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Demanda por cirurgias de câncer deve crescer 52% até 2040

Demanda por cirurgias de câncer deve crescer 52% até 2040

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Dois estudos divulgados nos periódicos The Lancet e The Lance Oncology estimam que a demanda por cirurgias de câncer deve aumentar 52% nos próximos vinte anos.

Segundo a previsão dos especialistas, até 2040 serão 13,8 milhões de procedimentos cirúrgicos realizados e uma demanda estimada de cerca de 200 mil cirurgiões e 87 mil anestesistas adicionais aos que já estão em atuação.

Diante desse cenário, será essencial melhorar os sistemas de saúde ao redor do mundo para evitar mortes decorrentes de complicações pós-operatórias. Porém, com a pandemia de COVID-19, o desafio será ainda maior.

Faltam profissionais para atender demanda por cirurgias de câncer

Mais da metade dos pacientes diagnosticados com câncer precisam de cirurgia durante algum dos estágios da doença. O estudo publicado no The Lancet Oncology usou modelos preditivos para avaliar o crescimento da demanda por cirurgias e a força de trabalho médica necessária nos próximos anos. 

Algumas das conclusões mostraram que o aumento dos procedimentos ocorrerá principalmente em 34 dos 183 países analisados, a maioria deles considerados pobres. São eles também os que mais devem sofrer com a falta de profissionais capacitados para a demanda.

Segundo os autores, atualmente faltam 199 mil cirurgiões e 87 mil anestesistas para suprir a demanda cirúrgica. Em países pobres, calcula-se que haja 22 mil cirurgiões e 11 mil anestesistas a menos do que o ideal. Já a média desses profissionais em países ricos é de 28 mil cirurgiões e 13 mil anestesistas.

Em comunidade à imprensa, o coautor do estudo, Sathira Perera, afirmou que os resultados mostram a necessidade de agir rapidamente para garantir que a força de trabalho em países pobres aumente.

“Deve haver um foco maior na aplicação de modelos de atendimento com boa relação custo-benefício, juntamente com o endosso do governo de evidências científicas para mobilizar recursos para a expansão dos serviços”, enfatizou ele, que é pesquisador da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália.

Complicações no pós-operatório

De caráter observacional, o estudo publicado no The Lancet explorou a variação global de complicações pós-operatórias e óbitos de pacientes com três tipos comuns de câncer: colorretal, mama e estômago.

Segundo os pesquisadores, países pobres têm quatro vezes mais mortes de pacientes com câncer de estômago e colorretal após cirurgias. Já em pacientes de câncer de mama não foi observada diferença significativa no número de óbitos entre países pobres e ricos.

A conclusão geral é que pacientes de países pobres têm seis vezes mais risco de morrer em até um mês após a cirurgia devido a complicações no pós-operatório, em comparação àqueles que vivem em nações de maior economia.

O coautor do estudo Ewen Harrison, professor da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, destaca que a pesquisa é a primeira a fornecer dados detalhados e globais sobre complicações e mortes de pacientes após cirurgia de câncer.

“O atendimento cirúrgico completo de alta qualidade requer recuperação adequada e espaço na enfermaria, um número suficiente de funcionários bem treinados, o uso de sistemas de alerta precoce e acesso imediato a imagens, espaço de cirurgia e instalações de cuidados intensivos”, enfatiza Harrison.

Com informações da Revista Galileu