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A pandemia e sua projeção ao longo de 2021 | Colunistas

A pandemia e sua projeção ao longo de 2021 | Colunistas

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A epidemia de SARS-CoV-2 começou na cidade de Wuhan em 2019 e logo se tornou uma pandemia mundial que tem se projetado ao longo de 2020, e certamente se manterá ao longo do ano de 2021. Assim que foi detectada na China como uma ameaça, sequenciaram o vírus responsável pela COVID-19 e logo o identificaram como sendo um novo coronavírus, que compartilhava certas sequências com CoVs semelhantes à SARS derivados de morcegos, portanto, uma zoonose. O SARS-CoV-2 é um membro do Coronaviridae, uma família de vírus de RNA de fita simples, de sentido positivo e envelopado que infecta uma ampla gama de vertebrados. E muito mais que isso, suas diferenças o tornam mais infeccioso que os outros Coronaviridae. Projetar a pandemia de COVID-19 para o ano de 2021 é entender cada vez mais o seu comportamento, a sua epidemiologia e fisiopatologia.

Dentre as milhares de possibilidades, há a hipótese de que o SARS-CoV-2 tenha adquirido mutações dentro de um animal que facilitaram a sua replicação em humanos. Animais como o morcego, reservatório natural de milhares de vírus, podem transferi-los a humanos. E é algo natural que acontece de maneira constante entre espécies. É importante ressaltar que a história do vírus HIV seguiu o mesmo trajeto de saltos interespecíficos, com a diferença da epidemia local do Congo ter surgido em um mundo muito menos conectado e com a capacidade de desenvolvimento de testes para a detecção menos velozes que no século XXI. Do surgimento do HIV ao desenvolvimento dos primeiros medicamentos que de fato controlavam a doença, foram 10 anos. São vírus totalmente diferentes. Mas é importante salientar o intervalo que levamos para o desenvolvimento de meios a controlar parte dos efeitos deletérios do HIV.

Existe uma necessidade urgente da vacina para o SARS-CoV-2. O vírus da COVID-19 veio para ficar e não vamos conseguir regressar às atividades habituais sem que estejamos com parte da população imunizada contra a doença. Sem a vacina, a projeção sobre 2021 se torna uma incógnita e, em parte, sombria. O SARS-CoV-2 está à mercê da seleção natural e pode, com o afrouxamento das medidas de isolamento e aumento dos infectados, sofrer mutações e suas variantes mais bem sucedidas causarem as segundas ondas, terceiras e assim por diante. Afetando grande parte da população mundial, destruindo economias e ceifando vidas. Enquanto as curvas são ascendentes, o isolamento ainda se faz necessário. Quando a curva for descendente, parte das atividades podem ser retomadas, porém sempre avaliando o risco de crescimento de novos casos. Sem a vacina, 2021 será um ano de períodos de regressos à vida e isolamentos.

Atualmente há o desenvolvimento em torno de 200 projetos de vacinas no mundo, com 120 registradas na OMS de diversas tecnologias. Desde vírus inativados, a vacina para ser promissora tem que imunizar a maioria das pessoas, independente da sua idade e ter uma cobertura acima de 80-90%, como a vacina do sarampo. Além de uma longa memória, não apresentar efeitos adversos relevantes e a correção de sua cobertura assim que uma variante nova do vírus for detectada. Enquanto não tivermos essas “cartas” na mão, o próximo ano será pautado por medidas restritivas de contato social. Não há um claro entendimento por parte da população, pois por ser uma patologia que não afeta a todos de maneira homogênea, muitos continuaram a pensar ser apenas uma síndrome gripal, aumentando ainda mais os números de hospitalizados por COVID-19 e o incessante trabalho dos profissionais de saúde a alertar sobre os riscos de uma doença que ainda não conhecemos a totalidade de sua história natural.

Marcela S Rocha – Estudante de Medicina

Instagram @marcelasr

YouTube https://www.youtube.com/c/canalnexusbymarcela


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


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