas e complicações de armas químicas nas tropas da Segunda Guerra Mundial.

No Brasil, o Professor gaúcho Dr. Álvaro Ozório de Almeida foi o primeiro médico a relatar os efeitos da terapia em diagnósticos de Hanseníase em pacientes humanos em 1934.

Apenas em 1967 foi instalada a primeira câmera hiperbárica no país. Na Base Naval Marcílio Dias, na cidade do Rio de Janeiro. Local onde está a Força de Submarinos da Marinha brasileira. 

A prática nacional da medicina hiperbárica foi regulamentada em 15 de setembro de 1995 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

 A Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica (SBMH) foi fundada em 1983. Com o objetivo de padronizar e regulamentar a formação de profissionais. Além de estabelecer as diretrizes de utilização da técnica em nosso país,

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