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Gripe K: quadro clínico, diagnóstico e manejo clínico para profissionais de saúde

Menino com expressão de desconforto, segurando um lenço de papel no rosto, possivelmente devido a sintomas de gripe.

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A chamada Gripe K refere‑se a uma variante genética do vírus Influenza A subtipo H3N2, identificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como subclado K (nomenclatura alternativa J.2.4.1). Essa variação viral não representa um novo vírus independente, mas sim uma ramificação evolucionária dentro da linhagem H3N2 que atualmente circula globalmente. Apesar de pequenas alterações genéticas, o subclado K tem demonstrado rápido crescimento epidemiológico e circula em várias regiões do mundo desde 2025, inclusive com casos confirmados recentemente no Brasil, como no estado do Pará.

Importa destacar que as variações genéticas em vírus influenza tipo A ocorrem frequentemente devido à deriva antigênica da proteína hemaglutinina (HA) e da neuraminidase (NA). Essas mudanças permitem que o vírus escape parcialmente da imunidade prévia induzida por infecções anteriores ou pela vacinação. Portanto, embora a Gripe K partilhe o mesmo tipo viral principal do H3N2 clássico, ela exibe algumas características imunológicas distintas que merecem atenção clínica e epidemiológica especial.

Epidemiologia global e situação no Brasil

De forma global, a OMS observou um crescimento incomum da circulação de influenza tipo A, especialmente do subclado K, na Europa e na Ásia antes do esperado para a época do ano. Esse aumento levou à emissão de alertas internacionais, reforçando a necessidade de vigilância contínua de vírus respiratórios sazonais.

No Brasil, o primeiro caso importado do subclado K foi confirmado por meio de vigilância genômica, com amostras analisadas e sequenciadas por laboratórios de referência. Esse caso foi classificado como importado, sem evidências até o momento de transmissão comunitária sustentada no território nacional. Mesmo assim, autoridades de saúde e especialistas alertam que a chegada de Gripe K é praticamente esperada dada sua disseminação global e a intensa circulação de viajantes durante períodos festivos e de férias.

Adicionalmente, a atividade aumentada de vírus influenza no hemisfério norte sugere que a temporada gripal pode chegar mais cedo à América do Sul em 2026, potencialmente influenciada pela circulação precoce desse subclado.

Virologia e características do subclado K

O subtipo Influenza A H3N2 tem uma longa história de circulação em humanos e é um dos principais agentes da gripe sazonal. A variante K surgiu como uma deriva antigênica natural, com mutações na hemaglutinina que alteram o reconhecimento imunológico sem, contudo, modificar as propriedades fundamentais do vírus. A região de mutação se localiza na superfície viral, onde anticorpos neutralizantes atuam, o que pode justificar uma redução moderada da eficácia vacinal contra infecções leves, mas sem perda substancial de proteção contra doença grave.

Do ponto de vista epidemiológico, o subclado K demonstrou vantagem competitiva em relação a outras linhagens H3N2, facilitando sua disseminação em múltiplos países em um curto espaço de tempo. Estudos preliminares estimam um R0 relativamente elevado comparado a variantes anteriores, embora os valores exatos variem conforme o contexto e a metodologia das análises.

Quadro clínico: sinais, sintomas e grupos de risco

Clinicamente, a Gripe K apresenta quadro indistinguível da gripe sazonal causada por outras variantes do influenza A (como H3N2 clássico). Os sintomas mais comuns incluem:

  • Febre alta de instalação aguda
  • Congestão nasal e coriza
  • Tosse, sobretudo seca
  • Dor de garganta
  • Cefaleia intensa
  • Mialgias e artralgias
  • Mal‑estar geral e fadiga marcante
  • Náuseas e sintomas gastrointestinais podem ocorrer, especialmente em crianças.

