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Cardiotocografia e o sofrimento fetal

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A cardiotocografia (CTG) consiste em um método não invasivo usado para o monitoramento gráfico da frequência cardíaca fetal (FCF), dos movimentos fetais e das contrações uterinas utilizando um cardiotocógrafo. Esse exame permite avaliar o bem-estar do feto e, portanto, tem como principal objetivo avaliar a vitalidade fetal.

Além disso, classifica-se a cardiotocografia em anteparto (ou basal) e intraparto. A anteparto tem como finalidade acompanhar a saúde fetal ao longo da gestação, principalmente nas gestações consideradas de alto risco. Por outro lado, a intraparto é utilizada para monitoramento durante o trabalho de parto.

Bases fisiológicas e fisiopatológicas da cardiotocografia

O desenvolvimento do coração fetal e do sistema de condução ocorre entre a terceira e a sexta semanas de vida embrionária.

Já o sistema nervoso autônomo é composto pelos componentes simpático e parassimpático, tem como função regular a FCF e começa a funcionar em uma fase mais avançada da gestação.

Quando há hipoxia cerebral, o hipotálamo e os núcleos da base do cérebro do feto são as primeiras estruturas a serem afetadas. Dessa forma, há prejuízo da ação do sistema nervoso autônomo sobre o coração, o que altera o padrão da FCF.

O sistema parassimpático atinge seu desenvolvimento completo no terceiro trimestre da gestação. Com 24 semanas, apenas 50% dos fetos saudáveis apresentam aceleração da FCF durante movimentos ativos, enquanto 95% dos fetos demonstram esse comportamento a partir de 30 semanas.

Vantagens da cardiotocografia

As principais vantagens da cardiotocografia incluem:

  • Facilidade de execução.
  • Baixo custo.
  • Boa aceitação tanto por pacientes quanto por profissionais de saúde.
  • Alto valor preditivo negativo, ou seja, quando o exame apresenta um padrão considerado normal, o bem-estar fetal pode ser garantido.

Técnica para realização da cardiotocografia

Para a realização do exame, a gestante deve estar em decúbito lateral, na posição semideitada (30º – 35º), em posição de Fowler (45º) ou sentada. Inicialmente, é necessário também identificar a paciente no cardiotocógrafo, incluindo nome completo e número do prontuário.

Em seguida, ajusta-se a velocidade de registro do aparelho para 1 cm/minuto. Assim, posiciona-se o transdutor tocográfico no fundo do útero para registro da atividade contrátil miometrial e o outro transdutor para registrar a FCF na região do dorso fetal. O tempo usual de realização do exame é de 20 minutos.

Ademais, deve-se verificar fatores maternos que podem impactar a interpretação do exame, como:

  • Jejum.
  • Temperatura.
  • Pressão arterial.
  • Medicamentos em uso.

Após a realização do exame, avalia-se todos os parâmetros da cardiotocografia, como a FCF basal (linha de base), as oscilações da frequência cardíaca fetal (variabilidade da FCF), além das acelerações e desacelerações da FCF. Caso as acelerações estejam ausentes, pode-se utilizar a estimulação vibroacústica.

A estimulação vibroacústica tem como objetivo estimular a movimentação fetal, ajudando a diferenciar fetos saudáveis dos hipoxemiados. Para isso, utiliza-se uma buzina adaptada ao ventre materno, próxima ao polo cefálico do feto, com pressão sonora entre 110 e 120 db, frequência de 500 a 1.000 Hz, e duração de 1 a 3 segundos, podendo ser repetida até três vezes.

Por fim, classifica-se a CTG de acordo com a categoria do exame, a gravidade e estabilidade do quadro clínico da gestante, e a idade gestacional.

