Paliativismo no Covid-19 | Colunistas

Índice

1- Feridas abertas

Temos visto o mundo em alerta por um vírus que
vem desestruturando vários muros que, teoricamente, eram muito bem delimitados.
O COVID-19 está causando uma grande crise humanitária, que além das fronteiras
da saúde, permeia todas as áreas desde as mais humanísticas até as mais
exatas… vem relembrar que somos mortais.

Atul Gawade em “Mortais. Nós, a medicina e o que
realmente importa” reflete sobre como o avanço médico científico mudou o curso
e a qualidade de vida, aumentando as expectativas de vidas e trazendo maneiras diferentes
de cuidado; escancarou uma ferida aberta no ensino e atuação em saúde,
mostrando a beleza do cuidado paliativo.

2- Cuidado paliativo (CP)

O cuidado paliativo surgiu numa fundação europeia
em 1997. A Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2007 ampliou a definição do
conceito para:


“Cuidados Paliativos são uma
abordagem para melhoria da qualidade de vida de pacientes e familiares que enfrentem
uma doença ameaçadora da vida, através da prevenção e do alívio do sofrimento,
através da identificação precoce e impecável avaliação e tratamento da dor e
outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais.”

  No SUS, atualmente, é uma área de
atuação em saúde médica.

3- COVID-19 x paliativismo

A crise atual antecipou a tendência de pensar em
cuidados na esfera da morte, todos susceptíveis à pandemia que assombra,
inclusive temerosamente, a área da saúde. Poucos são os profissionais e
instituições que direcionam sobre esse tema durante a formação, aquelas feridas
foram abertas e muitas vezes conhecidas como fracasso.  

O cuidado paliativo traz uma perspectiva de
melhoria nesse território. Atualmente há escassez de especialistas, e inserir
os princípios do paliativismo incorporados na atual crise direciona uma melhor
maneira do profissional não especialista, o paciente e a família a entender e
apoiar em meio de tantas incertezas que sucumbe essa doença.

3.1 Princípios

As breves linhas sobre os princípios de uma
grande área de atuação devem ser refletidas e planejadas dentro do contexto clínico
e hospitalário que cada profissional se encontra. 

Aliviar os sintomas

Isso não retira o tratamento de manutenção à
vida, mas lembra de abordar os alívios dos sintomas de pacientes com COVID-19.
Sejam práticas farmacológicas ou não, como um simples reposicionamento da maca,
atender necessidades sociais, espirituais e emocionais do distanciamento dos
entes queridos.

Prestar o atendimento centrado no paciente

Significa dar uma assistência na qual a opinião
do paciente importa, refletindo sobre seus objetivos e anseios pessoais; caso o
mesmo encontre-se incapacitado, deve ser o familiar tomador de decisões. Nas circunstâncias
atuais onde o sistema de saúde enfrenta tensões onde o foco da atenção exclusiva
do paciente possa migrar para o bem social, sobre locações de recursos e
proteção, o médico é desafiado a fazer tamanho esforço de respeitar as preferências do seu
paciente.

Cuidar de pacientes e familiares

A necessidade de comunicação e
transferência de informações é muito importante para o cuidado e incertezas,
mesmo com a limitação de encontros e visitas, a tecnologia vem ajudando nessa
parte. Essa comunicação nunca foi tão difícil, encontrar as melhores palavras
para um prognóstico ou uma notícia desagradável nunca foi fácil; acrescentado o
contexto do COVID-19 que expandiu a necessidade de aperfeiçoar esse ponto,
existem guias de cuidados paliativos para ajudar os médicos não especialistas a
enfrentarem a situação de uma maneira melhor.

  Recorrer a uma equipe multidisciplinar

Várias áreas da saúde incluem
especializações de cuidado paliativo, saber se alguém do time é especialista ou
sabe sobre o tema ajuda e muito! Trabalho multidisciplinar melhora todos os
outros princípios, assumir as funções de cada um é demasiadamente importante no
atual contexto de crise onde profissionais também estão escassos.

Nem todos os casos de COVID-19 terão necessidade de um cuidado paliativo, mas ter uma ideia sobre o tema irá ajudar a tomada de melhores decisões pelo médico e sua equipe.

Autora: Kelly Rossi, Estudante de Medicina

Instagram: @kellycarossi

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