Importante salientar que clinicamente não é possível distinguir Gripe K de outras gripes apenas pelo exame físico, e o diagnóstico específico depende de testes laboratoriais que discriminem subclados, como PCR com sequenciamento ou tipagem avançada.

Os grupos de maior risco para evolução desfavorável permanecem os mesmos observados para a gripe sazonal:

  • Idosos
  • Crianças pequenas
  • Gestantes
  • Portadores de comorbidades crônicas (cardiopulmonares, metabólicas, imunossupressão)
  • Indivíduos imunossuprimidos.

Em indivíduos vulneráveis, as complicações potenciais incluem pneumonia bacteriana secundária, otite, sinusite, exacerbação de doenças crônicas e risco aumentado de hospitalização. Essas complicações, mais do que a infecção viral em si, estão associadas a desfechos graves e mortalidade.

Diagnóstico laboratorial e vigilância

Para o diagnóstico laboratorial, a detecção do Influenza A segue protocolos estabelecidos, com amostras de swab nasal ou nasofaríngeo analisadas por PCR. A identificação do subclado K exige tipagem específica com sequenciamento ou análises moleculares de maior resolução, disponíveis em centros de referência e laboratórios de vigilância.

A vigilância epidemiológica deve monitorar continuamente casos de síndrome gripal e de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), além de investigar eventos respiratórios atípicos, como clusters ou aumento súbito de hospitalizações por influenza. A detecção precoce permite orientar medidas de saúde pública e ações clínicas apropriadas.

Prevenção e vacinação

A vacinação anual contra influenza continua sendo a principal ferramenta de prevenção. Dessa forma, as vacinas trivalentes ou quadrivalentes incorporam as cepas circulantes com base nas recomendações de organismos internacionais como OMS e nas tendências epidemiológicas observadas globalmente.

Embora o subclado K represente uma variação genética, a vacinação proporciona proteção cruzada significativa contra doença grave, sobretudo hospitalização e morte, mesmo que a eficácia contra infecção leve seja parcialmente reduzida. Por isso, é crucial enfatizar a importância da vacina em pacientes de alto risco, profissionais de saúde e populações vulneráveis.

Além da imunização, medidas não farmacológicas permanecem relevantes, especialmente em ambientes de alta transmissibilidade. Essas medidas incluem:

  • Higiene respiratória (cobrir boca e nariz ao tossir/espirrar);
  • Higiene frequente das mãos;
  • Uso de máscaras em situações de risco elevado de transmissão;
  • Ventilação adequada de ambientes fechados;
  • Isolamento voluntário de casos sintomáticos até a resolução dos sintomas.

Dessa forma, para profissionais de saúde, reforçar essas práticas em unidades de atendimento e ambientes comunitários reduz o repasse viral e protege grupos vulneráveis, além de preservar os recursos de saúde durante picos de circulação viral.

Tratamento clínico e uso de antivirais

O tratamento da Gripe K segue os mesmos princípios terapêuticos estabelecidos para a influenza A sazonal. Pacientes com sintomas leves podem receber cuidados de suporte com hidratação, antitérmicos e analgesia conforme necessário. A hospitalização pode ser indicada para indivíduos com sinais de agravamento ou que fazem parte de grupos de risco.

Em casos de maior severidade ou risco de complicações, antivirais como oseltamivir e zanamivir mantêm eficácia, sobretudo quando iniciados nas primeiras 48 a 72 horas após o início dos sintomas. A terapia antiviral precoce está associada à redução da duração dos sintomas e a menor probabilidade de evolução para doença grave.

Assim, para médicos, a decisão de iniciar terapia antiviral deve considerar o tempo desde o início dos sintomas, o perfil de risco do paciente e a disponibilidade de recursos diagnósticos e terapêuticos. Dessa forma, a monitorização clínica contínua durante o curso da doença é imprescindível, com atenção para sinais de hipoxemia, dificuldade respiratória progressiva, queda do estado geral ou instabilidade hemodinâmica.

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Referências bibliográficas

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