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Resumo de Fluconazol | Ligas

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Definição

O fluconazol é um medicamento amplamente utilizado membro da família dos triazóis, um grupo de agentes fungistáticos sintéticos com um amplo espectro de atividade antifúngica. É uma droga aprovada pelo FDA para tratar candidíase vaginal, candidíase orofaríngea e esofágica, peritonite e infecções sistêmicas por Candida, incluindo candidemia, candidíase disseminada, pneumonia e meningite criptocócica. 

Apresentação do Fluconazol

O fluconazol pode ser administrado por via oral (suspensão ou comprimido) ou intravenosa. Importante salientar que a suspensão oral é rica em sacarose, o que requer cautela em pacientes que tenham dificuldades de absorção da glicose. As propriedades farmacocinéticas em ambas as vias de administração são semelhantes, sendo que a via intravenosa é útil em pacientes com comprometimento da absorção ou motilidade intestinal. O fluconazol por via oral apresenta uma biodisponibilidade cerca de 90% maior, o que não interfere nas doses diárias da droga que permanecem as mesmas para ambas as vias.

Mecanismos de ação

O fluconazol interage com a 14 – α – esterol- desmetilase, uma enzima do citocromo P-450 responsável por catalisar a conversão de ianosterol em ergosterol. Como o ergosterol forma uma parte importante da membrana celular do fungo, o fluconazol inibe a síntese de ergosterol aumentando a permeabilidade celular. Além disso, a perda de esteróis ocorre em paralelo ao acúmulo de 14-metil-3;6-diol, um produto tóxico que é o principal responsável pela atividade fungistática conferida ao fluconazol. O medicamento também age impedindo a respiração endógena e a formação de leveduras.  O mecanismo de desmetilação nos mamíferos é menos sensível à ação do fluconazol, portanto a droga auxilia o corpo a neutralizar os agentes causadores de infecção fúngica. Apesar desse mecanismo de ação os triazóis são considerados fungistáticos contra espécies de Candida.

Farmacocinética e Farmacodinâmica do Fluconazol

Farmacocinética: pode ser de administração oral ou IV e a sua concentração plasmática é essencialmente a mesma, independente da via de administração. O fluconazol é bem absorvido após administração oral por ser bastante hidrofílico e sua biodisponibilidade é superior a 90%. Sua absorção não é afetada pela ingestão de alimentos, nem pelo pH gástrico. A dose única do fluconazol é eficiente por conta da sua ampla distribuição pelos fluidos corporais, se ligando somente10 a 12% às proteínas. Sua distribuição se divide por todo o corpo com boa penetração no LCR (podem atingir 50% –90% dos valores simultâneos no plasma), olho, fluido peritoneal, pele e urina incluindo também leite materno, expectoração e saliva. Sua excreção é essencialmente renal, responsável por mais de 90% da eliminação. Possui uma longa meia-vida sérica (25-30h) e por isso permite que sua administração seja uma vez ao dia e é metabolizado em grau mínimo e cerca de 80% é encontrado inalterado na urina, por isso, ajustes de dose são necessárias em pacientes com comprometimento da função renal.

Farmacodinâmica: é um agente antifúngico triazólico e inibe potentemente a síntese fúngica de esteroides e é altamente específico para enzimas dependentes do citocromo fúngico P450.

Indicações

É o antimicótico de escolha para tratamento de C. albicans e Cryptococcus. As indicações rotuladas são para tratamento de candidíase (vaginal, oral, esofágica, peritoneal, trato urinário), infecções sistêmicas por cândida, infecção por Cryptococcus e profilaxia antifúngica. Além dessas indicações principais, podemos citar outras: coccidioidomicose, tinea cruris, tinea pedis, onicomicose, blastomicose e pitiríase versicolor

Contraindicações    

  • ·         Hipersensibilidade ao Fluconazol ou compostos azólicos.
  • Gestação: Seu uso deve ser ponderado devido a possíveis efeitos teratogênicos. A dose única de 150mg usada para tratamento da candidíase vaginal é classificada como categoria C do FDA (Food and Drug Administration), enquanto a administração de doses elevadas (400-800mg por dia) é classificada na categoria D.
  • Amamentação: É encontrado no leite materno em concentrações similares às do plasma.
  • Deve ser administrado com maior cautela em pacientes com disfunção hepática, renal, condição potencialmente pró-arrítmica e pacientes imunocomprometidos, devido ao maior risco de efeitos adversos graves.

Efeitos adversos

De maneira geral, é um fármaco seguro e bem tolerado. As reações adversas mais comuns incluem dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, cefaleia e rash cutâneo. Alopecia reversível pode ocorrer na terapia prolongada de 400 mg por dia. Casos raros de fatalidades foram relatados associados à hepatotoxicidade e à síndrome de Stevens-Johnson. Vale lembrar que pacientes com SIDA são mais predispostos ao desenvolvimento de reações cutâneas graves.

Interações medicamentosas

O fluconazol é um inibidor das isoenzimas CYP3A4 (moderado), CYP2C9 (forte) e CYP2C19, havendo, assim, possiblidade de interação com outros inúmeros fármacos que utilizam essa via de metabolização.

O fluconazol pode intensificar os efeitos de alguns medicamentos co-administrados, como as sulfaniluréias, anticoagulantes (varfarina), benzodiazepínicos e a fenitoína.

A hidroclorotiazida promove o aumento dos níveis séricos de fluconazol, enquanto a rifampicina é conhecida por levar à diminuição da quantidade de fluconazol no sangue.

A coadministração com cisaprida, astemizol, eritromicina, terfenadina, pimozida e quinidina podem gerar alterações do ritmo cardíaco.

O uso concomitante com inibidores da HMG-CoA redutase metabolizados pela CYP3A4, como a sinvastatina e a atorvastatina, ou pela CYP2C9, como a fluvastatina, aumenta o risco de miopatia e rabdomiólise.

Autor(a) : Fernanda Veiga Rodeiro Nery – @fernandanery, Camila Pena Queiroz – @_camilapena

Revisor(a): Larissa Neves Dias – @diasn.larissa

Orientador(a): Dra. Lídia Aragão – @liuaragao

Liga: Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia da Bahia – LAGOB – @lagob_

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