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Confusão Mental: definição, epidemiologia e muito mais

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Entenda o que é a confusão mental, a prevalência dessa condição e como manejar o seu paciente da melhor forma. Bons estudos com a Sanar! 

A confusão mental pode ser um sintoma presente na unidade em que você trabalha. Em vista disso, saber identificá-la e ter atenção aos grupos de risco pode colaborar para um cuidado mais apropriado ao paciente. 

Como a confusão mental é definida?

A confusão mental é uma alteração aguda nas funções cerebrais superiores, atingindo memória, atenção e consciência. Clinicamente, expressa-se principalmente como uma dificuldade de focar a atenção.

É importante o entendimento de que a confusão mental não é um diagnóstico e sim um sintoma, que tem caráter agudo e pode variar em gravidade. Eles estão associados a muitas condições médicas subjacentes complexas e podem ser difíceis de reconhecer. 

A perturbação se desenvolve em um curto período de tempo (geralmente de horas a dias), representa uma mudança da linha de base e tende a flutuar ao longo do dia. Por isso, pode parecer para os familiares que o paciente está melhor, não buscando ajuda médica. 

Fisiopatologia da confusão mental

A confusão mental é um distúrbio do conteúdo da consciência, que está relacionado as funções do córtex cerebral, denominadas funções nervosas superiores e cognitivas, como orientação, atenção, memória e linguagem. A sua ocorrência pode ser em consequência de:

  • Disfunção do sistema nervoso central por deficiência de substrato: hipoglicemia e/ou hipóxia;
  • Disfunção de neurotransmissores: GABA, acetilcolina, serotonina ou outros;
  • Uso ou suspensão abrupta de drogas ou toxinas;
  • Disfunção circulatória (acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico);
  • Baixa reserva de função cognitiva: demências, sendo que, neste caso, o quadro é progressivo e não agudo, mas este déficit cognitivo é um fator de risco para as alterações agudas de consciência;
  • Doenças psiquiátricas (esquizofrenia, psicose, depressão).

A confusão mental está relacionada à neurobiologia da atenção. A excitação e a atenção podem ser interrompidas por lesões cerebrais, que envolvam o sistema de ativação reticular ascendente (ARAS).

Uma vez que o insight nas percepções é frequentemente reduzido com os  estados de confusão, parece provável que a função cortical de ordem superior seja prejudicada. Nesse caso, especialmente em relação ao envolvimento do lobo frontal no exame minucioso das informações sensoriais recebidas.

Possíveis causas: porque o quadro pode ocorrer?

Esse sintoma pode ser advindo de diversas condições. 

Apesar de se tratar de uma manifestação mental, e associada à psiquiatria muitas vezes, a maioria das causas é orgânica. Assim, as primeiras suspeitas a serem descartadas são doenças de base tóxica e alcoólica

A polifarmácia é um fator precipitante que deve ser considerado em caso de confusão mental por idosos, quando já descartado o AVC e a hipoglicemia. Esse é um problema grave na atualidade, e que atinge diretamente a população idosa, sobrecarregada de medicações.

Ainda, o abuso de substâncias psicoativas também deve ser considerado, especialmente em jovens. O estado inflamatório intenso pode levar ao quadro. Por isso, episódios relacionados ao COVID já foram relatados. 

Outras condições que podem causas a confusão mental são: 

  • Tumor cerebral;
  • Febre;
  • Desidratação;
  • Hipoglicemia;
  • Uso de vários medicamentos ao mesmo tempo;
  • Desequilíbrio nos níveis de sódio, potássio, cálcio, etc.
  • Má nutrição;
  • Septicemia. 

 

Avaliação do paciente com confusão mental: como fazer?

É essencial buscar informações dos familiares e de cuidadores sobre o comportamento do paciente. Através de perguntas direcionadas, saberemos como é o seu comportamento basal, determinando quando ele esteve bem pela última vez.

É muito comum que os médicos falhem ao identificar a confusão mental, especialmente em idosos hospitalizados. Muitas vezes, pequenas trocas de palavras, desatenções são levadas como corriqueiras no rotina de cuidados. De fato, essa sub-identificação ocorre em cerca de 70% dos casos, segundo relatórios. Assim, uma manifestação que costuma ser mais levada a sério é a agressividade, quando não vista anteriormente. 

A investigação deve abordar também mudança de medicamentos ou doenças recentes, presença de alucinações (sejam visuais ou auditivas), abuso ou abstenção recente de substâncias, como benzodiazepínicos, etanol ou outras drogas.

Associada a anamnese deve ser realizado o exame do estado mental, incluindo consciência, memória, atenção, orientação, humor, afeto, psicomotricidade, vontade, pensamento e sensopercepção.

Se você tem dúvidas sobre como verificar cada uma destas funções, confira os detalhes no Anamnese Psiquiátrica e Psicopatologia: Entenda Tudo! – Sanar.

Exame físico direcionado: o que buscar?

No exame físico, devem ser buscadas marcas de agulha ou lábios vermelho-cereja. O primeiro pode sugerir fortemente o abuso de drogas, enquanto o segundo o envenenamento por monóxido de carbono (CO). 