Mnemônico DR CONIVADO

Quando avalia-se uma cardiotocografia, devemos lembrar no mnemônico DR CONIVADO:

  • DR – Determinar o Risco.
  • C – Contrações.
  • NI – Nível da linha de base.
  • V – Variabilidade.
  • A – Aceleração
  • D – Desaceleração
  • O – Opinião e Conduta

Cardiotocografia não tranquilizadora (sofrimento fetal)

Inicialmente, divide-se o sofrimento fetal em agudo e crônico.

O sofrimento fetal agudo caracteriza-se por hipóxia súbita e intensa, hipercapnia e acidose. Ocorre principalmente durante o trabalho de parto, devido as contrações. Além disso, tem como principais etiologias duas situações:

  • Alterações uteroplacentárias, como hiperatividade uterina (hiperssistolia uterina, taquissistolia, hipertonia), hipotensão e hipovolemia materna.
  • Alterações fetoplacentarias, como qualquer alteração posicional ou compressiva de cordão umbilical (circulares, prolapsos, procidências, nós verdadeiros ou trombose) e insuficiência placentária crônica.

O sofrimento fetal crônico, por sua vez, tem como característica alterações no crescimento fetal e alterações do volume de liquido amniótico. Portanto, devemos lembrar dos principais fatores de risco, que incluem:

  • Diabetes.
  • Gemelaridade.
  • Extremo de idade.
  • Pós maturidade.
  • Doença hemolítica perinatal.
  • Pré-eclampsia.
  • Descolamento prematuro de placenta.

Parâmetros avaliados pela cardiotocografia

Os principais parâmetros avaliados na cardiotocografia incluem:

  • Frequência cardíaca fetal basal (FCF) – linha de base.
  • Variações na frequência cardíaca fetal – variabilidade da FCF.
  • Acelerações da frequência cardíaca fetal.
  • Desacelerações da frequência cardíaca fetal.

Frequência Cardíaca Fetal (FCF) basal

A Frequência Cardíaca Fetal (FCF) basal é definida como a média da FCF calculada em um período específico. Diante disso, pode ser classificada em:

  • Normal – 110 a 160 bpm.
  • Taquicardia – Superior a 160 bpm. Geralmente causada por fatores maternos, como febre, ansiedade, tireotoxicose e uso de medicamentos, infecção intrauterina, hipoxia fetal, doenças cardíacas do feto ou condições constitucionais.
  • Bradicardia – Inferior a 110 bpm. Pode ser causada por hipoxia fetal, doenças cardíacas do feto, efeitos de medicamentos administrados à mãe ou fatores constitucionais.

Variabilidade da Frequência Cardíaca Fetal (FCF)

A microscilação, ou variabilidade de curta duração, refere-se à variação batimento a batimento da FCF, podendo ser avaliada apenas por meio da CTG computadorizada.

Por outro lado, a macroscilação, ou variabilidade de longa duração, representa a diferença entre a maior e a menor FCF durante um minuto de exame. Apesar de o tempo necessário para caracterizar a macroscilação seja de um minuto, é necessário um mínimo de 10 minutos de exame para avaliá-la adequadamente.

Ademais, classifica-se as macroscilações quanto a amplitude da variação em:

  • Ausente – Amplitude indetectável.
  • Mínima – Amplitude de 0 a 5 bpm.
  • Moderada – Amplitude de 6 a 25 bpm.
  • Acentuada – Amplitude maior que 25 bpm.

Acelerações

As acelerações da FCF são aumentos periódicos da frequência cardíaca do feto, que ocorrem devido à sua atividade motora ou às contrações uterinas. Portanto, a ausência de acelerações é frequentemente um dos primeiros sinais de hipoxia fetal.

Em fetos saudáveis, qualquer movimento resulta em uma aceleração da FCF (com amplitude superior a 15 bpm e duração superior a 15 segundos). Todavia, para fetos com menos de 32 semanas, uma aceleração esperada é de 10 bpm por pelo menos 10 segundos.

Por fim, caso uma aceleração dure mais de 10 minutos, ela deve ser interpretada como uma alteração na linha de base.

