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Resumo de Anatomia das Meninges, líquido cerebrospinal e mais!

Resumo de Anatomia das Meninges, líquido cerebrospinal e mais!

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As meninges cranianas consistem em membranas que revestem o encéfalo imediatamente internas ao crânio. As principais funções das meninges são proteger o encéfalo de impactos, sustentar a estrutura de para curso das artérias, veias e seios venosos e completar uma cavidade preenchida por líquido, o espaço subaracnóideo, que é fundamental para a função normal do encéfalo.

As meninges são formadas por três camadas de tecido conjuntivo membranáceo:

  1. Dura-máter: camada fibrosa externa espessa e resistente
  2. Aracnoide-máter: camada fina intermediária
  3. Pia-máter: delicada camada interna vascularizada.

As camadas intermediárias e internas das meninges são membranas contínuas que, juntas, formam a leptomeninge. São separadas uma da outra pelo espaço subaracnóideo, que contém líquido cerebrospinal (LCS ou líquor). Esse espaço preenchido por líquido ajuda a manter o equilíbrio do líquido extracelular no encéfalo. 

Líquido cerebrospinal (LCS):

O líquor é um líquido transparente que tem constituição semelhante à do sangue. Sua função é prover nutrientes ao sistema nervoso. Todavia possui menos substrato proteico com uma concentração iônica diferente. É sintetizado pelos plexos corióideos dos quatro ventrículos do encéfalo.

Esse líquido ao deixar o sistema ventricular, entra no espaço subaracnóideo e circula, de modo a proteger e nutrir o encéfalo, até ser reabsorvido e drenado novamente.

Na imagem a seguir, é possível observar as meninges e sua relações anatômicas com a calvária, o encéfalo e a medula espinal. 

Meninges: dura-máter, espaço subaracnóideo, seios venosos, espaço extradural 
(epidural) e calvária
LEGENDA: A. A dura-máter e o espaço subaracnóideo (roxo) circundam o encéfalo e são contínuos com as estruturas de mesmo nome que envolvem a medula espinal. B. As duas camadas de dura-máter separam-se para formar seios venosos da dura-máter, como o seio sagital superior e as granulações aracnóideas C. O espaço extradural (epidural) espinal normal, preenchido por gordura e veias, não é contínuo com o espaço extradural craniano potencial ou patológico. A dura-máter craniana tem duas camadas, ao passo que a duramáter
espinal tem apenas uma camada. D. A calvária foi removida para mostrar a camada externa (periosteal) da dura-máter. No plano mediano, uma parte do teto espesso do seio sagital superior foi aberta e afastada; lateralmente, partes do teto fino de duas lacunas laterais (L) foram rebatidas para mostrar as abundantes granulações aracnóideas, que são responsáveis pela absorção de LCS. À direita, um retalho angular de dura-máter foi girado anteriormente; as convoluções do córtex cerebral são visíveis através da aracnóide-máter. E. A face interna da calvária mostra depressões (linhas pontilhadas, fovéolas granulares) no frontal e no parietal, que são produzidas por granulações aracnóideas aumentadas ou por grupos de granulações aracnóideas menores.
FONTE: Moore, Anatomia Orientada para a Clínica, 2018

Dura-máter:

A dura-máter é uma meninge com duas lâminas de tecido, densa e espessa. Está aderida à lâmina interna do neurocrânio (calvária). As duas camadas da dura-máter craniana são: 

  • camada externa: periosteal, formada pelo periósteo que cobre a face interna da calvária; adere-se à face interna do crânio. Sua inserção é resistente ao longo das linhas de sutura e na base do crânio.
  • camada interna: uma membrana fibrosa forte e contínua no forame magno com a parte espinal da dura-máter que reveste a medula espinal. 

As camadas externa e interna fundidas da dura-máter sobre a calvária podem ser facilmente arrancadas dos ossos do crânio (p. ex., quando a calvária é removida durante a necropsia).

Na base do crânio, elas estão firmemente inseridas e é difícil separá-las dos ossos. Em vida, essa separação na interface da dura-máter com o crânio só ocorre em caso de doença, criando um espaço extradural real (cheio de sangue ou líquido, como no hematoma extradural).

Invaginações ou reflexões: 

A camada meníngea interna da dura-máter é uma camada de sustentação que se reflete a partir da camada periosteal externa para formar invaginações (reflexões) durais.

