Marcapassos cardíacos são dispositivos que detectam eventos elétricos e respondem, quando necessário, com a liberação de estímulos elétricos ao coração.
O coração tem seu próprio “marcapasso natural”, chamado nó sinusal ou nó sinoatrial. Ele envia impulsos elétricos regulares, que viajam através de “caminhos elétricos” dentro do coração, fazendo com que os ventrículos (as duas câmaras inferiores do coração) façam o bombeamento do sangue do coração para os pulmões e para o resto do corpo, fazendo o sangue circular por todo o organismo.
Os marcapassos permanentes podem ser implantados através de toracotomia ou por via intravenosa. Contudo, em situações de emergências, pode-se lançar mão de marcapassos temporários, que são implantados na parede torácica.

Imagem: Fotografia de um marcapasso definitivo. Fonte: https://bit.ly/39QUdGz
São usados no tratamento de arritmias cardíacas, em especial das bradiarritmias, a depender da gravidade e das manifestações clínicas. Todas essas características serão mais detalhadas a seguir.
HORA DA REVISÃO: Bradiarritmias consistem em distúrbios de condução elétrica nos quais a frequência cardíaca é inferior a 50 bpm. O ritmo pode estar regular ou irregular. Existe também a bradicardia relativa, na qual tem-se uma frequência cardíaca inferior àquela esperada para determinada condição.
Indicações para o uso de Marcapassos
Existem diversas indicações para a instalação de um marcapasso, mas, de forma geral, marcapassos têm o seu uso indicado para tratamentos de determinados tipos de bradiarritmias.
Algumas taquiarritmias também podem ser interrompidas através do chamado overdrive pacing ou sobre estimulação, isto é, um breve período de estimulação artificial a uma frequência mais elevada para posterior redução à frequência desejada.
Entretanto, essas arritmias são melhores tratadas com dispositivos capazes de fazer cardioversão e desfibrilação, sendo os marcapassos indicados principalmente para as bradiarritmias.
Os principais tipos de bradiarritmias que possuem indicação de implementação de marcapasso são:
- Bloqueio atrioventricular de 2º grau Mobitz II;
- Bloqueio atrioventricular total (BAVT);
- Bloqueio atrioventricular de 1º ou de 2º grau irreversível e sintomático;
- Outros bloqueios sintomáticos.
Os bloqueios atrioventriculares (BAV) estão entre os principais causadores de bradiarritmias, mesmo que nem todos os BAV resultem em baixa frequência cardíaca. Estes bloqueios são subdivididos em três tipos maiores: 1º, 2º ou 3º graus.
No BAV de 1º grau, o intervalo PR tem duração maior que 0,2 segundos (> 200 ms), porém todas as ondas P geram um complexo QRS, como pode ser visto no eletrocardiograma apresentado na imagem a seguir. Esse tipo de bloqueio é considerado benigno, uma vez que suas causas geralmente são reversíveis.

Imagem: ECG com BAV de 1º grau: ECG de ritmo sinusal regular e aumento do intervalo PR. Fonte: Manual de Clínica Médica.
Já no BAV de 2º grau, nem toda onda P gera um complexo QRS. Eles ainda se subdividem em dois subtipos: o BAV de 2º grau Mobtiz tipo 1 e o BAV de 2º grau Mobtiz tipo 2.
O BAV de 2º grau Mobtiz tipo 1 apresenta um aumento progressivo do intervalo PR até o aparecimento obrigatório de um bloqueio, isto é, onde uma onda P não gera um QRS. Há posterior retorno do ritmo sinusal, com o intervalo PR pós-bloqueio menor do que este mesmo intervalo pré-bloqueio.

Imagem: ECG com BAV de 2º grau Mobitz I: ECG de ritmo sinusal regular e aumento progressivo do intervalo PR até que ocorra um bloqueio obrigatório. Fonte: Manual de Clínica Médica.