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Suicídio: quais os fatores de risco e de proteção?

Suicídio: quais os fatores de risco e de proteção?

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O suicídio é um fenômeno global que representa uma das principais causas de morte em todo o mundo, com consequências devastadoras para indivíduos, famílias e comunidades.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 800.000 pessoas tiram suas próprias vidas a cada ano, o que equivale a uma taxa de mortalidade de cerca de 10,5 por 100.000 pessoas.

Fatores de risco para o suicídio

Fatores de risco para o suicídio são elementos que aumentam a probabilidade de uma pessoa considerar, planejar ou tentar tirar a própria vida.

Esses fatores são multifacetados e podem variar de acordo com a:

  • Idade
  • Gênero
  • Histórico pessoal
  • Cultural.

História de tentativas anteriores de suicídio

Corresponde ao de maior fator preditivo. Um risco aproximadamente 100 vezes maior comparado a população geral.

Quando alguém teve uma tentativa de suicídio anterior, há um aumento significativo no risco de novas tentativas. Essas tentativas anteriores podem fornecer informações sobre os fatores de estresse, problemas de saúde mental subjacentes e a eficácia dos métodos de enfrentamento utilizados pela pessoa.

Transtornos psiquiátricos

Cerca de 90% dos pacientes que tentam suicídio têm um distúrbio psiquiátrico. Os mais associados são depressão, transtorno bipolar,

  • Transtornos de personalidade
  • Abuso de substâncias
  • Esquizofrenia é sendo que a comorbidades tem o pior prognóstico.

História de abuso físico ou sexual

A história de abuso físico ou sexual é um fator de risco significativo para o suicídio. Indivíduos que foram vítimas de abuso em qualquer fase de suas vidas enfrentam uma série de desafios emocionais, psicológicos e sociais que podem aumentar sua vulnerabilidade ao suicídio.

O trauma causado pelo abuso físico ou sexual pode deixar cicatrizes emocionais profundas, incluindo sentimentos de vergonha, culpa, raiva, medo e desamparo. Muitas vezes, essas experiências traumáticas afetam a autoestima, a autoimagem e a capacidade de confiar em outros indivíduos. Além disso, o abuso pode desencadear transtornos mentais, como depressão, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), transtorno de ansiedade e transtorno dissociativo de identidade, todos os quais estão associados a um maior risco de suicídio.

Idade, sexo e raça

A idade, sexo e raça são fatores demográficos que podem influenciar o risco de suicídio de uma pessoa. Esses fatores não são determinantes isolados, mas podem interagir com uma série de outros fatores de risco e proteção para influenciar o risco de suicídio.

A adolescência e o início da idade adulta são períodos de vulnerabilidade aumentada para o suicídio devido a mudanças físicas, emocionais e sociais significativas.

Idosos também têm um risco aumentado de suicídio devido a fatores como isolamento social, solidão, perda de entes queridos, doenças crônicas, dor física, incapacidade funcional e estigma relacionado à saúde mental.

Em muitos países, os homens têm uma taxa de suicídio mais alta do que as mulheres, embora as mulheres tentem suicídio com mais frequência. Isso pode ser atribuído a fatores como:

  • Tendência dos homens em usar métodos mais letais
  • Menor probabilidade de buscar ajuda para problemas de saúde mental
  • Estigma relacionado à expressão emocional.

Estado civil

O maior risco ocorre entre aqueles que nunca se casaram. Isso ocorre pois o solteiro pode enfrentar desafios relacionados à solidão, isolamento social e falta de suporte emocional

Orientação sexual

Relaciona-se a dificuldade de aceitação, principalmente pela discriminação e preconceito ainda existentes na sociedade, sobretudo em meios mais conservadores.

Muitas pessoas LGBT+ enfrentam estigma e discriminação em suas comunidades, famílias, locais de trabalho e instituições religiosas. O preconceito e a rejeição social podem levar a sentimentos de isolamento, baixa autoestima e desesperança, aumentando o risco de suicídio.

