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O luto, o cuidado e a despedida: reflexões científicas e humanas inspiradas pela trajetória de Preta Gil

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A morte de Preta Gil, em julho de 2025, mobilizou o país e reacendeu debates sobre como lidamos, comunicamos e vivenciamos o luto. O artigo “O cuidado, a canção e a despedida: Preta Gil não ‘perdeu’ para o câncer”, publicado na coluna “Com a Palavra” da revista VEJA Saúde (22 de julho de 2025), também propõe uma reflexão profunda sobre as metáforas e os discursos que permeiam a experiência do adoecimento e da morte. Mais do que um obituário, o texto convida a repensar a linguagem de guerra (“batalha”, “derrota”, “guerreira”) frequentemente utilizada para descrever trajetórias de pacientes com doenças graves, pois, muitas vezes, essas metáforas reduzem e distorcem experiências humanas complexas.

Este convite à reflexão é especialmente relevante quando consideramos o luto sob a ótica da psicologia e dos Cuidados Paliativos. O luto é uma resposta natural à perda, mas sua vivência é profundamente influenciada por fatores culturais, sociais, emocionais e biológicos. Compreender suas fases, reconhecer o luto antecipatório e distinguir o luto normal do luto complicado são tarefas essenciais para profissionais de saúde, familiares e para a sociedade em geral.

Nesta coluna, exploraremos o processo do luto a partir de uma perspectiva científica e empática, enquanto dialogamos com a experiência pública de Preta Gil e com os principais modelos teóricos científicos. Abordaremos desde o processo que antecede a despedida, passando pelas fases clássicas do luto, até os critérios e exemplos do luto complicado, sempre utilizando uma linguagem acessível e acolhedora.

O luto: definições e conceitos fundamentais

O luto pode ser definido como um conjunto de respostas biopsicossociais diante da ruptura de um vínculo significativo. Trata-se de uma experiência universal, porém profundamente singular. Ele é marcado por manifestações emocionais (tristeza, raiva, culpa), cognitivas (confusão, descrença), comportamentais (isolamento, agitação) e fisiológicas (insônia, fadiga).

Freud, em seu clássico “Luto e Melancolia”, já diferenciava o luto da melancolia, ressaltando que o luto é uma reação esperada e não patológica à perda, enquanto a melancolia envolve uma perturbação mais profunda da autoestima. Do mesmo modo, a teoria do apego, desenvolvida por John Bowlby, contribui para a compreensão do luto ao enfatizar que a dor da perda está relacionada à ruptura de vínculos afetivos fundamentais.

O luto, portanto, não se restringe à morte física: pode ser desencadeado por perdas simbólicas, como o fim de um relacionamento, a perda de um emprego ou de um ideal. No entanto, embora o luto seja natural, ele pode se complicar em determinadas circunstâncias, levando ao chamado luto complicado ou prolongado, que será explorado mais adiante.

Luto antecipatório: quando a despedida começa antes da morte

O senso comum costuma associar o luto ao momento posterior à morte. Entretanto, na prática clínica e na literatura científica, reconhece-se que o luto pode começar antes da perda definitiva, especialmente em casos de doenças graves ou terminais. Esse fenômeno é chamado de luto antecipatório.

O termo foi cunhado por Therese Rando nos anos 1980 e refere-se ao conjunto de reações emocionais, cognitivas e comportamentais vividas diante da iminência da morte. O luto antecipatório pode se manifestar desde o diagnóstico, e, à medida que a perda se torna mais provável, tende a se intensificar.

Características e sintomas do luto antecipatório

O luto antecipatório compartilha muitos sintomas com o luto tradicional, incluindo:

  • Tristeza profunda e choro frequente
  • Ansiedade e preocupação constante
  • Sentimentos de culpa ou raiva
  • Ambivalência entre o desejo de que o sofrimento do outro acabe e a dor da perda iminente
  • Isolamento social e sensação de solidão
  • Dificuldade de concentração e lapsos de memória
  • Alterações no sono e no apetite

Além disso, o luto antecipatório pode envolver a elaboração de despedidas simbólicas, a criação de memórias (cartas, fotos, músicas) e a busca por sentido diante da finitude.

