Controle glicêmico na UTI: o que saber

Índice

Décadas atrás, a hiperglicemia era considerada apenas uma resposta adaptativa à doença. Por esse motivo, o controle glicêmico na UTI não era feito de rotina.

Entretanto, estudos recentes têm demonstrado o nível glicêmico como importante marcador de mau prognóstico em pacientes graves, sejam eles diabéticos ou não e independente da causa de admissão na unidade.

Controle glicêmico em pacientes não diabéticos

Variabilidade glicêmica

Inicialmente, é importante entender que os pacientes em unidade de terapia intensiva costumam ter níveis glicêmicos bastante variáveis.

Algumas justificativas para isso são os usos de:

  • Vasopressores
  • Corticoides
  • Dietas enterais e parenterais, assim como suas interrupções para realização de procedimentos

Além disso, vale ressaltar que a mortalidade é cerca de 5x maior nos pacientes com maior variabilidade.

Evitar o uso de fluidos intravenosos que contenham glicose é uma medida essencial para que a meta glicêmica seja alcançada.

Meta glicêmica

A maior partes das diretrizes e guidelines recomendam o alvo de 150-180 mg/dL.

Essa meta foi estabelecida baseada em grandes estudos randomizados, como o VISEP, NICE-SUGAR e GRUCRONTOL, os quais demonstraram que alvos menores aumentam a incidência de hipoglicemia severa ou não têm efeito sobre a mortalidade

Protocolo de controle glicêmico para não diabéticos na UTI

Tendo em vista que as flutuações glicêmicas afetam diretamente o controle glicêmico na UTI, fez-se necessário a criação de um protocolo padronizado.

O objetivo é que os profissionais de saúde o usem como um guia seguro em suas rotinas.

Sugestão de protocolo para controle glicêmico na UTI para não diabéticos
Tabela 1: Protocolo de controle glicêmico na UTI para não diabéticos

Controle glicêmico em pacientes diabéticos

Tão frequente em pacientes críticos, a presença de Diabetes muda as metas glicêmicas na UTI.

Alguns estudos observacionais sugerem que os diabéticos são mais tolerantes a hiperglicemia. Os cronicamente hiperglicêmicos ainda apresentam maior sobrevida quando seus níveis glicêmicos são mantidos acima de 180 mg/dL.

Esses respondem à hipoglicemia mesmo com níveis glicêmicos considerados normais, o que é preocupante, já que sua intensidade e recorrência estão associados a um pior prognóstico.

Portanto, é indicada a faixa glicêmica mais liberal entre 180 e 252 mg/dL, visto que não elevou incidência de cetoacidose ou cetonemia nos pacientes diabéticos da UTI.

A hemoglobina glicada (HbA1c) também pode ser útil na avaliação basal de glicemia antes da admissão na UTI. A avaliação ao acaso da hiperglicemia nesse contexto teve especificidade de 100% para HbA1c > 6%, com uma sensibilidade de 57%.

Por fim, pode-se considerar que a hiperglicemia aguda não parece ter associação com mortalidade nos pacientes críticos com diabetes diagnosticada.

Resumindo o controle glicêmico na UTI

Sabe-se, portanto, que níveis glicêmicos acima de 180 mg/dL é maléfica para os pacientes críticos não diabéticos. Neles, a meta glicêmica deve ser entre 140 e 180 mg/dL.

Por outro lado, os diabéticos, sobretudo os cronicamente hiperglicêmicos, mostraram serem melhor beneficiados com alvos mais liberais de 180 a 252 mg/dL.

Referências

AZEVEDO, Luciano César Pontes de; TANIGUCHI, Leandro Utino; LADEIRA, José Paulo; MARTINS, Herlon Saraiva; VELASCO, Irineu Tadeu. Medicina intensiva: abordagem prática. [S.l: s.n.], 2018.

Compartilhe este artigo:

Você melhor no plantão: minicurso gratuito com experts e certificado!

Artigos relacionados: