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Hipertensão intracraniana (HIC): visão geral e quadro clínico

Índice

A hipertensão intracraniana é muito frequente em pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

Dessa forma, é muito importante que você, médico(a), saiba identificar o mais precocemente possível se o seu paciente apresenta essa condição.

Para complementar seu raciocínio, entenda melhor a etiologia da HIC!

O que é a hipertensão intracraniana?

A hipertensão intracraniana (HIC) é o aumento da pressão dentro do crânio e ao redor da medula espinhal.

Condições que podem levar à HIC são aquelas que aumentam a quantidade de líquido cerebral ou do tamanho do cérebro, como hidrocefalia, tumor cerebral, AVC, infecções cerebrais, traumatismo cranioencefálico (TCE), a causa mais comum, dentre outras.

Identificando valores anormais de PIC

A fim de relembrar os conceitos de hipertensão intracraniana, é importante destacar a doutrina de Monro-Kellie. Ela preconiza que o volume craniano é fixo, distribuído entre volume arterial e venoso, o parênquima encefálico e o líquor.

No entanto, ao surgir um quinto elemento, como uma hemorragia, por exemplo, algum outro componente terá que ser reduzido, já que o volume do crânio, como dito, é fixo. Inicialmente, haverá uma redução do volume venoso e do líquido cerebroespinhal, como estratégia de compensação.

Diante disso, com o avançar do aumento de pressão, acontece uma diminuição da pressão arterial, ou seja, a redução da Pressão de Perfusão Cerebral.

Esse último evento gera a hipoxemia e isquemia e esses são os principais motivos pelos quais a hipertensão intracraniana deve ser tratada com urgência.

Figura 1: Demonstração da doutrina de Monro-Kellie. Fonte: Medicina Intensiva Abordagem Prática, 3ª ed.

Quando a pressão intracraniana encontra-se fora do valor de normalidade, isso pode alterar muito a pressão de perfusão cerebral (PAM – PIC = PPC). Dessa forma:

  • Lactentes: 8 a 10mmHg
  • Adultos e crianças: valores inferiores a 15mmHg

Assim, é considerado um quadro de HIC quando o paciente apresenta uma PIC acima de 20mmHg persistente por 20 minutos (em adultos).

O valor recomendado para uma PPC que mantenha um fluxo adequado é de 50mmHg para adultos, suficiente para não desenvolver isquemia. Valores abaixo desse referencial levam a um decréscimo do fluxo sanguíneo cerebral (FSC).

Quadro clínico da HIC

Diante de um paciente com suspeita de hipertensão intracraniana, você deve realizar um exame físico inicial focado na avaliação do estado neurológico do seu paciente. Além disso, a suspeita de um TCE é mandatória durante a sua avaliação, contando com a escala de coma de Glasgow como guia.

Figura 2: TCE severo (escore Glasgow: 3-8); TCE moderado (escore Glasgow: 9-12); TCE leve (escore Glasgow: 13-14).

Os sintomas dos pacientes podem ser decorrentes de efeitos locais em pacientes com lesões de uma massa, ou ainda por um quadro de herniação. A saber, o aumento da pressão em apenas um dos hemisférios cerebrais, é possível que o paciente tenha uma herniação uncal, e se em ambos os hemisférios, uma herniação central.

Como exemplos de apresentações do paciente com hipertensão intracraniana, pode ser observado:

  • Dor de cabeça persistente
  • Vômitos
  • Papiledema
  • Nível de consciência rebaixado
  • Paralisia de um membro ou lado do corpo

    Ainda é possível que ocorra o reflexo de Cushing, muitas vezes atribuído à compressão do tronco cerebral. Quanto à essa manifestação, trata-se da associação entre:

  • Bradicardia
  • Depressão respiratória
  • Hipertensão

Em alguns casos de HIC, o paciente pode ainda apresentar uma cegueira temporária. Isso é descrito pelo paciente como eventos que ocorrem em alguns períodos do dia, por conta da pressão sob o nervo óptico.

Ainda, havendo o aumento da pressão em apenas um dos hemisférios cerebrais, é possível que o paciente tenha uma herniação uncal, e se em ambos os hemisférios, uma herniação central.

Em lactentes, é possível que apenas o aumento do perímetro cefálico sugira um quadro de hipertensão intracraniana.

Fatores de risco associados à HIC

Através de estudos foi possível correlacionar fatores hormonais, como o hiperandroginismo (testosterona, sulfato de dehidroepiandrosterona e testosterona biodisponível) e a hipertensão intracraniana idiopática. Esse fator favoreceu eventos de HIC em mulheres com idade precoce.

Outro fator que favorece eventos de HIC é a obesidade, sendo o IMC e a pressão do líquor proporcionais.

Considerando a evolução do paciente para uma perda permanente da visão, tem-se que os principais fatores de risco envolvem um papiledema grave como sintoma da HIC, quando não tratados imediatamente. Além disso, sintomas visuais como obscurecimento ou uma perda intermediária da visão como evolução da HIC.

Referências

  • Michael Wall, MDAndrew G Lee, MD. Idiopathic intracranial hypertension (pseudotumor cerebri): Prognosis and treatment. Disponível em: < https://bit.ly/3A8T6hb >. Acesso em 07 de julho de 2021.
  • Katia M. Giugno. Treatment of intracranial hypertension. Disponível em: < https://bit.ly/3ooMglg >.
  • AZEVEDO, Luciano César Pontes de; TANIGUCHI, Leandro Utino; LADEIRA, José Paulo; MARTINS, Herlon Saraiva; VELASCO, Irineu Tadeu. Medicina intensiva: abordagem prática. [S.l: s.n.], 2018.
  • Ana Filipa Pinto de Freitas. Hipertensão Intracraniana Idiopática. Disponível em: < https://bit.ly/3CSvCP0 >.

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