O luto antecipatório em cuidados paliativos

Nos cuidados paliativos, o luto antecipatório é reconhecido como um fenômeno central, tanto para pacientes quanto para familiares. A abordagem interdisciplinar, que inclui médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais, busca oferecer suporte emocional, espiritual e prático, promovendo a qualidade de vida até o fim e preparando todos para a despedida.

Desse modo, validar o luto antecipatório é fundamental para reduzir o sofrimento e prevenir complicações emocionais futuras. Estudos mostram que familiares e cuidadores que recebem apoio psicológico durante a fase final da vida têm menor risco de desenvolver luto complicado após o falecimento. Assim, investir em escuta, acolhimento e orientação não é apenas desejável, mas uma medida concreta de promoção de saúde mental.

Exemplos e impactos

O artigo sobre Preta Gil ilustra, de forma sensível, como o luto antecipatório pode ser vivido publicamente. A cantora, ao compartilhar suas vulnerabilidades, dores e momentos de afeto, permitiu que familiares, amigos e fãs iniciassem um processo de despedida gradual, marcado por rituais simbólicos (como a apresentação ao lado do pai, Gilberto Gil) e pela valorização do cuidado mútuo.

Por outro lado, nem todos vivenciam o luto antecipatório da mesma forma. Para alguns, a morte encerra um ciclo de sofrimento, trazendo até certo alívio; para outros, o impacto real só começa após a perda definitiva. Nesse contexto, a oscilação entre momentos de enfrentamento da dor e de reorganização da vida é considerada saudável e esperada, conforme o Modelo de Dupla Processual do Luto, proposto por Stroebe e Schut.

As fases do luto: modelos teóricos e suas aplicações

O modelo das cinco fases de Kübler-Ross

O modelo mais conhecido sobre as fases do luto foi proposto pela psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross, em 1969, no livro “Sobre a Morte e o Morrer”. Embora originalmente desenvolvido para pacientes com doenças terminais, o modelo foi amplamente aplicado à experiência de familiares e enlutados em geral. As cinco fases são:

  1. Negação: Recusa em aceitar a realidade da perda. Pode se manifestar como choque, incredulidade ou sensação de irrealidade.
  2. Raiva: Sentimento de revolta, injustiça ou busca por culpados. Pode ser direcionada a si mesmo, a outros ou até à pessoa que partiu.
  3. Barganha: Tentativas de negociar com o destino, com Deus ou com a própria realidade, buscando reverter ou adiar a perda.
  4. Depressão: Tristeza profunda, sensação de vazio, apatia e desânimo. É o momento de contato mais intenso com a dor da ausência.
  5. Aceitação: Reconhecimento da realidade da perda e início da reorganização da vida. Não significa ausência de dor, mas a possibilidade de seguir em frente.

Contudo, Kübler-Ross enfatizava que essas fases não são lineares nem obrigatórias: cada pessoa pode vivenciá-las em ordem diferente, repetir algumas ou não passar por todas. Assim, o modelo deve ser entendido como uma forma de organizar a compreensão do processo, e não como uma “receita” de como alguém deveria sentir.

Críticas e limitações do modelo de Kübler-Ross

Apesar de sua popularidade, o modelo das cinco fases recebeu críticas importantes. Pesquisadores apontam que o luto é um fenômeno mais complexo e individualizado do que o modelo sugere, sendo influenciado por fatores culturais, de personalidade, contexto da perda e suporte social. Além disso, estudos recentes indicam que muitas pessoas não passam por todas as fases, ou as vivenciam de forma não sequencial, e que a resiliência é mais comum do que se imaginava.

Além disso, há o risco de que o modelo se torne prescritivo, levando enlutados a se sentirem inadequados por não seguirem a “ordem correta” das fases. Por isso, profissionais de saúde são orientados a utilizar o modelo como uma referência flexível, e não como um roteiro rígido. Em outras palavras, as fases podem ajudar a nomear e validar sentimentos, mas não devem ser usadas como régua para julgar o luto de alguém.

Modelos alternativos do luto

Diversos autores propuseram modelos alternativos para compreender o luto:

  • John Bowlby: Quatro fases: entorpecimento, anseio, desorganização/desespero e reorganização.
  • Colin Murray Parkes: Fases semelhantes às de Bowlby, com ênfase na interiorização do ente perdido e na reconstrução de sentido.
  • J. William Worden: Quatro tarefas do luto: aceitar a realidade da perda, elaborar a dor, ajustar-se ao ambiente sem o ente querido e reposicionar emocionalmente a pessoa que partiu.
  • Robert Neimeyer: Foco na reconstrução de significado e na reinvenção de si mesmo após a perda.
  • Modelo de Dupla Processual (Stroebe & Schut): Alternância entre enfrentamento da perda e restauração da vida, reconhecendo a oscilação natural entre dor e adaptação.

Em conjunto, esses modelos reforçam a ideia de que o luto é um processo dinâmico, multifacetado e profundamente pessoal, que pode ser influenciado por fatores culturais, espirituais e contextuais.

Luto complicado: quando a dor não passa

Definição e critérios diagnósticos

O luto complicado, também chamado de luto prolongado ou patológico, é caracterizado por uma reação intensa, persistente e incapacitante à perda, que ultrapassa o tempo esperado para a adaptação e interfere significativamente na vida cotidiana. Segundo os critérios do DSM-5-TR e da CID-11, o diagnóstico pode ser considerado quando os sintomas persistem por mais de 6 a 12 meses, incluindo:

  • Saudade intensa e dor emocional avassaladora
  • Dificuldade em aceitar a morte
  • Preocupação persistente com o falecido
  • Sentimento de vazio, desesperança ou falta de sentido na vida
  • Isolamento social e incapacidade de retomar atividades cotidianas
  • Pensamentos recorrentes de culpa ou autoacusação
  • Desejo de morrer para se reunir ao ente perdido

O luto complicado é distinto de outros transtornos psiquiátricos, como depressão maior ou transtorno de estresse pós-traumático, embora possa coexistir com eles. Por isso, a avaliação cuidadosa por profissionais de saúde mental é indispensável.

Epidemiologia e fatores de risco

Estudos indicam que cerca de 7% a 10% dos enlutados desenvolvem luto complicado, embora essa prevalência possa ser maior em situações de perdas traumáticas, morte de filhos, mortes violentas ou ausência de rituais de despedida. Fatores de risco incluem:

  • Dificuldade de preparação para a perda
  • História prévia de transtornos mentais (depressão, ansiedade)
  • Relação de dependência com o falecido
  • Múltiplas perdas anteriores
  • Falta de suporte social
  • Circunstâncias traumáticas ou inesperadas da morte

Dessa forma, conhecer esses fatores permite identificar pessoas mais vulneráveis e planejar intervenções preventivas.

Sintomas e exemplos clínicos

O luto complicado pode se manifestar de diversas formas, incluindo:

  • Dor persistente e incapacitante: A pessoa sente como se a perda tivesse ocorrido ontem, mesmo após meses ou anos.
  • Evitação ou apego excessivo às lembranças: Alguns evitam tudo que remete ao falecido; outros mantêm altares ou falam do ente como se ainda estivesse presente.
  • Culpa intensa e autoacusação: Pensamentos recorrentes de que poderia ter feito algo diferente para evitar a morte.
  • Perda de sentido e motivação: Incapacidade de encontrar prazer ou propósito na vida.
  • Pensamentos suicidas: Desejo de morrer para se reunir ao ente perdido, especialmente preocupante e requerendo intervenção imediata.

Tratamentos baseados em evidências

O tratamento do luto complicado é multidisciplinar e pode incluir:

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Focada na reestruturação de pensamentos disfuncionais, exposição gradual às lembranças e desenvolvimento de estratégias de enfrentamento.
  • Terapia de Reconstrução de Significado: Ajuda o enlutado a ressignificar a perda e encontrar novos propósitos.
  • Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT): Promove a aceitação das emoções dolorosas e o engajamento em atividades significativas.
  • Terapia de Grupo: Compartilhamento de experiências e suporte mútuo.
  • Farmacoterapia: Antidepressivos podem ser indicados em casos de comorbidade com depressão maior, mas não são o tratamento de primeira linha para o luto complicado.

