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Doenças Exantemáticas: Eritema Infeccioso e Exantema Súbito | Colunistas

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Confira, neste artigo, tudo sobre doenças exantemáticas, incluindo quadro clínico, eritema infeccioso, tratamento e mais.

As doenças exantemáticas são um grupo de doenças infecciosas na pediatria cuja principal característica é a erupção cutânea.

Embora a maioria sejam doenças autolimitadas e benignas, algumas podem ser expressões de enfermidades mais graves. Tem apresentação clínica semelhante, e por isso a história, análise do tipo da lesão e investigação dos sinais e sintomas concomitantes é essencial para ajudar a inferir qual é o diagnóstico.

Dessa maneira, dentre as doenças exantemáticas clássicas, neste artigo abordaremos o eritema infeccioso e o exantema súbito.

Exantema súbito ou Roséola Infantil ou febre de 3 dias

Criança com exantema súbito. https://www.dermis.net/dermisroot/pt/11930/image.htm

É causada pelo herpes-vírus humano 6 (HVH6) e 7 (HVH7). Acomete apenas as crianças entre 6 meses e 6 anos de idade, sendo comum nos lactentes e pré-escolares predominando nos menores de 2 anos. Não ocorre antes dos seis meses devido a proteção pelos anticorpos maternos1. Por ser um vírus altamente prevalente na comunidade acredita-se que na idade pré-escolar quase todas as crianças já estão imunes e infectadas subclinicamente, porém somente 9-17% delas desenvolveram a doença2.

A transmissão ocorre por gotículas contaminadas excretadas da saliva de adultos saudáveis portadores do vírus. O tempo de incubação é entre 5 a 15 dias (alguns autores 3 a 7 dias).

Quadro clínico

O início é súbito com febre alta e contínua. Não há toxemia, com estado geral bom e poucos sintomas respiratórios, mas a criança fica extremamente irritada e com perda de apetite devido a febre, e em até 10% das crianças causa convulsão febril. A adenopatia cervical é um achado muito frequente, assim como a hiperemia de faringe. Pode ocorrer um pródomo de sintomas inespecíficos, como diarreia leve, pápulas eritematosas na mucosa do palato mole e úvula (manchas de Nagayama), tosse, linfadenopatia, edema palpebral, abaulamento da fontanela anterior e inflamação do tímpano1,2.

A febre cessa em 3 a 4 dias quando então surge o exantema morbiliforme, também súbito, de lesões maculopapulares eritematosas, com área sã de pele ao redor, algumas rodeadas por halo claro, podendo desaparecer à compressão. Inicia-se no tronco e se disseminam para a cabeça e as extremidades. A erupção é de duração curta, desaparecendo sem deixar descamação ou hiperpigmentação dentre algumas horas a 2 ou 3 dias, podendo passar despercebido. Principalmente durante o período febril a criança é capaz de transmitir o vírus e por isso deve ser afastada da creche ou escola.

Exantema súbito em tronco: presença de lesões eritemato-papulares. https://www.dermis.net/dermisroot/pt/11933/image.htm
Bebê com exantema súbito: máculas eritematopapulares em região de tronco, membros superiores e face. Link: https://www.medicina.ufmg.br/observaped/wp-content/uploads/sites/37/2020/06/Exantema-S%C3%BAbito.jpg

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é clínico. Durante o quadro, o exame de sangue periférico revela linfocitose atípica e relativa neutropenia e o achado do HVH6 ou HVH7 confirma o diagnóstico de infecção primária. Testes para detecção de anticorpos podem ser realizados, mas precisa ser analisado com cuidado devido possibilidade de infecções crônicas (como todo vírus herpes).

O tratamento é sintomático apenas com antitérmicos devido o HVH6 ser resistente ao aciclovir e a doença ser autolimitada e benigna. Não há prevenção e contactantes de risco precisam apenas serem observados.

Doenças exantemáticas I: minuto aula de Pediatria – RM – https://www.youtube.com/watch?v=WtL8ZLo4N-c

Eritema infeccioso

Criança com lesões características de eritema infeccioso. dermnetnz.org

É a manifestação mais comum da infecção pelo parvovírus humano B19. É benigna, assintomática na maioria dos casos e afeta predominantemente crianças e jovens com idade entre 5 e 15 anos. O parvovírus B19 também é associado a outras manifestações clínicas como artrite e artralgias poliarticulares, crise aplásica transitória, hidropsia fetal e morte fetal quando em grávidas suscetíveis, anemia crônica em pacientes imunocomprometidos e mais raramente síndrome das luvas e meias1,2.

