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Endoscopia Digestiva Alta: realização do exame, indicações e mais

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Endoscopia digestiva alta (EDA) é o nome popular da esofagogastroduodenoscopia, um exame endoscópico que permite a visualização do esôfago, do estômago e da porção inicial do duodeno. Além da inspeção dessas estruturas, o procedimento possibilita a realização de intervenções, como a coleta de biópsias, quando necessário.

A palavra endoscopia tem origem na junção dos termos gregos endo (que significa “dentro de”) e skopien (que significa “observar com um propósito”). Assim, a endoscopia consiste na exploração visual do interior do corpo por meio da introdução de um endoscópio, instrumento óptico flexível, através de orifícios naturais ou pequenas incisões.

Realização da endoscopia digestiva alta

Inicialmente, posiciona-se o paciente em decúbito lateral. Em seguida, aplica-se um anestésico em spray na garganta, com o objetivo de facilitar a passagem do endoscópio e reduzir o desconforto. Posteriormente, administra-se uma sedação leve, geralmente por via endovenosa, utilizando analgésicos opioides.

Além disso, registra-se todo o procedimento em vídeo, o que permite uma análise posterior mais detalhada. Também é possível capturar imagens fotográficas de qualquer etapa do exame, auxiliando no diagnóstico e no acompanhamento clínico. Ao todo, o exame dura, em média, de 10 a 20 minutos.

Características do endoscópio

O endoscópio utilizado na endoscopia digestiva alta é composto por um tubo flexível com cerca de 1 metro de comprimento e de 8 a 11 milímetros de diâmetro. Na extremidade do aparelho, há uma câmera de alta resolução e uma fonte de luz própria, que permite a iluminação das cavidades corporais.

Além disso, o equipamento possui dispositivos que possibilitam a aspiração de fluidos corporais, bem como a injeção de jatos de água ou ar, utilizados para limpar o campo visual durante o exame. Ainda na ponta do endoscópio, há uma pequena abertura por onde podem introduz-se diversos acessórios, como pinças, laços e agulhas, o que permite a realização de diferentes procedimentos terapêuticos e diagnósticos.

Embora o endoscópio seja hoje um equipamento altamente moderno e constantemente aprimorado, há indícios de que instrumentos com função semelhante já eram utilizados na Antiguidade. Por exemplo, nas ruínas da cidade de Pompeia, foram encontrados artefatos que assemelham-se aos atuais anoscópios.

No entanto, a história do endoscópio moderno começa no início do século XIX, com a invenção do Lichtleiter pelo médico alemão Philipp Bozzini. Esse instrumento pioneiro permitia a observação do canal urinário, do reto e da faringe. Cerca de cinquenta anos depois, o médico francês Jean Antoine Desormeaux aperfeiçoou o dispositivo e o utilizou com sucesso em procedimentos cirúrgicos.

Por fim, foi somente na década de 1960 que o endoscópio ganhou a versatilidade que conhecemos hoje. O responsável por essa revolução foi o médico sul-africano Basil Hirschowitz, que incorporou a tecnologia de fibra óptica ao aparelho, possibilitando o desenvolvimento do endoscópio flexível — um marco na evolução da endoscopia moderna.

Preparação

Em primeiro lugar, orienta-se o paciente sobre a condução do exame, com esclarecimento das possíveis complicações associadas e apresentação das alternativas diagnósticas ou terapêuticas existentes.

Além disso, recomenda-se a necessidade da presença de um acompanhante, o qual também deve ser informado sobre os riscos potenciais após o procedimento e devidamente instruído quanto às condutas a serem adotadas em caso de intercorrências.

No que diz respeito às medicações de uso contínuo, mantém-se a maioria, com administração nos horários habituais. Em pacientes que fazem uso de agentes antiplaquetários ou anticoagulantes, o médico deverá avaliar criteriosamente se o risco de sangramento, potencializado pelo procedimento, é maior do que o risco de um evento tromboembólico decorrente da suspensão temporária da medicação.

Outro ponto importante é a assinatura do termo de consentimento informado, o qual deve conter dados claros sobre a natureza do exame e os procedimentos que eventualmente poderão ser realizados durante a EDA.

