Carreira em Medicina

Caso Clínico de Enfisema Pulmonar | Ligas

Caso Clínico de Enfisema Pulmonar | Ligas

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B.C.S, 73 anos, sexo masculino, branco, viúvo, aposentado, espírita, natural da cidade de Recife – Pernambuco, residente de Duque de Caxias – Rio de Janeiro.

Paciente procurou atendimento na Clínica da Família, queixando-se de dispneia, apresentada há 6 meses, aos pequenos esforços, com piora na última semana, comprometendo suas atividades diárias. Além disso, relatou ter insônia de manutenção acompanhada de apneia e vem apresentando tosse produtiva há mais de 3 semanas.  Durante a consulta com o médico plantonista, admitiu ser tabagista há 40 anos, com carga tabágica média de 40 maços/ano. Além disso, B.C.S relatou que trabalhou por muitos anos em uma fábrica de carvão, na sua cidade de origem. Foi solicitado exame de imagem e teste da função pulmonar.

Durante a ectoscopia e exame físico, o paciente apresentou fácies hipocrática, permanecendo em posição ortostática, revelando mal estado geral, com sarcopenia visível, estando hipocorado, cianótico, anictérico e desidratado. Entretanto, estava lúcido e orientado no tempo e no espaço. Ao exame do aparelho respiratório, foi evidenciada expiração prolongada, utilização da musculatura acessória e tórax em tonel. Durante a palpação, apresentou diminuição da expansibilidade e FTV diminuído. Na percussão, houve hiperessonância e limite inferior de ambos os pulmões rebaixados. Durante a ausculta, apresentou MV diminuído, prolongamento da expiração, além de roncos e sibilos.

SINAIS VITAIS : FC: 102 bpm; FR: 29 irpm ; PA: 120x 90 mmHg em MSD sentado; saturação: 89%; Tax: 36 °C e IMC: 17,9 kg/m²

Hipóteses Diagnósticas

  • Enfisema Pulmonar
  • Bronquite
  • Asma

Exames

  • Oximetria de pulso
  • Raio-x de Tórax
  • Teste da função pulmonar – Espirometria

Diagnóstico e tratamento

Com o auxílio dos exames complementares, pode-se fechar o diagnóstico de Enfisema Pulmonar, com comprometimento da função pulmonar classificada como moderada: VEF1
/CVF < 0,70, 50% ≤ VEF1 < 80% do previsto. O tratamento foi iniciado com uso de broncodilatadores, anti-inflamatórios e MEV.

Questões para direcionar a discussão

  1. Qual a Fisiopatologia do Enfisema?
  2. Quais são os achados radiológicos clássicos de um quadro de Enfisema?
  3. Quais exames podem ser solicitados para avaliar a função respiratória?

Respostas

  1. Qual a Fisiopatologia do Enfisema?

O enfisema é caracterizado por aumento anormal dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, com destruição das paredes alveolares, mas sem fibrose evidente. Bronquíolos terminais, que são as vias aéreas não alveoladas mais distais dentro da árvore brônquica, fornecem ventilação para uma unidade de pulmão que é denominada ácino. Distais aos bronquíolos terminais há duas ou três gerações de bronquíolos
respiratórios parcialmente alveolados e, então, a zona alveolar, onde a maioria das trocas gasosas ocorre. Espaços aéreos podem crescer por toda a zona alveolada devido à destruição ou rearranjo de suas paredes.

Enfisema humano consiste em dois subgrupos principais. Enfisema centroacinar se localiza nos bronquíolos respiratórios logo distais aos bronquíolos terminais, enquanto o restante do ácino é em grande parte preservado. As lesões individuais, que podem ter até 10 mm de diâmetro, tendem a ser mais proeminentes no lobo superior. Enfisema centroacinar grave é quase sempre relacionado ao tabagismo, mas há enfisema
centroacinar leve que pode ocorrer a partir de outras exposições ambientais. Áreas focais de inflamação, fibrose e pigmento carbonáceo estão comumente presentes nas paredes alveolares e bronquiolares adjacentes.

No enfisema panacinar, ductos alveolares são difusamente aumentados; os alvéolos adjacentes podem ser destruídos a tal ponto que unidades individuais não podem mais ser identificadas. Com a progressão da doença, as lesões individuais podem coalescer para formar bolhas grandes.

Enfisema panacinar, que é típico da grave deficiência de α1-antitripsina, também ocorre comumente em pacientes nos quais o principal fator de risco para a DPOC é o tabagismo. A maioria dos pacientes com DPOC grave parece ter elementos mistos de centroacinar e enfisema panacinar, e subtipos individuais não podem ser confiavelmente distinguidos na doença avançada.

2. Quais são os achados radiológicos clássicos de um quadro de Enfisema?

Radiografia constatando enfisema pulmonar

Os sinais comuns de DPOC grave em uma radiografia de tórax incluem pulmões hiperinsuflados, diafragmas retificados e espaço claro retroesternal aumentados.

3. Quais exames podem ser solicitados para avaliar a função respiratória?

Exames que façam a avaliação espirométrica e gasométrica, como espirometria e oximetria, respectivamente.

Autores e revisores

Autor: Bianca Teodoro e Osmar Régis

Revisor: Raíza Pereira

Orientador: André Lopes

Liga: Liga Acadêmica de Medicina da Família e Comunidade – LAMFEC (Estácio Cittá – RJ)

O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


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Referências

BETHLEM, Newton. PNEUMOLOGIA. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2002Rocco, R. Semiologia Médica. Elsevier, 1ª edição, 2010.

GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis (Ed.). CECIL MEDICINA. 25ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. 2v.

PORTO, Celmo Celeno. SEMIOLOGIA MÉDICA. 7ª ed. Rio de Janeiro: GUANABARA KOOGAN, 2014