A ferritina é uma proteína que se liga ao ferro e ajuda a armazenar o mineral dentro das células. Ela é encontrada em muitos tecidos do corpo, incluindo o fígado, baço e medula óssea.
A ferritina consiste em um indicador importante do nível de ferro no corpo, pois a quantidade de ferritina presente no sangue é proporcional à quantidade de ferro armazenada. Os níveis normais de ferritina variam dependendo do sexo e idade da pessoa.
Quando o exame de ferritina é solicitado?
Solicita-se o exame de ferritina na prática clínica para avaliar os estoques de ferro no organismo. Dessa forma, esse exame torna-se especialmente útil no diagnóstico e no monitoramento de doenças relacionadas à deficiência ou ao excesso de ferro. Como a ferritina é uma proteína que armazena ferro, seus níveis no sangue fornecem uma estimativa indireta da quantidade total de ferro presente no corpo.
Comumente solicita-se esse exame em casos de suspeita de anemia, principalmente para diferenciar a anemia por deficiência de ferro da anemia por doença crônica. Também é essencial na investigação de hemocromatose, uma condição genética que leva ao acúmulo excessivo de ferro nos tecidos e órgãos. Além disso, é útil no acompanhamento de pacientes com doenças hepáticas, como hepatites e esteatose hepática, uma vez que o fígado é um dos principais locais de armazenamento de ferro.
Outras situações clínicas que podem justificar a solicitação do exame incluem:
| Indicação clínica | Objetivo do exame de ferritina |
|---|---|
| Anemia | Avaliar deficiência de ferro |
| Hemocromatose | Investigar sobrecarga de ferro |
| Doenças hepáticas | Monitorar acúmulo hepático de ferro |
| Distúrbios autoimunes e inflamações | Avaliar resposta inflamatória sistêmica |
| Infecções crônicas | Analisar ferritina como reagente de fase aguda |
| Avaliação de tratamento | Monitorar eficácia da reposição ou retirada de ferro |
Deve-se realizar a análise feita em conjunto com outros exames laboratoriais e a avaliação clínica completa.
Como interpretar um exame de ferritina alta?
A interpretação de níveis elevados de ferritina deve sempre considerar o contexto clínico do paciente. Isso porque a ferritina, além de refletir os estoques de ferro no organismo, também é um reagente de fase aguda — podendo se elevar em situações inflamatórias, infecciosas, hepáticas, metabólicas e neoplásicas. Assim, um valor isolado não é suficiente para diagnóstico, sendo necessário avaliar o quadro clínico, exames complementares e histórico do paciente.
Os valores de referência podem variar entre laboratórios, mas existem parâmetros amplamente utilizados na prática clínica com base na literatura científica. Veja na tabela a seguir:
| Situação clínica | Valor de ferritina considerado normal |
|---|---|
| Mulheres na pré-menopausa | < 200 ng/mL |
| Homens | < 300 ng/mL |
| Mulheres na pós-menopausa | < 200–300 ng/mL |
Considera-se valores persistentemente acima de 1000 ng/mL significativamente elevados. Nesses casos, indica-se o encaminhamento do paciente a um especialista — como hematologista, endocrinologista ou gastroenterologista — para investigação de causas como hemocromatose hereditária, doenças hepáticas crônicas ou síndromes inflamatórias.
O seguimento clínico individualizado é essencial para um diagnóstico preciso e conduta adequada.
Quais os sintomas da ferritina alta?
A ferritina alta em si não causa sintomas específicos. Na maioria dos casos, detecta-se essa alteração por meio de exames de sangue realizados para avaliar a função hepática, renal ou metabólica, ou para investigar sintomas como:
- Fadiga
- Fraqueza
- Dor abdominal
Os sintomas associados à causa subjacente da ferritina alta também podem variar dependendo da condição. Por exemplo, pacientes com hemocromatose podem ter fadiga, dor nas articulações, dor abdominal, aumento do fígado e do baço, e alterações na cor da pele.
Principais causas de ferritina alta
A ferritina alta pode ser ocasionada por diversas etiologias, dentre as principais causas pode-se citar:
- Sobrecarga de ferro
- Inflamação
- Doenças hepáticas
- Obesidade
Sobrecarga de ferro
A sobrecarga de ferro pode ocorrer quando há o acúmulo de ferro no organismo por causa da ingestão de elevado índice de suplementos de ferro, grande número de transfusões de sangue ou distúrbios em que não há possibilidade de formar glóbulos vermelhos de maneira eficiente.
Nesse contexto, a ferritina alta pode indicar que o paciente está tendo uma sobrecarga de ferro no organismo.
Inflamação
A inflamação crônica pode aumentar a produção de ferritina, mesmo que os níveis de ferro no organismo estejam normais. Isso ocorre porque quanto maior o componente inflamatório da doença do paciente, menor será a concentração de transferrina e a capacidade ferropéxica e maior será a ferritina.
Isso pode ser causado por doenças autoimunes, como:
- Artrite reumatoide
- Doença inflamatória do intestino
- Infecções crônicas.
Doenças hepáticas
A ferritina consiste em uma proteína que armazena ferro no organismo, produzida principalmente pelo fígado. A doença hepática pode afetar a função hepática e, consequentemente, aumentar os níveis de ferritina no sangue. Na doença hepática, a inflamação crônica do fígado pode levar a um aumento na produção de ferritina pelas células hepáticas.
Portanto, doenças hepáticas, como hepatite crônica ou cirrose, podem aumentar os níveis de ferritina no sangue
Obesidade
A obesidade é uma condição em que há um acúmulo excessivo de gordura no organismo. A ferritina é uma proteína que armazena ferro no organismo e pode ser produzida não apenas pelo fígado, mas também pelo tecido adiposo.
Na obesidade, a produção de ferritina pelo tecido adiposo pode aumentar devido à inflamação crônica que ocorre no tecido adiposo. A obesidade também pode levar a um aumento da resistência à insulina, que pode afetar a função do fígado e aumentar os níveis de ferritina. Por isso, a obesidade pode estar associada a níveis elevados de ferritina.
Tratamento da ferritina alta
O tratamento da ferritina alta depende da causa subjacente. É importante consultar um médico para avaliação e diagnóstico adequados, e determinar a causa exata da ferritina alta.
Se a causa da ferritina alta for a sobrecarga de ferro, o tratamento pode incluir sangrias terapêuticas, que consistem em remover regularmente uma quantidade de sangue para reduzir a quantidade de ferro no organismo. Além disso, em alguns casos, medicações quelantes de ferro podem ser prescritas para remover o excesso de ferro do organismo.
Se a causa da ferritina alta for uma doença hepática, o tratamento pode incluir medicações para controlar a inflamação e a progressão da doença hepática, além de mudanças no estilo de vida, como evitar o álcool e uma dieta saudável.
Além disso, se a causa da ferritina alta for a obesidade, o tratamento pode incluir mudanças no estilo de vida, como dieta e exercícios para perder peso e reduzir a inflamação crônica. Além disso, em alguns casos, se a causa da ferritina alta não puder ser identificada e tratada, o médico pode prescrever a flebotomia terapêutica, que consiste na retirada de sangue regularmente para diminuir os níveis de ferro e, consequentemente, de ferritina no organismo.
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