Quanto ao preparo digestivo, é imprescindível a suspensão da ingestão de alimentos sólidos por um período de 6 a 8 horas antes do exame, bem como a suspensão de líquidos por, no mínimo, 4 horas antes do procedimento. Entretanto, pacientes com condições clínicas que retardam o esvaziamento gástrico devem seguir uma dieta líquida por 48 a 72 horas antes da EDA, além de manter jejum absoluto por 8 a 12 horas, conforme orientação médica.

Indica-se a antibioticoprofilaxia apenas em casos específicos, como em pacientes submetidos a determinados procedimentos ou com comorbidades que aumentam o risco de infecção.

Por fim, recomenda-se a administração oral de dimeticona cerca de 30 minutos antes do exame, com o objetivo de reduzir a formação de bolhas de secreção e, assim, otimizar a visualização das estruturas durante a endoscopia.

Indicações da endoscopia digestiva alta

A endoscopia digestiva alta pode ter finalidade tanto diagnóstica quanto terapêutica. Do ponto de vista diagnóstico, utiliza-se a EDA na investigação de quadros de disfagia, dor ou desconforto no abdome superior, náuseas e vômitos persistentes, além de casos de anemia ferropriva de causa desconhecida.

Adicionalmente, o exame permite a pesquisa de varizes esofágicas em pacientes com cirrose hepática ou hipertensão portal, o rastreio de câncer esofágico em indivíduos com esôfago de Barrett e a avaliação da doença do refluxo gastroesofágico refratária ao tratamento clínico. Além disso, emprega-se o exame no acompanhamento da evolução de diferentes doenças e na monitorização de procedimentos terapêuticos previamente realizados.

No que diz respeito à finalidade terapêutica, a EDA possibilita diversos procedimentos, como polipectomias, dilatação de estenoses, colocação de próteses, gastrostomias e posicionamento de sondas de alimentação.

A EDA também apresenta amplo uso em situações de urgência e emergência hospitalar. Nessas circunstâncias, emprega-se o exame para avaliar a gravidade de lesões esofágicas decorrentes da ingestão de substâncias cáusticas ou para a remoção de corpos estranhos do trato digestivo superior.

No entanto, sua principal indicação nos serviços de emergência é a avaliação e o possível tratamento da hemorragia digestiva alta (HDA). Nesses casos, realiza-se procedimentos como a colocação de hemoclipes, injeção de fármacos hemostáticos, fotocoagulação a laser e escleroterapia, com o objetivo de conter o sangramento e estabilizar o paciente.

Possíveis complicações da endoscopia digestiva alta

A endoscopia digestiva alta com finalidade diagnóstica apresenta, de modo geral, menor risco de complicações em comparação à EDA terapêutica. Entretanto, é fundamental destacar que o procedimento não é isento de riscos.

Dentre as possíveis complicações, incluem-se os eventos cardíacos, especialmente associados ao uso de anestésicos durante o exame.

Além disso, há o risco de perfuração e hemorragias, sobretudo quando realiza-se biópsias. Além disso, apesar de raro, há o risco de infecções. Portanto, é essencial que a EDA seja realizada com indicação apropriada, seguindo protocolos de segurança e sob supervisão especializada.

Contraindicações da endoscopia digestiva alta

As contraindicações absolutas da endoscopia digestiva são semelhantes para qualquer tipo de procedimento endoscópico e incluem situações como choque, infarto agudo do miocárdio, peritonite, perfuração gastrointestinal aguda e colite fulminante. Nessas condições, evita-se o exame devido ao alto risco de agravamento clínico.

Por outro lado, as contraindicações relativas exigem uma avaliação criteriosa da relação entre riscos e benefícios antes da realização da EDA. Entre elas, destacam-se os casos em que o paciente não está cooperativo, apresenta arritmias cardíacas, tem histórico recente de isquemia miocárdica, ou encontra-se em coma sem intubação orotraqueal prévia. Nessas situações, a decisão de prosseguir com o exame deve ser individualizada, considerando a urgência diagnóstica ou terapêutica e as condições clínicas do paciente.

Autora: Gabriela Silva Holanda

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Referências

  • AHLAWAT, R.; HOILAT, G. J.; ROSS, A. B. Esophagogastroduodenoscopy. National Library of Medicine, 2023.
  • COHEN, J.; GREENWALD, D.A. Overview of upper gastrointestinal endoscopy (esophagogastroduodenoscopy). UpToDate, 2025.

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