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Respostas para as dúvidas mais comuns sobre a aplicação da CoronaVac

Respostas para as dúvidas mais comuns sobre a aplicação da CoronaVac

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No início de 2021, muitos vibraram ao receber a notícia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sobre a liberação emergencial de lotes da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac Life Science, empresa biofarmacêutica chinesa. Enquanto isso, uma parcela da população se manteve em negação sobre a eficácia da mesma. Mas, afinal, o que a ciência diz sobre a vacina adsorvida COVID-19 e quais são as dúvidas mais recorrentes sobre aplicação?

A vacina adsorvida covid-19 (inativada) é indicada para imunização ativa, a fim de prevenir contra casos de COVID-19, doença pandêmica atual causada pelo vírus SARS-CoV-2, com público alvo em indivíduos maiores de 18 anos que sejam suscetíveis ao vírus.

É necessário receber 2 doses para ter o esquema vacinal completo e obter resposta imune esperada para a prevenção de COVID-19. A proteção em indivíduos com esquemas incompletos não foi avaliada.

Como funciona a aplicação?

Serão aplicadas 2 doses de 0,5 mL com intervalo de 2 a 4 semanas entre as doses. Administração da vacina se dá na região deltoide, parte superior do braço, por via intramuscular.

Mas afinal, se o vírus está na vacina, vou ficar doente se tomar?

A resposta é NÃO. Assim como em alguns outros tipos de vacinas, o vírus SARS-COV-2 (cepa CZ02), ou simplesmente, o vírus da COVID-19, está “morto”. Acontece que é adicionado ao vírus algumas substâncias químicas que não permitem que ele cause a doença. Após isso, ainda é adicionado ao vírus o hidróxido de alumínio, uma substância que vai ajudar as nossas células de defesa (linfócitos T e B) a reconhecer o vírus e produzir uma proteção (anticorpos) contra o mesmo. Dessa forma, se o seu corpo se encontrar com o COVID-19, ele conseguirá combater mais rápido e de forma melhor o vírus, antes que ele se replique suficientemente para causar sintomas da doença ou a doença grave ou, ainda, a morte.

Tomando a vacina eu fico 100% protegido contra o COVID-19?

Não. A vacina diminui o risco de desenvolver a COVID-19, entretanto nenhuma vacina é 100% eficaz, mas os riscos de ter a forma grave da doença são muito menores em função da vacinação.

Assim que tomar a vacina já posso ir em festas e visitar familiares?

Infelizmente, não. Isso ocorre porque leva um tempo para que seu corpo produza os anticorpos (proteção) contra o Coronavírus, além disso, são necessárias 2 doses da vacina, com intervalo de 14 a 28 dias.  E, mesmo assim, ainda há risco de contaminar outras pessoas, caso você contraia o vírus, por isso as medidas de biossegurança para profissionais da saúde e de prevenção pela população devem ser mantidas (uso de máscara e higienização das mãos com álcool ou água e sabão).

Peguei COVID-19 e agora quanto tempo preciso esperar para tomar a vacina?

Pelo menos até 7 dias após melhora dos sintomas agudos.

Tomo imunossupressores, posso tomar a vacina?

Nesse caso, a vacina não terá o efeito esperado. Uma vez que, para ter eficácia, o organismo precisa gerar uma resposta imune contra o vírus inativado da vacina. Por isso, avalie com seu médico(a) se você deve ou não iniciar o esquema vacinal.

Quem NÃO PODE receber a vacina contra SARS-COV-2?

Menores de 18 anos de idade.

Pessoas que apresentaram reação anafilática a dose anterior da vacina.

Pessoas alérgicas a qualquer componente da vacina.

Pessoas com sintomas agudos de COVID-19.

Em mulheres grávidas, deve-se avaliar o risco/benefício.

FakeNews (notícias falsas) sobre a CoronaVac

Apesar dos esclarecimentos acima e em muitos outros veículos de informação, algumas FakeNews surgiram em torno do assunto e se espalharam rapidamente pelas redes, dentre elas, algumas das citadas a seguir: que a vacina vem com chips manipuladores que podem causar câncer e AIDS ou ainda alterar o DNA humano. É importante saber que nenhum desses apontamentos são verdadeiros.

Não há nenhum chip dentro do líquido vacinal; O HIV, vírus que pode acarretar na doença AIDS, é transmitido de forma sexual ou através do aleitamento materno de mães contaminadas e com alta carga viral ou através de materiais contaminados (os materiais para aplicação da vacina são seguros e descartáveis).

Há vários fatores associados que levam ao possível desenvolvimento do câncer (tabagismo, etilismo, hereditariedade, exposição aos raios UV sem proteção, etc.), entretanto não há indicativos que vinculem a vacina ao desenvolvimento de câncer.

Para ocorrer alteração do DNA, deve ocorrer injúria no núcleo da célula, onde há a presença de material genético. O local de ação dos componentes da vacina não é onde está abrigado o DNA, por isso, não há motivos científicos para acreditar que há mudança do genoma no uso das duas doses vacinais.

Quaisquer notícias recebidas em redes sociais como Whatsapp, Facebook e Twitter podem ser verificadas e comparadas em veículos de confiança, como os sites da Anvisa e do Instituto Butantan, esse último possui a bula da vacina CoronoVac em versão para pacientes e para profissionais da saúde. A bula da vacina não foi disponibilizada nos postos de saúde, onde estão ocorrendo as aplicações, pois a vacina adsorvida covid-19 foi aprovada em caráter emergencial, assim, há prioridade na logística.


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referências:

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Instituto Butantan

BBC News – Brasil