Desacelerações

A desaceleração tardia refere-se a queda gradual e simétrica da FCF, com retorno à linha de base, que se associa à contração uterina. Nesse caso, a desaceleração ocorre após o início da contração, com o nadir após o pico da contração.

A precoce, por sua vez, consiste na queda gradual e simétrica da FCF, com retorno à linha de base, também associada à contração uterina. Todavia, o nadir da desaceleração ocorre simultaneamente ao pico da contração, com início, nadir e retorno coincidentes com a contração.

Já na desaceleração variável, ocorre queda abrupta da FCF, com nadir maior ou igual a 15 bpm e duração maior ou igual a 15 segundos, mas menor que 10 minutos. Sua relação com a contração uterina varia em termos de início, profundidade e duração.

Por fim, na desaceleração prolongada há uma queda da FCF com nadir maior ou igual a 15 bpm e duração entre 2 e 10 minutos.

Padrão sinusoidal

Refere-se a um padrão ondulatório e regular, que se assemelha a ondas senoidais, com variabilidade de 3 a 5 batimentos por minuto, por pelo menos 20 minutos. Esse padrão pode ser observado em fetos com anemia grave (hemoglobina abaixo de 7g%).

Classificação da cardiotocografia

Classifica-se a cardiotocografia em três categorias:

  • Categoria I.
  • Categoria II.
  • Categoria III.

Categoria I

Define-se a categoria I como normal. Portanto, para uma cardiotocografia ser classificada como categoria I, é necessário a presença dos seguintes critérios:

  • FCF basal – 110–160 bpm.
  • Variabilidade – Moderada.
  • Desaceleração tardia ou variável – Ausente.
  • Desaceleração precoce – Ausente ou presente.
  • Aceleração – Presente ou ausente.

Dessa forma, diante de uma CTG classificada como Categoria I, não há necessidade de nenhuma intervenção.

Categoria II

A categoria II, por sua vez, refere-se a qualquer traçado não-categorizado nas categorias I ou III. Além disso, os critérios para classificar uma CTG como Categoria II incluem:

  • Linha de base – Bradicardia (com presença de variabilidade) e taquicardia.
  • Variabilidade – Mínima, ausente (sem desacelerações recorrentes) ou acentuada.
  • Desacelerações – Variável recorrente associada à variabilidade normal ou mínima; prolongada (duração superior a 2 minutos, mas inferior a 10 minutos); tardia recorrente com variabilidade normal; variável com características adicionais, como retorno lento à linha de base.
  • Acelerações – Ausentes ao estímulo fetal.

Portanto, o traçado requer cuidados clínicos devido a probabilidade de hipóxia. Dessa forma, nesses casos, torna-se necessário corrigir causas reversíveis de alterações em cardiotocografia, além de realizar monitoramento contínuo ou utilizar métodos adicionais para avaliar a oxigenação fetal.

Algumas intervenções para correção de causas reversíveis incluem:

  • Posicionar a gestante em decúbito lateral.
  • Administrar oxigênio.
  • Realizar hidratação intravenosa.
  • Interromper o uso de ocitocina ou misoprostol.
  • Administrar tocolíticos, se necessário (em casos de taquissistolia, com 5 ou mais contrações a cada 10 minutos).

Categoria III

Por fim, classifica-se como categoria III traçados com pelo menos um dos seguintes parâmetros:

  • Linha de base – Bradicardia.
  • Variabilidade – Ausente ou padrão sinusoidal.
  • Desacelerações – Tardia recorrente ou variável recorrente, ambas com variabilidade ausente.
  • Acelerações – Ausentes.

A categoria III refere-se a um traçado que representa alguma anormalidade, com alta probabilidade de sofrimento fetal grave. Portanto, na maioria dos casos, requer a interrupção imediata da gestação em um centro de referência terciário, para garantir os cuidados adequados ao recém-nascido.

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