Tais septações dividem a cavidade do crânio em compartimentos, formando divisões parciais (septos durais) entre algumas partes do encéfalo e oferecendo suporte para outras partes. As invaginações da dura-máter incluem:

  1. Foice do cérebro: trata-se da maior invaginação da dura-máter. Situa-se na fissura longitudinal do cérebro que separa os hemisférios cerebrais direito e esquerdo. Está fixada no plano mediano à face interna da calvária e termina tornando-se contínua com o tentório do cerebelo.
  2. Tentório do cerebelo: a segunda maior invaginação da dura-máter, é um septo largo, em formato de meia-lua, que separa os lobos occipitais dos hemisférios cerebrais do cerebelo. Atua como uma faixa de tecido que cobre e reveste superiormente o cerebelo. A foice do cérebro fixa-se ao tentório do cerebelo e o mantém elevado, conferindo aparência semelhante à de uma tenda. Esta invaginação divide a cavidade do crânio em compartimentos supratentorial e infratentorial. O compartimento supratentorial é dividido em metades direita e esquerda pela foice do cérebro. 
  3. Foice do cerebelo: é uma invaginação vertical da dura-máter situada inferiormente ao tentório do cerebelo na parte posterior da fossa posterior do crânio. Está inserida na crista occipital interna e separa parcialmente os hemisférios do cerebelo.
  4. Diafragma da sela: a menor invaginação da dura-máter, é uma lâmina circular, que fica suspensa entre os processos clinoides, formando um teto parcial sobre a fossa hipofisial no esfenoide. O diafragma da sela cobre a hipófise nessa fossa e tem uma abertura para a passagem do infundíbulo e das veias hipofisiais.

Seios venosos:

Os seios venosos da dura-máter são espaços revestidos por endotélio entre as lâminas periosteal e meníngea da dura. São formados nos locais onde os septos durais se inserem ao longo da margem livre da foice do cérebro e em relação às formações doassoalho do crânio.

Grandes veias da superfície do encéfalo drenam para esses seios e a maior parte do sangue do encéfalo drena finalmente através deles para as veias jugulares internas (VJI). São eles: 

  1. Seio sagital superior: situa-se na margem fixada convexa da foice do cérebro. O seio começa na crista etmoidal e termina perto da protuberância occipital interna na confluência dos seios, um local de reunião dos seios sagital superior, reto, occipital e transverso. Recebe as veias cerebrais superiores.]
  2. Granulações aracnóideas: são prolongamentos em tufo da aracnóide-máter que se salientam através da lâmina meníngea da dura-máter para os seios venosos durais, principalmente as lacunas laterais, e possibilitam a transferência de LCS para o sistema venoso. As granulações aracnóideas são adaptadas estruturalmente para o transporte de LCS do espaço subaracnóideo para o sistema venoso.
  3. Seio sagital inferior: é muito menor do que o superior. Segue na margem livre côncava inferior da foice do cérebro e termina no seio reto.
  4. Seio reto: é formado pela união do seio sagital inferior com a veia cerebral magna. Segue em sentido inferoposterior ao longo da linha de inserção da foice do cérebro até o tentório do cerebelo, onde se une à confluência dos seios.
  5. Seios transversos: seguem lateralmente a partir da confluência dos seios, formando um sulco nos occipitais e nos ângulos posteroinferiores dos ossos parietais. 
  6. Seios sigmóideos: seguem trajetos em forma de S na fossa posterior do crânio, formando sulcos profundos no temporal e no occipital. Cada seio sigmóideo segue anteriormente e depois continua inferiormente como a veia jugular interna (VJI) após atravessar o forame jugular. 
  7. Seio occipital: situa-se na margem fixada da foice do cerebelo e termina superiormente na confluência dos seios. O seio occipital comunica-se inferiormente com o plexo venoso vertebral interno. 
  8. Seio cavernoso: é um grande plexo venoso, está localizado de cada lado da sela turca, sobre a face superior do corpo do esfenoide, que contém o seio esfenoidal (aéreo). Formado por paredes extremamente finas, que se estendem anteriormente da fissura orbital superior até o ápice da parte petrosa do temporal posteriormente. O seio recebe sangue das veias oftálmicas superior e inferior, veia cerebral média superficial e seio esfenoparietal. Em cada seio cavernoso estão a artéria carótida interna com seus pequenos ramos, circundados pelo plexo carótico de nervo(s) simpático(s), e o nervo abducente (NC VI). Os nervos oculomotor (NC III) e troclear (NC IV), mais duas das três divisões do nervo trigêmeo (NC V), estão embutidos na parede lateral do seio. 
  9. Seios petrosos superiores: iniciam-se nas extremidades posteriores das veias que formam o seio cavernoso e seguem até os seios transversos no local onde esses seios curvam-se inferiormente para formar os seios sigmóideos. Cada seio petroso superior está situado na área de inserção anterolateral do tentório do cerebelo, que se insere na margem superior da parte petrosa do temporal
  10. Seios petrosos inferiores: começam na extremidade posterior do seio cavernoso inferiormente. Cada um segue em um sulco entre a parte petrosa do temporal e a parte basilar do occipital. 