Em síntese, a escolha do tratamento deve ser individualizada, considerando as necessidades, preferências e contexto do enlutado.

O papel dos cuidados paliativos e da abordagem interdisciplinar

Os cuidados paliativos são fundamentais para o manejo do luto, especialmente do luto antecipatório. Essa abordagem visa promover a qualidade de vida de pacientes com doenças graves e de seus familiares, oferecendo suporte físico, emocional, social e espiritual desde o diagnóstico até o acompanhamento do luto.

A atuação da equipe interdisciplinar inclui:

  • Comunicação clara e empática: Utilização de protocolos como o SPIKES para transmitir más notícias de forma sensível.
  • Promoção de rituais de despedida: Rituais simbólicos, como velórios, missas, cartas e músicas, ajudam na elaboração do luto e na integração da perda.
  • Valorização da espiritualidade e religiosidade: O suporte espiritual pode ser um fator protetor importante, auxiliando na busca de sentido e conforto.
  • Apoio contínuo à família: O acompanhamento não termina com a morte do paciente; o suporte ao luto deve ser mantido, prevenindo complicações emocionais.

A experiência de Preta Gil, marcada pela autenticidade, pelo compartilhamento de vulnerabilidades e pela valorização do afeto, ilustra a importância de uma abordagem centrada no cuidado e na dignidade, em oposição à narrativa de batalha e heroísmo.

Aspectos culturais e sociais do luto no Brasil

O luto é profundamente influenciado pela cultura, religião e práticas sociais. No Brasil, rituais como velórios, missas de sétimo dia, visitas a cemitérios e homenagens em datas significativas (como o Dia de Finados) desempenham papel central na elaboração da perda. A ausência desses rituais, como ocorreu durante a pandemia de COVID-19, foi associada a maior risco de luto complicado em diversos estudos.

Além disso, o luto pode ser estigmatizado ou silenciado em determinados contextos, dificultando a expressão do sofrimento e o acesso ao apoio necessário. Por isso, é fundamental reconhecer e validar todas as formas de luto, incluindo perdas simbólicas, lutos não reconhecidos socialmente (como a perda de animais de estimação ou abortos espontâneos) e o luto na terceira idade, que pode ser agravado pelo isolamento e pela multiplicidade de perdas acumuladas.

Comunicação pública sobre morte: metáforas de guerra versus narrativas de cuidado

O artigo-base sobre Preta Gil critica o uso de metáforas de guerra para descrever o adoecimento e a morte, argumentando que tais expressões (“batalha”, “guerreira”, “derrota”) impõem expectativas irrealistas de força e positividade, além de sugerirem que a morte é um fracasso pessoal. Pesquisas recentes confirmam que a linguagem bélica pode aumentar o estigma, o fatalismo e a culpa entre pacientes e familiares, dificultando a vivência autêntica do luto e do cuidado. Em contraste, narrativas que valorizam o cuidado, a vulnerabilidade, o afeto e a autenticidade promovem maior acolhimento e compreensão, permitindo que o sofrimento seja reconhecido e compartilhado sem julgamentos. A experiência pública de Preta Gil, ao expor suas fragilidades e celebrar momentos de comunhão, representa um exemplo inspirador de como é possível viver plenamente até os últimos dias, mesmo diante da finitude.

