Carreira em Medicina

Casos Clínicos: Emergências Hipertensivas | Ligas

Casos Clínicos: Emergências Hipertensivas | Ligas

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Área: Cardiologia

Autor: Camila de Souza Caputo

Revisor: Ariane Silva

Orientador: André Lopes Ferreira

Liga: Liga Acadêmica de Medicina de Família e Comunidade (Lamfec)

Apresentação do Caso Clínico

Paciente do sexo feminino, 66 anos, preta, dona de casa, residente e procedente de Penápolis, São Paulo, procurou o posto de saúde com queixa de tontura, cefaléia occipital e dor epigástrica em queimação. Paciente relata que os sintomas começaram após o almoço, cerca de 2 horas antes de procurar o serviço de saúde e que utilizou um anti-ácido sem melhora do quadro. Relata hipertensão em uso de losartana 50mg 12/12h e diabetes em uso de glifage XR 500mg uma vez ao dia. Nega alergias. Relata que mãe faleceu de AVC e pai era hipertenso.

Ao exame, paciente apresentava-se em regular estado geral, queixando-se de muita dor, orientada no tempo e espaço, corada, hidratada, eupneica (16 irpm), acianótica, afebril, levemente taquicardica (110 bpm) e hipertensa (210×120 mmhg). Aparelho respiratório com murmúrio vesicular presente, sem ruídos adventícios. Aparelho cardiovascular com ritmo cardíaco regular em 2 tempos, bulhas normofonéticas, sem presença de sopros. Abdome globoso, flácido, indolor a palpação, fígado e baço não palpáveis, com ruídos hidroaéreos presentes. Pulsos palpáveis em extremidades.

A paciente foi orientada a fazer um eletrocardiograma e a colher um hemograma dosando CKMB e troponina. O eletro apresenta-se a seguir:

Fonte: https://pebmed.com.br/sindrome-coronariana-com-supra-st-como-avaliar-o-eletrocardiograma/

Após avaliação do ECG, a paciente foi encaminhada para o PS local, onde foi tratada.

QUESTÕES PARA ORIENTAR A DISCUSSÃO

  1. Qual o diagnóstico sindrômico?
  2. Qual a diferença entre Urgência hipertensiva e Emergência hipertensa? Nesse caso, estamos diante de qual situação?
  3. Cite dois diagnósticos diferenciais.
  4. Qual o tratamento possível nesse caso?

RESPOSTAS

  1. Síndrome Coronariana Aguda com Supra de ST.
  2. As urgências hipertensivas são caracterizadas por uma elevação súbita e inapropriada da PA sistólica >=180mmhg e diastólica >=120 mmhg sem lesão de órgão alvo, mas com risco potencial e o tratamento é feito com anti-hipertensivos orais. Temos como exemplo de urgência hipertensiva as seguintes situações: pré-eclampsia, aneurisma de aorta, AVE isquêmico (prévio) e IC. Já as emergências hipertensivas também caracterizam-se por uma elevação súbita e inapropriada da PA sistólica >= 180 e diastólica >= 120, sendo que na emergência temos lesão de órgão alvo com potencial risco de vida e o tratamento é feito com anti-hipertensivos parenterais. Alguns exemplos de emergência hipertensiva são: Dissecção aguda de aorta, edema agudo de pulmão, síndromes coronarianas agudas e eclampsia. No caso descrito, estamos diante de uma síndrome coronariana aguda, caracterizando uma emergência hipertensiva.
  3. Dissecção aguda de aorta e miocardite.
  4. Como se trata de uma emergência hipertensiva devido a uma síndrome coronariana aguda, não devemos reduzir a pressão mais do que 30% inicialmente, pois a redução brusca pode reduzir a perfusão coronariana. Dizer que um paciente tem síndrome coronariana com supra de ST, significa dizer que todo o vaso está ocluído pelo trombo, sendo assim, necessariamente, o paciente precisará realizar a reperfusão coronária. Inicialmente,quando suspeitamos de IAM, o eletrocardiograma deve ser feito em 10 minutos. Fazemos AAS, clopidogrel, colocamos na monitorização, oxigênio e fazemos nitrato sublingual (pra controle da dor e hipertensão) – excluir infarto de VD e uso de sildenafil nas últimas 24hrs. Caso o paciente continue com dor, podemos fazer morfina. Também podemos utilizar betabloqueador pra controle da dor. A reperfusão coronária é feita através de trombólise ou angioplastia, ambas tem suas indicações. Opta-se pela angioplastia quando o tempo para realizá-la for menor que 90 minutos – se houver como o paciente fazer na unidade em que se encontra e 120 minutos quando há necessidade de transporte, do contrário, faz-se trombólise (salvo contra-indicações). A trombólise deve ser realizada, de preferência, nos primeiros 30 minutos da chegada do paciente na unidade. Caso não seja possível, pode ser feita até nas primeiras 12 horas. Entre as contra indicações absolutas para trombólise, estão: qualquer sangramento intracraniano; AVC isquêmico nos últimos 3 meses; dano ou neoplasia no sistema nervoso central; trauma significante na cabeça ou rosto nos últimos 3 meses; sangramento ativo (exceto menstruação); qualquer lesão vascular cerebral conhecida; e suspeita de dissecção de aorta.