A visualização de todas os reflexos e seios venosos da dura máter podem ser evidenciados abaixo: 

LEGENDA: O sangue do encéfalo é drenado para os seios da dura-máter. A. O encéfalo e parte da calvária são removidos para mostrar os seios relacionados com a foice do cérebro e o tentório do cerebelo. B. Esta vista do interior da base do crânio mostra a maioria das comunicações dos seios cavernosos e a drenagem da confluência dos seios. C. A orientação e a posição desse corte dos seios cavernosos e o corpo do esfenoide são indicados nas partes A e B. 
FONTE: Moore, Anatomia Orientada para a Clínica, 2018

Aracnóide-máter

Duas das meninges, a aracnóide-máter e a pia-máter (lembre-se que elas formam as leptomeninges) desenvolvem-se a partir de uma única camada de mesênquima que circunda o encéfalo embrionário e forma as partes parietal (aracnoide-máter) e visceral (pia-máter) da leptomeninge. 

Esta derivação entre a aracnoide–pia de uma única camada embrionária é indicada no adulto pelas numerosas trabéculas aracnóideas, semelhantes a teias, que passam entre elas.

As trabéculas das meninges são formadas por fibroblastos achatados, de formato irregular, que formam pontes no espaço subaracnóideo.

Embora fina, a espessura da aracnoide-máter é suficiente para que seja manipulada com pinça. Além disso, é avascular e embora esteja intimamente aplicada à lâmina meníngea da dura-máter, não está inserida na dura-máter. É mantida contra a face interna da dura-máter pela pressão do LCS no espaço subaracnóideo.

Pia-máter

A pia-máter craniana é uma membrana ainda mais fina do que a aracnoide-máter. É muito vascularizada por uma rede de finos capilares sanguíneos. É difícil vê-la, mas ela confere uma aparência brilhante à superfície do encéfalo.

Está aderida à superfície do encéfalo e segue todos os seus contornos. Quando as artérias cerebrais penetram no córtex cerebral, a pia-máter as segue por uma curta distância, formando um revestimento pial e um espaço periarterial. 

Espaços meníngeos: 

Com relação aos espaços formados entre as meninges, tem-se que apenas um existe como espaço real na ausência de doença:

  1. Interface dura-máter + crânio (“espaço” extradural, epidural ou peridural) não é um espaço natural entre o crânio e a lâmina periosteal externa da dura-máter porque a dura-máter está inserida nos ossos. Só se torna um espaço extradural em caso de afecção (p. ex., quando o sangue proveniente da ruptura de vasos meníngeos afasta o periósteo do crânio). 
  2. Interface dura-máter + aracnoide-máter (“espaço subdural”) não é um espaço natural entre as duas camadas, surgindo em virtude de traumatismo, como um golpe forte na cabeça (hematoma subdural).
  3. Interface aracnoide-máter + pia-máter (“espaço subaracnóideo”), único espaço real que contém LCS, células trabeculares, artérias e veias e que se manifesta normalmente, sem necessidade de de coleção sanguinolenta.

Embora muitas vezes se afirme que o encéfalo “flutue” no LCS, ele mantém fixo e suspenso no espaço subaracnóideo (cheio de LCS!) pelas trabéculas aracnóideas.

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Referências:

  • Moore, Keith L. Anatomia orientada para a clínica / Keith L. Moore, Arthur F. Dalley, Anne M. R. Agur ; tradução Claudia Lúcia Caetano de Araújo. – 8. ed. – Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2019.: il. Tradução de: Clinically oriented anatomy // ISBN 978-85-277-3459-2