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Câncer de Próstata e Novembro Azul | Colunistas

Câncer de Próstata e Novembro Azul | Colunistas

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No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás somente do câncer de pele não-melanoma). Seus sintomas são, geralmente, ausentes até o crescimento do tumor causar hematúria (sangue na urina) e/ou obstrução com dor. O diagnóstico é sugerido pelo toque retal e pela dosagem do antígeno prostático específico (PSA), sendo confirmado pela biópsia com ultrassom transretal. O prognóstico para a maioria dos pacientes com câncer de próstata, em especial quando localizado ou regional, é muito bom. O tratamento é feito através de protectomia­­­­, radioterapia, medidas paliativas, ou para pacientes idosos, vigilância ativa.

A próstata – anatomia

É uma glândula do sistema genital masculino e está localizada na parte baixa do abdômen. É um órgão pequeno (seu tamanho varia com a idade), com formato de maçã, situado abaixo da bexiga e à frente do reto. Esta glândula envolve a porção inicial da uretra (que transporta a urina e o sêmen para fora do corpo através do pênis, e atravessa o centro da próstata) e sua função é produzir o fluído que protege e nutre os espermatozoides no sêmen, tornando-o mais líquido. Logo atrás da próstata estão as glândulas denominadas vesículas seminais, que produzem a maior parte do líquido para o sêmen.

Tipos de câncer de próstata

O câncer se origina quando as células do corpo começam a crescer de forma descontrolada e não é diferente em relação ao câncer de próstata, que se origina quando as células da próstata começam a se multiplicar fora de controle.

Quase todos os tipos de câncer de próstata são adenocarcinomas. Esse tipo de câncer se desenvolve a partir de células glandulares, por isso o nome, ADENO = glândulas; CARCINOMA = câncer epitelial. Outros tipos de câncer que podem se originar na próstata são:

  • Câncer de próstata indiferenciado;
  • Carcinoma de células pequenas;
  • Tumores neuroendócrinos;
  • Carcinoma ductal transicional;
  • Carcinoma de células escamosas;
  • Neoplasia intraepitelial prostática;
  • Sarcoma.

O sarcoma de próstata é raro e ocorre primariamente em crianças; o câncer de próstata indiferenciado, carcinoma de células escamosas e o ductal transicional também são observados infrequentemente. A neoplasia intraepitelial prostática é considerada uma possível alteração histológica pré-maligna.

Alguns tipos de câncer de próstata crescem e se propagam mais rapidamente, mas, a maioria cresce lentamente. Existem estudos realizados em autópsias que mostram homens de idade avançadas (e jovens também) que morreram por outras causas e que também tinham câncer de próstata que nunca afetou suas vidas.

Sinais e Sintomas e os Fatores de Risco

Sinais e Sintomas

Esse câncer, em geral, evolui de modo lento e raramente causa sintomas até estar avançado. Na doença avançada, podem surgir hematúria (sangue na urina) e sintomas de obstrução do colo vesical:

  • Esforço para urinar;
  • Hesitação;
  • Jato urinário fraco e intermitente;
  • Sensação de esvaziamento incompleto;
  • Gotejamento terminal.

Dor óssea, fraturas patológicas ou compressão da coluna podem resultar de metástases osteoblásticas nos ossos (comumente pelve, arcos costais e corpos vertebrais).

Fatores de Risco

As principais vítimas são homens com mais de 50 anos, mas a doença começa a se desenvolver muito antes, por isso a prevenção e diagnóstico precoces são tão essenciais. Os fatores são:

  • Pessoas com parentes de primeiro grau, como irmão ou pai, que desenvolveram a doença;
  • Maus hábitos de saúde como: sedentarismo, obesidade, alimentação rica em gorduras, sódio, carne vermelha e deficiência de vegetais e legumes;
  • Poluição ambiental como: contato excessivo com substâncias como chumbo, cromo e ferro e o excesso de estrogênio no organismo.

