Estudo randomizado mostra que hidroxicloquina não é eficaz na terapêutica de pacientes com casos leves de COVID-19, apresentando também efeitos adversos significativos.
Com base na premissa de que não há terapias orais para a COVID-19 leve até o momento, em estágios precoces da doença, um estudo publicado na American College of Physicians, o “Hidroxicloroquina em adultos não hospitalizados com Covid-19 precoce”, avaliou o uso da hidroxicloroquina neste grupo de pacientes.
Qual a importância desse estudo?
Você já deve ter ouvido falar em outros estudos que concluíram o mesmo ponto. A questão é que este estudo é randomizado e duplo-cego.
Um estudo randomizado é aquele no qual os pacientes são distribuídos aleatoriamente nos grupos de estudo (no caso, entre o grupo com uso de hidroxicloroquina e o grupo com uso de placebo). Assim, as variáveis confundidoras também se distribuem igualmente ao acaso!
Como foi a metodologia?
Os pacientes incluídos no estudo (N=423) foram aqueles com infecção confirmada pelo Sars-CoV-2 (81%) ou pacientes com alto risco de exposição (contato com paciente infectado) e suspeita clínica, ambos sintomáticos e não hospitalizados, com 4 dias de início dos sintomas.
Um grupo de pacientes recebeu a hidroxicloroquina (uma dose de 800mg, seguida por 600mg em 6 a 8 horas, e então 600mg/ dia durante 4 dias) e o outro recebeu um placebo.
O objetivo consistiu em avaliar a gravidade dos sintomas ao longo de 14 dias.
O que concluiu o estudo?
Ao longo dos 14 dias, não foi verificada diferença significativa no que concerne à gravidade dos sintomas entre o grupo que recebeu a hidroxicloroquina e o grupo placebo.
43% dos pacientes que receberam hidroxicloroquina também apresentaram efeitos adversos (92/ 212 pacientes).
Desse modo, o estudo conclui que a hidroxicloroquina não foi eficiente em reduzir de modo importante a gravidade dos sintomas em pacientes sintomáticos, não-hospitalizados com doença leve ou precoce.
Enquanto limitações do estudo, pontua-se que apenas 58% dos pacientes receberam o teste para Sars-CoV-2, dada a escassez destes nos EUA.
Referência
- Hydroxychloroquine in Nonhospitalized Adults With Early COVID-19. https://doi.org/10.7326/M20-4207