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Resumo de osteoporose: epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento – Sanarflix

Resumo de osteoporose: epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento – Sanarflix

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Definição

A osteoporose é uma condição clínica caracterizada por perda progressiva de massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, sendo a principal causa de fraturas na população acima de 50 anos. É uma doença silenciosa que afeta especialmente as mulheres na pós-menopausa e idosos e tem elevada taxa de morbimortalidade. O principal objetivo no diagnóstico e tratamento precoce é a prevenção das fraturas. 

Epidemiologia   

A osteoporose e afeta mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo e é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em idosos. Ocorre mais comumente em mulheres na pós-menopausa. Estima-se que cerca de 50% das mulheres e 20% dos homens com idade igual ou superior a 50 anos sofrerão uma fratura osteoporótica ao longo da vida. 

Há morbimortalidade acentuada associada às fraturas em pessoas com idade avançada, principalmente de quadril. Aproximadamente 5% desses indivíduos que apresentam fratura morrem durante a internação hospitalar, 12% morrem nos 3 meses subsequentes e 20% morrem no ano seguinte ao da fratura, conforme dados norte-americanos. 

No Brasil, são escassos os dados precisos sobre a prevalência da osteoporose e incidência de quedas e fraturas, assim como sobre custos relacionados a esses eventos. Estimativas revelam que a população brasileira propensa a desenvolver osteoporose aumentou de 7,5 milhões, em 1980, para 15 milhões, em 2000. 

Outros fatores de riscos incluem hipogonadismo, terapia com glicocorticóides, doenças gastrointestinais, deficiência de vitamina D, terapia com drogas anticonvulsivantes, hipercalciúria e abuso de álcool. 

Fisiopatologia do osteoporose

A característica óssea de indivíduos com osteoporose incluem tamanho ósseo pequeno, microarquitetura desfavorável (por exemplo, comprimento aumentado do colo femoral), microarquitetura rompida e porosidade cortical. 

Indivíduo normal (painel esquerdo) e um paciente com osteoporose (painel direito)
Indivíduo normal (painel esquerdo) e um paciente com osteoporose (painel direito). Fonte: UptoDate

Indivíduo normal (painel esquerdo) e um paciente com osteoporose (painel direito). 

Outro aspecto importante na osteoporose é a viabilidade diminuída de osteócitos. Essas células são antigos osteoblastos enterrados dentro osso mineralizado que sente e responde a mudanças nas forças mecânicas. Com a depleção dessas células, o osso vai perdendo sua capacidade de ganhar resistência. 

A obtenção do pico de massa óssea varia de acordo com o gênero, etnia, tamanho do corpo e região óssea. Em meninas saudáveis, o período de pico de acúmulo de massa óssea ocorre entre as idades de 11 e 14 anos. A perda óssea começa antes da menopausa, conforme ilustrado por vários estudos prospectivos que relataram vários graus de perda óssea durante a transição da menopausa, mais frequentemente em mulheres com distúrbios de ovulação subclínicos ou sintomas da perimenopausa. 

Nos homens, o pico da densidade óssea espinhal é alcançado em aproximadamente 20 anos, enquanto o pico da densidade do rádio e diáfise femoral é alcançado um pouco mais tarde  perdem aproximadamente 30% do osso trabecular e 20% do osso cortical durante a vida. A perda óssea trabecular parece começar na vida adulta jovem, enquanto a perda óssea cortical é menos pronunciada ou começa mais tarde na vida. No entanto, a perda da densidade óssea é menos acentuada nos homens. 

Os hormônios desempenham papel fundamental na patogênese da osteoporose, por isso mulheres pós-menopausa são grupo de risco. Os estrogênios e androgênios diminuem a reabsorção óssea, restringem a taxa de remodelação óssea e ajudam a manter um equilíbrio focal entre a formação e reabsorção óssea. Esses efeitos são o resultado de influências hormonais na taxa de nascimento de osteoclastos e progenitores de osteoblastos na medula óssea, bem como efeitos pró-apoptóticos em osteoclastos e efeitos antiapoptóticos em osteoblastos maduros e osteócitos.