Problemas de saúde

Doenças crônicas, como:

  • Câncer
  • HIV/AIDS
  • Doenças cardíacas
  • Diabetes
  • Doenças autoimunes

Podem gerar estresse emocional, físico e financeiro significativo para os pacientes. A dor crônica, a fadiga, a incapacidade funcional e a dependência de cuidadores podem aumentar o risco de suicídio.

Fatores de proteção para o suicídio

Além de identificar um provável comportamento suicida, devemos identificar quais fatores, isoladamente, reduzem o risco de suicídio. Dentre eles, podemos citar:

  • Apoio social e familiar
  • Acesso a cuidados de saúde mental
  • Religiosidade, independente da afiliação religiosa
  • Estilo de vida saudável.

Apoio social e familiar

Relacionamentos saudáveis com amigos, familiares, colegas e membros da comunidade podem oferecer suporte emocional, conexão e senso de pertencimento, reduzindo a sensação de isolamento e solidão.

Acesso a cuidados de saúde mental

Ter acesso a serviços de saúde mental de qualidade, incluindo terapia, psiquiatria e grupos de apoio, pode ajudar a identificar e tratar problemas de saúde mental precocemente, reduzindo o risco de suicídio.

Religiosidade e o enfrentamento do suicídio

Para muitas pessoas, a religião oferece uma fonte de apoio social e uma comunidade de indivíduos com crenças e valores compartilhados.

Participar de atividades religiosas, como missas, serviços de adoração e grupos de estudo, pode proporcionar um senso de pertencimento e conexão emocional.

Estilo de vida saudável

Uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, pode fornecer os nutrientes necessários para o funcionamento adequado do cérebro e promover o equilíbrio emocional.

A atividade física regular está associada a uma redução do estresse, melhora do humor e aumento da autoestima. O exercício também pode ajudar a liberar endorfinas, neurotransmissores que promovem sentimentos de bem-estar.

Qual a diferença entre fatores modificáveis e não modificáveis?

Os fatores de risco e proteção para o suicídio podem ser classificados como modificáveis ​​ou não modificáveis, dependendo da capacidade de uma pessoa ou da sociedade em alterá-los.

Fatores não modificáveis de risco para suicídio

São características ou circunstâncias que não podem ser alteradas ou controladas. Geralmente estão relacionados a características intrínsecas de uma pessoa, como idade, sexo, raça, histórico familiar, genética e história de traumas passados.

Esses fatores podem aumentar o risco de suicídio, mas não podem ser diretamente alterados pela intervenção humana. Exemplos incluem:

  • Predisposição genética a transtornos mentais
  • História familiar de suicídio.

Fatores modificáveis

São aspectos da vida de uma pessoa ou do ambiente que podem ser alterados ou influenciados por intervenções individuais ou sociais. Podem incluir comportamentos, condições de saúde, ambiente social, acesso a recursos e fatores psicossociais.

Ao identificar e intervir em fatores modificáveis, é possível reduzir o risco de suicídio e promover o bem-estar mental.

Exemplos incluem abuso de substâncias, saúde mental não tratada, acesso a armas de fogo, isolamento social, falta de apoio emocional e estigma relacionado à saúde mental.

Que os cuidados necessários com os pacientes com risco de suicídio?

Diversas escalas padronizadas foram propostas para avaliar o risco de suicídio, mas nenhuma está associada a um alto valor preditivo.

Assim, a anamnese quando realizada de maneira clara e empática é a melhor estratégia para avaliar o risco de comportamentos suicidas. Para isso, deve-se encorajar o paciente a se abrir quanto aos seus problemas, escutando-o atentamente e intervindo sempre que necessário. Com isso, já inicia-se a avaliação

O primeiro passo na avaliação do risco de suicídio é determinar a presença de ideação suicida (pensamentos), incluindo o seu conteúdo e a sua duração. Outras investigações incluem as expectativas do paciente sobre a morte.

A presença de um plano de suicídio e o grau de intenção de se matar podem ser elucidados com um plano específico formulado, incluindo um método, local e horários específicos.

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Referência bibliográfica

  • ALMEIDA et. al. Fatores de risco e proteção para tentativa de suicídio na adultez emergente. 2018. Disponível aqui.

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