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Reuniões virtuais após a pandemia do COVID-19 e a igualdade que elas representam | Colunistas

Reuniões virtuais após a pandemia do COVID-19 e a igualdade que elas representam | Colunistas

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Imagem de perfil de Comunidade Sanar

O privilégio de estar presente em reuniões virtuais em qualquer lugar do mundo como expansão do conhecimento e acessibilidade em tempos de pandemia traz um questionamento do avanço ou comodidade em tempos futuros.

Maior alcance

Com o avanço da pandemia do COVID-19, a partir do final de 2019, a internet tornou-se ainda mais presente na realidade das pessoas no mundo todo. Isso porque era inevitável seguir os planejamentos cotidianos, mas com o distanciamento social seria impossível. A partir daí, mesmo com a grande dificuldade no manuseio dessas novas técnicas, os encontros virtuais foram ganhando mais espaço e garantindo um acesso mais igualitário aos diferentes eventos que, antes da pandemia aconteciam de forma presencial, resultando em maiores gastos de deslocamento, hospedagem e diversos outros fatores que impediam muitas pessoas de buscarem conhecimento e novas oportunidades, o que hoje em dia tornou-se possível. E, por mais que ainda não se tenha um acesso baseado na equidade, devido à restrição do acesso à internet de diversas pessoas ao longo do mundo, atualmente pode-se dizer que a igualdade se faz presente entre os usuários com acesso ao mundo virtual.

The COVID-19 pandemic has forced scientists to share their research at virtual conferences in the past year. Credit: Laurence Dutton/Getty

Segundo uma pesquisa da Nature, 75% dos leitores participaram de várias reuniões virtuais desde março de 2020 e outros 18% participaram de pelo menos uma [1].

E, mesmo sendo cansativo trabalhar ou estudar de casa em frente a um computador ou ao ter medo de como será o futuro, é necessário ser visionário já que na fluidez atual das relações, a vida de cada um estaria propensa a mudar de uma hora para outra, às vezes de forma imprevisível, como já dizia Zygmunt Bauman. [4] Então, nada mais justo do que nos adaptarmos a essa realidade tornando-a menos individualista e mais acessível para ser suficientemente igualitária no que tange os relacionamentos virtuais propostos pela Pandemia do COVID-19.

Avanços a partir do mundo virtual

Mesmo que as pessoas tenham dinheiro para se deslocar, podem ter outras limitações que tornam a viagem impossível, como doenças, dificuldades para conseguir creche ou mesmo conciliar com a rotina diária de outras atividades. Alguns recursos de acessibilidade online, como legendas em tempo real ou audiodescrição, nem sempre estão disponíveis em reuniões pessoais. As reuniões virtuais podem eliminar algumas dessas barreiras e podem ser mais acessíveis. Inclusive, com o “empurrão” da pandemia, a disponibilização de meios digitais para acesso à internet, a partir do governo, tornou-se realidade para diversas pessoas nestes últimos dois anos, principalmente quando se trata de educação básica no Brasil.

“De acordo com o PL 4.538/2020, estudantes de famílias carentes que estejam matriculados em escolas públicas de ensino infantil, fundamental e médio e inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) receberão equipamentos que possibilitem o acesso à internet, além da própria conexão à rede. Dos quais podem ser computadores, roteadores, modems, tablets, chips ou smartphones, entre outros. Já o serviço de acesso à internet pode ser de forma direta ou por meio de prestadora de serviço de telecomunicações, na modalidade fixa ou móvel.” [2]

Se por um lado, a organização e sistematização de plataformas como o Zoom, Hangout Google Meet, Messenger Rooms, Skype, YouTube, Facebook, sofreram transformações em suas técnicas e tecnologias, rapidamente, a fim de possibilitar ao usuário mais conforto, comodidade, de modo a reverter maior visibilidade na disputa de mercado, por outro lado, pessoas de várias gerações se dispuseram a aprender como essas tecnologias funcionam, e, aos poucos, têm absorvido a comunicação com o outro por meio da tela do computador ou do celular. [3]

Há muito ainda a investir em programas de formação continuada nas empresas, em cursos ofertados com ensino à distância, capacitação aos educadores e alunos de escolas e universidades, além de formações práticas com exemplos reais do mundo do trabalho. Não basta apenas aceitar a tecnologia, deve-se inserir as pessoas nela como usuários reais e não como analfabetos funcionais. Para, assim, aprofundar relações interpessoais mesmo que o futuro seja incerto a respeito das tecnologias.

Conclusão

A importância de não encarar essa nova realidade apenas como cômoda na vida dos participantes de congressos, conferências ou mesmo aulas online nos traz uma perspectiva de avanço positivo no meio virtual e a necessidade de manter esse novo normal para não perdermos na questão da democratização do acesso. Por isso, mesmo que opte-se por um formato híbrido dos encontros, futuramente, ainda assim aproximará as pessoas de novos conhecimentos sem a obrigatoriedade de estar presente fisicamente no local do evento. Usar as tecnologias com intuito de inclusão vai muito além de relacionamentos na área de lazer, a partir da Pandemia do COVID-19, essa realidade mudou e englobou todas outras áreas do cotidiano e, se garantirmos o acesso, a igualdade virá para ficar.

Autora: Gisele Nizolli

Instagram: @ginizolli


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referências:

1- Scientists want virtual meetings to stay after the COVID pandemic : https://www.nature.com/articles/d41586-021-00513-1

2- Projeto garante acesso à internet para alunos carentes da rede pública de ensino : https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/09/18/projeto-garante-acesso-a-internet-para-alunos-carentes-da-rede-publica-de-ensino