Quadro clínico da osteoporose

A osteoporose geralmente geralmente permanece assintomática até que haja uma fratura. Esse é um fato importante porque muitos pacientes sem sintomas presumem incorretamente que não devem ter osteoporose. Por outro lado, os pacientes que sentem dores em quadris ou pés presumem erroneamente que suas queixas se devem à osteoporose, mas isso é improvável sem que fraturas ocorram. Em comparação, a dor é comum na osteomalácia na ausência de fraturas ou outras deformidades ósseas. 

A fratura vertebral é a manifestação clínica mais comum da osteoporose. A maioria dessas fraturas é assintomática, sendo diagnosticados como um achado incidental na radiografia de tórax ou abdominal. As manifestações clínicas da fratura vertebral sintomática incluem dor ao movimento e diminuição do tamanho.

As fraturas de quadril também são relativamente comuns na osteoporose, afetando até 15% das mulheres e 5% dos homens até os 80 anos de idade. Além disso, podem ocorrer fraturas do rádio distal (fraturas de Colles). As fraturas de Colles são mais comuns em mulheres logo após a menopausa, enquanto o risco de fratura de quadril aumenta exponencialmente com a idade. 

Diagnóstico de osteoporose  

O diagnóstico da osteoporose pode ser clínico, nos casos de indivíduos com fatores de risco que apresentam fratura osteoporótica. Também pode ser estabelecido com base na medida de baixa densidade mineral óssea por densitometria óssea (DMO). A DMO é expressa em termos de grama de mineral por centímetro quadrado analisado (g/cm2 ).

Quando a DMO do indivíduo é comparada à de adultos jovens normais do mesmo sexo, obtém-se o escore T. Quando comparada com a esperada para pessoas normais da mesma idade e sexo, obtém-se o escore Z. 

Com base na relação semelhante entre DMO e fratura em homens e mulheres, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de limiares diagnósticos semelhantes para osteoporose em homens com 50 anos ou mais e em mulheres pós-menopausa. Esses limiares diagnósticos tem como base as medições de DMO do quadril: 

CATEGORIA ESCORE T 
NormalAté -1
Osteopenia Entre -1 e -2,5
Osteoporose Igual ou inferior a -2,5
Osteoporose estabelecida Igual ou inferior a -2,5 associada a fratura por fragilidade óssea

Tratamento de osteoporose 

Mudanças no de estilo de vida são essenciais para diminuir risco de fraturas em pacientes com osteoporose, principalmente mulheres pós-menopausa e outros grupos de risco. As medidas de estilo de vida incluem ingestão de cálcio e vitamina D adequados, exercícios físicos, parar de fumar, prevenção de quedas e evitar o uso pesado de álcool. Em geral, recomenda-se 1200mg de cálcio elementar diariamente e 800 UI de vitamina D diariamente. Se a ingestão for conseguida através da alimentação, não há necessidade de suplementação. 

Além da terapia não farmacológica, recomenda-se para pacientes com osteoporose estabelecida (pontuação T ≤-2,5) ou com histórico de fratura osteoporótica que sejam tratadas com um agente farmacológico. Os bifosfonatos orais, como alendronato de sódio, risedronato de sódio e pamidronato dissódico, são os medicamentos de primeira escolha no tratamento da osteoporose. Eles reduzem eventos futuros de fraturas osteoporóticas e possuem estudos de até 10 anos de seguimento publicados que comprovam eficácia e segurança.  A maioria dos estudos que embasam o uso de medicamentos na prevenção de fraturas osteoporóticas tem seguimento de 3-5 anos. 

Para pacientes que apresentam falha terapêutica aos bifosfonatos ou possuam distúrbio da deglutição, a utilização de raloxifeno, estrógenos conjugados ou calcitonina deve ser considerada. 

Mapa mental

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