Recomendações práticas para familiares, cuidadores e profissionais

Como apoiar alguém em luto normal

  • Esteja presente: Ofereça companhia e disponibilidade, mesmo que à distância.
  • Escute sem julgar: Permita que a pessoa fale sobre seus sentimentos e memórias, sem tentar apressar o processo ou minimizar a dor.
  • Evite frases feitas: Expressões como “ele está em um lugar melhor” ou “você precisa ser forte” podem soar insensíveis. Prefira dizer “sinto muito pela sua dor” ou “estou aqui para o que precisar”.
  • Respeite o tempo do outro: O luto não tem prazo fixo; cada pessoa tem seu ritmo.
  • Incentive rituais de despedida: Homenagens, cartas, álbuns de fotos e celebrações simbólicas ajudam na elaboração da perda.
  • Apoie o autocuidado: Estimule hábitos saudáveis, alimentação adequada, sono e atividades prazerosas.

Quando buscar ajuda profissional

  • Sintomas intensos e persistentes: Tristeza, culpa, raiva ou isolamento que não diminuem com o tempo.
  • Incapacidade de retomar atividades cotidianas: Dificuldade para trabalhar, cuidar de si ou dos outros.
  • Pensamentos suicidas ou desejo de morrer: Procure ajuda imediatamente.
  • Sintomas físicos inexplicáveis: Insônia, perda de apetite, dores persistentes.
  • Histórico de transtornos mentais ou múltiplas perdas anteriores.

Para profissionais de saúde

  • Capacite-se em comunicação de más notícias: Utilize protocolos como o SPIKES para transmitir informações difíceis de forma empática e clara.
  • Valorize a escuta ativa e a validação emocional: Reconheça o sofrimento sem patologizar o luto normal.
  • Promova o trabalho interdisciplinar: Envolva psicólogos, assistentes sociais, capelães e outros profissionais no cuidado ao paciente e à família.
  • Ofereça suporte contínuo após a morte: O acompanhamento do luto deve ser mantido, prevenindo complicações emocionais.
  • Respeite a diversidade cultural e religiosa: Adapte as intervenções às crenças e práticas de cada família.

Leituras recomendadas

“Sobre a morte e o morrer” – Elisabeth Kübler-Ross

“Luto: estudos sobre a experiência da perda” – Colin Murray Parkes

“Em busca de sentido” – Viktor E. Frankl

“Os cinco convites” – Frank Ostaseki

“O resgate da empatia” – Gabriela Casellato

Sites e serviços de apoio no Brasil

Filmes

  • “Viva – A Vida é uma Festa” (Pixar)
  • “Soul” (Pixar)
  • “Sete Minutos Depois da Meia-Noite” (Juan Antonio Bayona)
  • “O Caderno de Tomy” (Carlos Sorín)

Considerações finais: o luto como jornada de cuidado, amor e transformação

O luto é uma experiência inevitável e profundamente humana, que nos confronta com a finitude, a vulnerabilidade e a necessidade de reconstruir sentido diante da ausência. A trajetória de Preta Gil, marcada pela autenticidade, pelo afeto e pela coragem de compartilhar fragilidades, nos ensina que viver com uma doença grave não é sobre vencer ou perder, mas sobre viver plenamente, com tudo o que isso implica: limites, alegrias, sofrimento, amor e consciência da finitude.

Ao repensarmos as narrativas sobre o adoecimento e a morte, substituindo metáforas de guerra por discursos de cuidado e acolhimento, abrimos espaço para que o luto seja vivido de forma mais autêntica, compassiva e transformadora. Validar o sofrimento, oferecer suporte e respeitar o tempo de cada um são atitudes fundamentais para promover a saúde mental e prevenir complicações emocionais.

Se você está vivendo um luto, lembre-se: não existe um jeito certo ou errado de sentir. Permita-se viver a dor, buscar apoio e, aos poucos, encontrar novos significados para a vida. O luto não é uma doença, mas pode se tornar um fardo insuportável se vivido em solidão ou silenciado pelo estigma. Buscar ajuda é um ato de coragem e cuidado consigo mesmo.

Que possamos, assim, como sociedade, aprender a falar sobre a morte com mais honestidade, empatia e humanidade, reconhecendo que ninguém deve carregar, nem em vida nem depois da morte, o peso de ter sido “um guerreiro que perdeu”. Porque, como nos lembra a canção, “o amor que se transforma, que resiste e permanece” é o elo maior, capaz de atravessar até mesmo a despedida final.















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