Ainda, língua mordida ou uma fratura-luxação posterior do ombro pode sugerir uma crise convulsiva. As hemorragias retinianas, por sua vez, levantam a suspeita de uma hemorragia intracraniana, geralmente por rompimento do aneurisma de baga. 

As armadilhas no exame devem ser lembradas: a temperatura pode estar abaixo de 38,3ºC mesmo na presença de infecções graves. Achados auscultatórios e radiográficos de pneumonia podem ser sutis ou ausentes, e catástrofes abdominais podem se apresentar sem sinais peritoneais em idosos frágeis pacientes. 

Manifestações clínicas do paciente com confusão mental

O quadro de confusão mental costuma ser aberto de forma aguda, evoluindo rapidamente em poucos dias. 

Como o sintoma pode estar associado à diversas condições, até mesmo com o AVC, a duração do quadro pode variar. De maneira geral, as manifestações mais comuns são: 

  • Interrupção súbita do raciocínio;
  • Comportamento atípico;
  • Incerteza quanto à datas e horários;
  • Falta de compreensão sobre os acontecimentos à sua volta. 

Outras condições associadas à esse sintoma são epilepsia, convulsões e  Alzheimer, de modo mais progressivo. 

Grupos de risco para a confusão mental 

A confusão mental é uma sintomatologia que pode se manifestar em qualquer faixa etária, como vimos acima.

No entanto, em idades avançadas e em outras condições associadas, pode representar um sinal de alerta grave. Sendo assim, os grupos abaixo merecem uma atenção especial da equipe e familiares: 

  • Ter idade > 70 anos;
  • Demência;
  • Dificuldade de visão ou audição;
  • Abuso de álcool e outras drogas;
  • Efeito colateral de algum fármaco de uso recente;
  • Hospitalização;
  • Pacientes em pós cirúrgico, pelo risco de infecções associadas. 

Quando procurar ajuda médica?

A confusão mental é um sintoma que costuma chamar atenção e assustar familiares que identifiquem o quadro. Por si só, é um sintoma já considerado sinal de alerta. 

Pensando nisso, assim que identificado o quadro de confusão mental, a avaliação médica deve ser buscada. Dessa forma, encaminhem-se à emergência

Como diagnosticar a confusão mental?

A confusão mental é um sintoma e não uma doença em si. 

Por isso, ela pode ser percebida como um sinal de que outra condição está ocorrendo, que deve ser investigada. 

A depender das possibilidades de doença envolvida, exames específicos podem ser realizados. Como exemplo, na suspeita de um desequilíbrio ácido-básico em um paciente renal agudo ou crônico, solicita-se uma gasometria.

Já considerando um paciente mais idoso, com histórico de comorbidades, poderiam pensar na possibilidade da um AVC. Sendo assim, seria adequado solicitar uma Tomografia de Crânio

Nesse raciocínio, o exame de investigação sempre deve partir do bom senso e avaliação da equipe. A partir disso, temos as direções a serem seguidas. 

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Drogas que acredita-se estender estados de confusão. Fonte: Francis et al, 2023.

Diagnóstico da confusão mental através do eletroencefalograma (EEG)

Não existe um exame protocolado para elucidar o quadro. Por isso, cabe ao médico uma investigação cuidadosa, a fim de raciocinar sobre a possível causa base.

Como vimos, muitas são as condições que podem causar o quadro. No entanto, sendo a suspeita de confusão mental associada à atividade neuronal, o eletroencefalograma (EEG) pode ser útil.

O exame não é invasivo. Os eletrodos são posicionados na cabeça do indivíduo, registrando a atividade química e eletrofisiológica neuronal. Por conta do padrão, além de identificar alterações funcionais do encéfalo, também é possível identificar a região da alteração.

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Eletroencefalograma mostrando eletrodos posicionados na cabeça do paciente.

Para quem indicar o eletroencefalograma (EEG)?

A avaliação do EEG deve ser obtida para qualquer paciente com consciência alterada de etiologia desconhecida. Com isso, pode ser recomendado para muitas condições, mas especialmente para excluir diagnósticos importantes.

Assim, é útil para excluir convulsões, especialmente as subclínicas. Ainda, o diagnóstico de certas encefalopatias metabólicas, ou mesmo encefalites infecciosas que apresentam padrões característicos de EEG.

As encefalopatias metabólicas podem mostrar lentidão bilateral difusa do ritmo de fundo e amplitude de onda moderada ou alta. As ondas trifásicas estão associadas à encefalopatia hepática, mas podem ser observadas em outros distúrbios metabólicos graves, incluindo encefalopatia urêmica e séptica.

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Perguntas frequentes

  1. Qual é o grupo de risco que mais comumente apresenta confusão mental?
    Muito comum em pacientes idosos, com mais de 70 anos, e pessoas que fazem abuso de substâncias psicoativas.
  2. Quais manifestações clínicas podem indicar a confusão mental?
    Grande ansiedade e agressividade podem indicar alterações mentais.
  3. Podemos lançar mão de que exame para a avaliação de causas desconhecidas de confusão mental?
    Especialmente para afastar convulsões subclínicas, ou para diagnosticar encefalopatias.

Referências

  1. Diagnosis of delirium and confusional states. Joseph Francis, Jr, MD, MPH. UpToDate

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