Diagnóstico e Prognóstico

Diagnóstico

O diagnóstico é feito da seguinte forma:

  • Triagem por exame de toque retal (ETR) e antígeno prostático específico (PSA): a maioria dos casos é detectada nesta etapa, com concentrações do antígeno. É comumente realizada anualmente em homens < 50 anos de idade, mas, em homens de alto risco, começa-se mais precocemente;
  • Avaliação das alterações por meio de biopsia transretal por agulha: o diagnóstico do câncer de próstata exige uma confirmação histológica, sendo a mais comum por biopsia com agulha guiada por ultrassom transretal, que pode ser realizada em clínica ambulatorial, sem anestesia geral;
  • Graduação histológica: baseada na arquitetura do tumor em relação à estrutura glandular normal e auxilia a prever a agressividade do tumor. A classificação mais comum é a de Gleason, onde os dois padrões mais prevalentes recebem um grau de 1-5 e mais dois graus são usados para produzir a classificação total. A maioria dos especialistas considera uma classificação ≤ 6 bem diferenciada; 7 moderadamente diferenciada e de 8-10 mal diferenciada (ao contrário do que se supõe, uma neoplasia maligna não é uma entidade homogênea, ela tem, em uma mesma área, células com graus diferentes de diferenciação; quanto pior a diferenciação, maior sua agressividade);
  • Estadiamento por TC: o câncer de próstata é estadiado para definir a extensão do tumor. A ultrassonografia transretal (TRUS) pode fornecer informação de estadiamento, mais particularmente em relação à invasão da cápsula e das vesículas seminais. Pode-se, também, fazer uso da tomografia computadorizada (TC) ou da ressonância magnética (RM) do abdômen e da pelve para avaliar os linfonodos pélvicos e retroperitoneais. A RM também pode auxiliar na definição da extensão local do tumor em paciente com câncer de próstata localmente avançado.

Prognóstico

Como já foi citado, o prognóstico para a maioria dos pacientes com câncer de próstata, em especial quando localizado ou regional, é excelente. A expectativa de vida de homens idosos com câncer de próstata difere um pouco da de homens com mesma idade sem câncer, a depender da idade e comorbidades. Para muitos pacientes, o controle local a longo prazo e até a cura são possíveis.

O potencial de cura depende do grau e do estágio do tumor; sem tratamento precoce e de graus elevados mal diferenciados apresentam um prognóstico reservado.

Tratamento

  • Para o câncer localizado na próstata: cirurgia ou radioterapia;
  • Para o câncer fora da próstata: tratamento paliativo hormonal, radioterapia ou quimioterapia;
  • Para alguns homens com baixo risco: vigilância ativa sem tratamento.

O tratamento é orientado pelo PSA, grau de extensão do tumor, idade do paciente, doenças coexistentes e expectativa de vida. Seu objetivo pode ser:

  • Vigilância ativa;
  • Local (direcionado para cura);
  • Sistêmico (direcionado para reduzir ou limitar a extensão do tumor).

Novembro Azul

Novembro Azul é uma campanha que busca conscientizar a respeito da necessidade da prevenção e diagnóstico do câncer de próstata, além da importância de cuidados integrais com a saúde do homem.

Objetivos do Novembro Azul

É uma campanha que ocorre em 21 países, todos os anos, e tem como principal objetivo alertar a respeito da necessidade de cuidados especiais com a saúde integral do homem, em especial, sobre o câncer de próstata, abrangendo temas como doenças crônicas (ex.: hipertensão), infecções sexualmente transmissíveis, bem como a saúde mental.

A campanha é realizada por meio de ações que objetivam promover uma mudança nos hábitos masculinos, mostrando a importância da realização de consultas e de exames de rotina, quebrando alguns preconceitos a respeito de determinados exames e estimulando os homens a manterem uma rotina que promova a saúde e bem-estar. No Brasil, durante o mês de novembro, diversos prédios ficam iluminados de azul em menção à campanha.


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


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