A transmissão ocorre principalmente por gotículas das vias respiratórias, e as taxas de infecção secundária entre contatos domiciliares é alta. Possui período de incubação longo, entre 4 a 14 dias.

Quadro clínico

Em geral, não há pródomos e inicia-se com o exantema na face, de lesões eritematosas ou eritematopapulosas que confluem, tornando-se uma placa vermelho-rubra concentrada na região da bochecha e poupando quase sempre a região perioral e o queixo, conferindo aspecto de “cara esbofeteada” ou “asa de borboleta” (semelhante ao observado no lúpus eritematoso) 2.

Aspecto de “cara esbofeteada” ou “asa de borboleta” do eritema infeccioso. dermnetnz.org
Acometimento no rosto e levemente no tronco do eritema infeccioso.  https://www.dermis.net/dermisroot/pt/53047/image.htm e https://www.dermis.net/dermisroot/pt/53044/image.htm
Acometimento no rosto e levemente no tronco do eritema infeccioso.  https://www.dermis.net/dermisroot/pt/53047/image.htm e https://www.dermis.net/dermisroot/pt/53044/image.htm

Após 1 a 4 dias, surge um eritema reticulado no tronco e nas extremidades, em geral não pruriginoso. A lesão inicia-se como uma mácula que aumenta de tamanho, deixando a região central mais pálida, conferindo aspecto tipicamente rendilhado. Palmas e plantas são poupadas. Pode ocorrer enantema1. O desaparecimento ocorre em 1 ou 2 semanas, sem descamar e pode exacerbar ou reaparecer quando a criança é exposta ao sol, estresse, faz exercícios ou quando há alterações de temperatura.

Aspecto rendilhado do eritema infeccioso. dermnetnz.org
Aspecto rendilhado do eritema infeccioso. dermnetnz.org

A apresentação em geral é afebril, podendo ser acompanhada de artralgia ou artrites principalmente em adolescentes. O risco de transmissão do Parvovírus se dá previamente ao aparecimento das manifestações clínicas do rash infeccioso.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico também é clínico através da história e característica das lesões. Testes sorológicos são desnecessários em crianças saudáveis. O hemograma é normal ou com discreta leucocitose e eosinofilia. Pacientes imunocomprometidos ou com hemoglobinopatias devem ser investigados para supressão hematopoiética e detecção do vírus pela técnica do PCR.

O tratamento é sintomático quando necessário. Não há profilaxia e contactantes de risco (gravidas, imunossuprimidos ou anemia hemolítica) devem evitar o contato.

Doenças exantemáticas III: minuto aula de Pediatria – RM: https://www.youtube.com/watch?v=JfFHTeWqbZE)

Tabela: características do exantema súbito e eritema infeccioso

Doença (etiologia) Idade mais comum Pródromo Característica da lesão Distribuição Sinais associados Diagnóstico
Exantema súbito (herpesvírus 6 e 7) 6 meses a 3 anos Mal-estar, febre baixa, leve diarreia Exantema maculopapular morbiliforme coincidindo com queda da febre Rosto, tronco: persiste por horas até 3 dias Irritabilidade, convulsão, adenopatia cervical Clínico, sorologia
Eritema infeccioso (parvovírus B19 5 a 15 anos Geralmente ausente Eritema de bochechas, eritema rendilhado ou exantema maculopapular Áreas expostas: rosto, região extensora, membros Fotossensibilidade, artrite, cefaleia, mal-estar Clínico, sorologia
Fonte: Adaptado do Tratado de pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2017.

Ao avaliar uma criança com doença exantemática é sempre necessário colher adequadamente a anamnese e relacionar os dados que em si podem fornecer dicas, como a idade, aparecimento dos demais sintomas (início, súbito ou insidioso, duração, relação entre o aparecimento do exantema) e o exame minucioso das características da lesão (tipo, local de início, disseminação, etc.)1.

Referências

  1. Dennis Alexander Rabelo Burns et al. Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. 4. ed. Barueri, SP: Manole, 2017.
  2. Rubem David Azulay, David Rubem Azulay, Luna Azulay-Abulafia. Azuley Dermatologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
  3. Erythema infectiosum images. Dermnet NZ. https://dermnetnz.org/topics/erythema-infectiosum-fifth-disease-images/?stage=Live
  4. Eritema infeccioso – Dermatology Information System  https://www.dermis.net/dermisroot/pt/11940/diagnose.htm
  5. Exantema súbito – Dermatology Information System  https://www.dermis.net/dermisroot/pt/11929/diagnose.htm

Autor: Maria Layane Cerqueira

Instagram: @layaneoc



O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

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