Carreira em Medicina

Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) na adolescência

Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) na adolescência

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Imagem de perfil de Comunidade Sanar

Confira o que você precisa saber sobre IST na adolescência, dos tipos mais comuns as principais ações de prevenção!

A adolescência em si uma fase dita “complicada” e a educação sexual um assunto tido como polêmico. Como lidar com esses desafios na prática clínica?

O objetivo deste artigo é trazer respostas para as principais dúvidas sobre este tema. Além disso, abordamos a importância do acolhimento do paciente.

O que é uma IST?

A SBP define: “As IST são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos, transmitidos principalmente por contato sexual (vaginal, anal e/ou oral) sem o uso de preservativo masculino ou feminino, com uma pessoa que esteja infectada.

A transmissão pode ainda acontecer de mãe para filho durante a gestação, o parto ou a amamentação (transmissão vertical), e pela utilização de seringas, agulhas ou outro material perfurocortante partilhado”.

IST na adolescência: quais os tipos mais?

No Brasil, as ISTs ainda não são de notificação obrigatória (nem compulsória imediata ou semanal), por isso epidemiologicamente há um vácuo de informações sobre quantos adolescentes são infectados, ou se mesmo há a procura de um profissional de saúde.

Geralmente só é procurado quando há exacerbação de um sintoma ou sinal. Sabendo disso, ainda se pode elencar algumas doenças como as mais comuns no país, tais como:

  • Gonorreia,
  • Clamídia,
  • Sífilis,
  • HPV e
  • Herpes Genital.

Além dessas, deve-se citar outras doenças, como o HIV, que sem tratamento pode evoluir para AIDS. Outras menos ouvidas, pois causam sintomas às vezes leves e/ou passageiros como, Candidíase, Tricomoníase, Vaginoses Bacterianas e Verrugas genitais.

Essas citadas ainda são as mais “conhecidas” pelos adolescentes, porém saber somente o nome não ajudará nosso paciente.

IST na adolescência: qual médico atende esta questão?

Desde 1974, há no Brasil uma especialidade para essa faixa etária chamada Hebiatra. Essa especialidade esta atrelada à pediatria.

Os hebiatras são os médicos mais habilitados e preparados para lidar com os temas ligados à adolescência como a puberdade, estirão de crescimento, mudanças corporais, físicas e psicossociais.

Caso não haja na região esse especialista, o Pediatra deve ser o mais recomendado para acolher esse paciente, e depois um Clínico Geral. Ainda no caso do sexo feminino, pode-se procurar um(a) Ginecologista/Obstetra.

No sexo masculino, prefere-se um Urologista que também atende pacientes do sexo oposto, tal como o Infectologista que atende todas as faixas etárias e ambos sexos.

O mais acessível à comunidade como um todo é o Médico de Família e Comunidade, ou mais conhecido como o médico do “postinho” ou UBS, que também tem competências imensuráveis para tratar todo e qualquer paciente na atenção primária.

Quem é considerado “adolescente”?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência se inicia aos 10 anos e termina aos 19 anos completos e assim também considera a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define essa faixa etária dos 12 aos 18 anos, e em situações especiais até aos 21 anos. O Ministério da Saúde considera ainda uma faixa etária maior, dos 10 aos 24 anos.

Desafios do atendimento deste perfil de paciente

Na maioria das vezes, o adolescente não se abrirá facilmente sobre sua vida sexual, se ela é ativa ou não, ou se utiliza materiais perfuro cortantes em uso de drogas ilícitas.

Por isso, os médicos devem pensar em alternativas de abordagem e explicação mais clara para melhor entendimento com menos termos técnicos, e também de uma forma não tão agressiva, porém que não menospreze a gravidade de cada doença.

Lembrando que a OMS adotou o termo “infecção” ao invés de “doença” na sigla, IST para DST, para até deixar mais claro que a transmissão pode ser realizada mesmo se um dos participantes do ato sexual não tiver sinais ou sintomas.

IST na adolescência e a importância da educação sexual

A educação sexual é uma forma do adolescente saber mais sobre o que acontece no seu corpo na puberdade, fase praticamente obrigatória ao ser humano, e por que passar por uma fase de mudanças tão grandes, difíceis, diferentes sem saber o que está acontecendo.

Estudos apontam que o risco de contrair uma IST aumenta de acordo com a falta de orientação. Números alarmantes mostram que essa faixa etária é totalmente vulnerável às ISTs, porque não sabem a importância ou como se utiliza um preservativo, ou que existem para ambos sexos biológicos, fatores culturais e sociais bloqueiam o conhecimento e orientações sobre as doenças que podem acometê-los. A baixa escolaridade também é outro fator que aumenta esse risco.

Uma dúvida comum quando falamos nesse assunto é: de quem é a responsabilidade de transmitir esse conhecimento? Pais? Escola? Governo?

Independente do responsável por essa “missão”, uma coisa é certa a falta de educação no assunto é extremamente prejudicial. Ao se preocupar em apenas ocultar o tema, deixamos os adolescentes mais vulneráveis.

Conclusão

Durante todo o texto foi exposto as dificuldades no acolhimento do adolescente no contexto das ISTs, diante disso, vê-se que é possível acolher esse adolescente, sendo um especialista em adolescência ou não, tendo ponderações e melhor uso das habilidades médicas apreendidas para tratar essa faixa etária tão especial.

Mesmo o assunto sendo um assunto polêmico e de pouco conhecimento na comunidade, é possível com educação em saúde e educação sexual que esse quadro melhore, reduzindo os números alarmantes que ainda vemos de casos dessas infecções acometendo os brasileiros, e acometendo uma faixa etária tão importante para o crescimento e futuro do Brasil.

 Espera-se que o preconceito seja deixado de lado, que a ciência predomine nas decisões que devam ser por ela tomadas, e que o tabu sobre essas questões de saúde pública seja, um dia, inexistente, só assim o acolhimento do paciente poderá ser realizado de forma correta, clara, objetiva e eficiente.


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Sugestão de leitura

Referências:

 REFLEXÕES SOBRE VULNERABILIDADE DOS ADOLESCENTES A INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS- https://periodicos.unifap.br/index.php/pracs/article/view/1668

 Infecções Sexualmente Transmissíveis na Adolescência, Guia Prático de Atualização, Departamentos Científicos de Adolescência e Infectologia, SBP –https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/21188b-GPA_-_Infec_Sexual_Transmiss_Adolesc.pdf

Manual de Orientação, Consulta do adolescente: abordagem clínica, orientações éticas e legais como instrumentos ao pediatra – https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/21512c-MO_-_ConsultaAdolescente_-_abordClinica_orientEticas.pdf

Infecções sexualmente transmissíveis na adolescência (ISTs) – https://ipemed.com.br/blog/ists-na-adolescencia/#:~:text=%C3%89%20estimado%20que%201%20a,v%C3%ADrus%20HPV%20(papilomavirus%20humano).

A importância do hebiatra, o médico dos adolescentes – https://drauziovarella.uol.com.br/hebiatria/a-importancia-do-hebiatra-o-medico-dos-adolescentes/